blá blá blá blá...
Em qualquer página de um jornal, num qualquer programa de rádio ou num espaço televisivo da programção dos diversos canais, há a referência ao falecimento do bébé de 2 meses em Anadia.
Acusa o Governo, mais concretamente o Primeiro-Ministro, de estarem a fazer aproveitamento político da tragédia que se abateu sobre aquela família.
Mas a pergunta impõe-se: aproveitamento de quem? Dos cidadãos preocupados com a sua saúde, da oposição por cumprir o seu papel de contra-poder e alertar para uma política da saúde que coloque o país em "coma"? Ou o aproveitamento político do governo, para não querer enfrentar os factos e fugir às responsabilidades?
Mais, na próxima 5ª feira, no Diário de Aveiro. Se a saúde mo permitir, claro...
7 comentários:
O "inginheiro" esqueceu-se de dizer que, se as urências estivessem abertas 24 por dia, talvez os pais lá tivessem ido às 3 ou 4 da manhã e não às 8 e 15.
Abraço
Claro que, infelizmente, o bebé não tinha hipótese em lugar nenhum do mundo. Claro também que a primeira criatura que morresse em Anadia depois da romaria das urgências, fosse um bebé ou um velho de 150 anos com um AVC, ia dar este tipo de folclore. O aproveitamento é isso.
Já que, aparentemente (e eu confio que sim), quer ser sério, deve colocar-se a si próprio uma questão e respondê-la: o Hospital de Anadia tinha (antes da decisão ministerial) condições para salvar a criança?
Isso é que é importante saber, ou seja, saber se alguma decisão política prejudicou a população de Anadia...
Ora, o que todos os especialistas nos dizem (fale com um qualquer médico partidariamente isento, que também o confirmará) é que em Anadia nunca houve verdadeiramente serviço de urgências.
Não é um médico, à noite, sem aparelhos de Raio-X, sem apoio de laboratórios, sem equipamentos de reanimação que perfaz um serviço de urgências.
O que este Governo está a fazer é acabar com as "falsas urgências", com o falso (e, por isso, perigoso) sentimento de segurança e a criar uma rede nacional de verdadeiras urgências.
Já sei que o meu amigo se desfiliou de um partido de direita, mas seguramente não deixou de considerar quem antes considerava: leia o Diário de Notícias de hoje, 21 Janeiro, e leia a "insuspeita" opinião do Prof. João César das Neves que, entre muitas críticas ao Governo, elogia a coragem desta polítca de saúde.
Pode não ser agradável, mas é a política correcta para Portugal... e compete às pessoas com capacidade de análise reflectir e escapar ao sensacionalismo fácil, que pode ser popularucho mas não é sério...
Pense nisso.
Cumprimentos.
o que é que achas que teria sido diferente se a criança fosse atendida no hosp. da Anadia que nem pediatra tem?? na tua opinião teria sido melhor assistida que pela tripulação INEM ? ela ou qualquer outra?
vamos lá falar sem bandeiras no ar..
Didas
Qualquer situação do género que estivesse directamente ligada com o encerramento das urgências, teria que resultar na manifestão de revolta daquelas gentes.
Quem não o faria?
Não costumo responder a comentários anónimos. No entanto, face à forma como aborda a questão(de forma séria, como o diz), cá vai mais uma excepção.
Segundo as informações (quer do próprio ministro, quer do presidente da câmara) foram efectuados elevados investimentos na modernização hospitalar em Anadia (incluindo a questão do Raio X).
Como em muitos hospitais (por exemplo, incluindo o de Aveiro) há situações regulares de transferência de doentes para, também por exemplo, Coimbra - HUC. No entanto, os primeiros cuidados são aqui prestados.
O que não significa, nem eu afirmei isso, que o bébé pudesse ser salvo com o serviço de urgência a funcionar.
O que eu disse, e repito (aliás basta ler o meu artigo no DA) é que se está a desertificar (e não é só na margem sul) o país, iludindo as pessoas e não dando os mesmo direitos a todos. É muito fácil para quem vivem em Lisbo, Coimbra ou Porto, sentir-se segura e ter os cuidados à mão. É muito triste que o resto do país seja paisagem. E isto não é demagogia, é a verdade. Se algo não está correcto ou não funciona, estruture-se, (re)invistasse (que é para isso que serve os nossos impostos). A solução mais fácil para o ministro é pura e simplesmente encerrar, sem cuidar de alternativas eficazes e uma correcta estruturação do sistema.
Quanto às falsas urgências, elas existem em todo o lado. Até mesmo nos grandes hospitais. E nestes, até pelo seu volume, eventualmente em número mais significativo. Fecharam por isso? Não!
Tomando como exemplo o próprio INEM (por quem tenho um enorme respeito pelo trabalho que desenvolvvem e nas condições que o fazem), é sabido, pelos dados estatísticos que regularmente vêm a público, a estupidez (bem portuguesa) do número de falsas chamadas, colocando em risco a vida de muitos outros. Nem por isso se fechou o serviço de assistência.
O facto de as minhas convicções políticas serem as que são, vai-me desculpar, mas não considero o Dr. João César das Neves laguém insuspeito. Aliás, é pessoa pela qual não nutro qualquer empatia.
Obrigado pela visita, e regresse mais vezes (se quisere e puder de forma não anónima)
Cumprimentos
Cristina
Eu não disse que a criança poderia ser salva ou não. Isso é algo que ninguém poderá afirmar. Como também não sei até que ponto não poderia ter acontecido . Isso é futurologia. O facto é que o bebé, infelizmente, faleceu. Seja qual for a lógica argumentativa e a razão que sustentem as distintas opiniões, aproveitar este facto é lamentável. Mas também o governo querer desresponsabilizar-se por uma política de reforma da saúde errada e displicente é grave.
Nem sequer está em causa o profissionalismo da equipa do INEM ou de qualquer equipa do serviço de urgência em qualquer hospital (ainda a funcionar) deste país. Sobre isso, digo-te que sou muito pragamático. Maus e bons profissionais há-os em todo o lado e em qualquer área.
A questão passa pela forma como o SNS está a ser reformulado. Sem respeito pela vida das pessoas (cada vez consideradas meros vlores estatísticos ou financeiros). O que revolta muitas populações é o sentimento de desigualdade, de isolamento, de rejeição, de insegurança.
Reforma-se sem se pensar nas consequências, alternativas e efeitos secundários. Sem reestruturações. Só porque é mais fácil "fechar" do que investir e cuidar.
Sem bem que não é o teu caso, mas é fácil para quem vive no Porto, Lisboa, Faro ou Coimbra, alinhar com as reformas. Têm tudo, mais ou menos, à mão (mesmo que com alguns "senãos"). Mas... e o resto do país?! É só paisagem?!
bjs
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