“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

11 fevereiro 2011

Um despropósito político...


O Bloco de Esquerda, pela voz do seu coordenador Francisco Louçã, referiu na sessão de ontem da Assembleia da República que, no próximo dia 10 de Março (no dia imediato ao da tomada de posse do Presidente da República), o seu partido apresentará uma Moção de Censura ao governo socialista. Resumidamente porque José Sócrates não aceitou o repto lançado pelo líder bloquista de apresentar, no parlamento, uma Moção de Confiança.
Um enorme tiro no pé. Ou melhor… nos dois pés, simultaneamente.
Principalmente porque foi de um desespero político desastroso, de total inocência política, perfeitamente fora de timing e de força contextual.

(fonte fotográfica: DN)
Além disso, Francisco Louçã cai, em menos de uma semana, em total incoerência. Quando o Partido Comunista coloca uma eventual apresentação de uma moção (sem a confirmar em pleno), Louçã clama a todos os ventos que a moção é despropositada e inconsequente. Borrifando-se completamente para o que afirmou publicamente em relação à proposta do PCP, vem agora contrariar-se e publicitar a sua Moção.
Segundo erro… uma Moção não se publicita, apresenta-se no momento certo, discute-se com forte argumentação e projecta-se o futuro (consequências). Publicitar, com um mês de antecedência, o que se vai fazer é deitar por terra qualquer factor surpresa, permitir aos outros partidos a construção de uma eficaz oposição, e é correr, desnecessariamente, o risco das condições que fundamentaram a publicitação da moção se alterarem.

Por outro lado, e mais relevante, a forma como Louçã anuncia a moção só tem duas consequências óbvias: ou o PSD deixa passar a moção, provocando eleições antecipadas, o que lançaria sobre o Bloco de Esquerda o fantasma histórico do que aconteceu ao PRD em 1987; ou, pelas afirmações de Luís Fazenda após o anuncio de Louçã (como que a tentar minimizar os estragos evidentes) onde é afirmado que a moção é contra o governo e contra a direita, a moção é rejeitada (hipótese mais provável) o que só vem reforçar a posição do governo e de José Sócrates, e o papel de oposição, nomeadamente, do PSD.

Portanto, Francisco Louçã jogou politicamente muito mal, tal como o fez nas presidenciais. Ficou refém da sua própria posição (do próprio veneno). Mas pelos vistos não apreendeu nada… E tão amigos que eles eram há um mês atrás!!!!

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