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05 julho 2011

"Arrenúncia"?!... Não havia necessidade


créditos: Daniel Rocha - Público
"Arrenúncia" expressão portuguesa, faz parte da tradição de um dos jogos mais populares de Portugal – a Sueca, e que significa, de forma linear, a necessidade “atirar a toalha ao chão” por não haver alternativas para ganhar o jogo.
Tal e qual como em alguns casos da política nacional.
E que Fernando Nobre tão bem soube dar expressão: Fernando Nobre renuncia ao mandato de deputado fonte: jornal Público). Chegando ao “cúmulo” de informar apenas, segundo a informação recolhida pelo Público, os serviços de apoio da Assembleia e não há bancada parlamentar (embora tenha informado Passos Coelho).
Sobre este “triste” episódio político ainda do tempo da campanha eleitoral e que, pensariam muitos, teria terminado, em sede parlamentar, com o chumbo eleitoral da candidatura de Nobre ao lugar de Presidente da Assembleia da República, no primeiro dia dos trabalhos legislativos, já me debrucei aqui e aqui.
No entanto, a decisão de renúncia ao mandato parlamentar para o qual foi eleito pelo povo (e logo como cabeça de lista no círculo eleitoral de Lisboa), embora seja uma questão do fórum pessoal e, pasme-se, de alguma coerência com o que havia afirmado durante a campanha eleitoral (só se manteria no Parlamento se fosse eleito Presidente da Assembleia da República), não deixa de ter uma relevância determinante… e se quisermos ir mais longe, aqui sim (ao contrário do que sucedeu na sua não eleição) algum reflexo político-partidário.
Até porque, face a todas as circunstâncias e incidentes, este é uma machada na imagem e credibilidade da democracia, dos políticos, dos partidos e das próprias instituições (por exemplo, a AMI).
E a razão, ou fundamentação, é de uma simplicidade, se quisermos, perversa: Fernando Nobre não quer saber de política, dos partidos (mesmo que tenham sido estes a dar-lhe a “mão” – apesar de tudo o BE em 2005 e agora o PSD), das Instituições e, no caso, do papel e do simbolismo do Parlamento. Mais grave… não quer saber da própria democracia já que, pura e simplesmente, deitou ao lixo todos os votos que foram depositados, pelo povo, em seu nome. Política, megalomanias, ânsias do poder… é mistura explosiva e, normalmente, faz estragos.
Com tudo isto, ficou claro a suspeição de muitos, incluindo a minha: Fernando Nobre só tinha um propósito em todo este processo: levar a cabo uma agenda política própria: 1º apostar num partido ganhador; 2º ser eleito deputado; 3º ser eleito Presidente da Assembleia da República; 4º marcar o seu mandato como tal; 5º ganhar projecção para nova candidatura à Presidência da República.
Por fim, Fernando Nobre refere na carta remetida à Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que “é com alguma tristeza que me afasto das funções de recém-eleito deputado, mas estou certo e ciente de que serei, como já referi, mais útil aos portugueses, a Portugal e ao mundo na acção cívica e humanitária que constitui a minha marca identitária”.
Se assim é para quê isto tudo?! Com dizia o “outro”: não havia necessidade!

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