“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

03 maio 2011

Anúncio Troikado... a minha decepção.

foto: Mário Cruz / Lusa
Ao final da tarde a comunicação social deixava o país suspenso com o anúncio da declaração de José Sócrates à nação para a apresentação das medidas previstas no pacote de negociação ao apoio do FMI.
Era expectável que José Sócrates (curiosamente, ou não, ladeado por Teixeira dos Santos) dissesse aos portugueses quais as medidas de mais sacrifício serão impostas.
Mas nada disso... O Primeiro-ministro demissionário apenas veio informar algumas medidas que não estarão previstas no "pacote FMI" e deixar recados. Curiosamente, demasiados recados. Principalmente para o PSD e Pedro Passos Coelho.
E mesmo sem nada dizer em relação ao que seria de esperar, o que é um facto é que o PSD e Passos Coelho perderam "pontos" e argumentação: o silêncio quanto a propostas alternativas reais e concretas, os demasiados tiros no pés, erros de estratégia, anúncios avulsos de medidas desestruturadas, erros de previsões.
Ao que tudo indica, o PEC IV é, em todo, a "moeda" de troca do resgate financeiro FMI.
E José Sócrates antecipa o que será a sua bandeira eleitoral, face a um inexplicável silêncio e apatia social-democrata:.

(do discurso)
O acordo que o Governo conseguiu:
Não mexe no 13.º mês, nem no 14.º mês, nem os substitui por nenhum título de poupança;
Não mexe no 13.º mês, nem no 14.º mês dos reformados;
Não tem mais cortes nos salários da função pública;
Não prevê a redução do salário mínimo;
Não corta nas pensões acima dos 600 euros - mas apenas nas pensões mais altas, acima dos 1 500 euros, como se fez este ano nos salários e como estava previsto no PEC.
Não terá de haver nenhuma revisão constitucional;
Não haverá despedimentos na função pública;
Não haverá despedimentos sem justa causa;
Não haverá privatização da Caixa Geral de Depósitos;
Não haverá privatização da segurança social, nem plafonamento das contribuições, nem alterações à idade legal de reforma
.

Este é um programa para três anos que define metas para uma redução mais gradual do défice: 5,9% do PIB este ano, 4,5% em 2012 e 3% em 2013.

A ausência de negociação e de medidas concretas por parte do PSD, a anulação de pontos fracos nas medidas e políticas do Governo, deixam o partido numa desvantagem muito difícil de recuperar para que o dia 5 de Junho se traduza numa vitória (aparentemente mais distante).

Como dizia o Hélder Vicente, no twitter: "a estratégia é simples, lança-se o pânico (cria-se a crise política, vitimiza-se, sacode-se a água do capote) e com a ajuda dos amigos (Merkel, UE, FMI) apresenta-se como salvador" .

A ver vamos o que a "Troika" confirma ou desmente na apresentação real e concreta do "pacote" negocial.

E o ex-ministro das Finanças, Eduardo Catroga, não tem prestado um bom serviço ao partido. Já não bastava a reivindicação por fascículos, vem agora reclamar louros que todos sabem que não teve, principalmente face a um processo negocial que sempre declarou desconhecer. Já não bastava um "Nobre"...

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