“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

20 janeiro 2008

Oportunismos...

blá blá blá blá...

Em qualquer página de um jornal, num qualquer programa de rádio ou num espaço televisivo da programção dos diversos canais, há a referência ao falecimento do bébé de 2 meses em Anadia.
Acusa o Governo, mais concretamente o Primeiro-Ministro, de estarem a fazer aproveitamento político da tragédia que se abateu sobre aquela família.
Mas a pergunta impõe-se: aproveitamento de quem? Dos cidadãos preocupados com a sua saúde, da oposição por cumprir o seu papel de contra-poder e alertar para uma política da saúde que coloque o país em "coma"? Ou o aproveitamento político do governo, para não querer enfrentar os factos e fugir às responsabilidades?

Mais, na próxima 5ª feira, no Diário de Aveiro. Se a saúde mo permitir, claro...

7 comentários:

AC disse...

O "inginheiro" esqueceu-se de dizer que, se as urências estivessem abertas 24 por dia, talvez os pais lá tivessem ido às 3 ou 4 da manhã e não às 8 e 15.
Abraço

Didas disse...

Claro que, infelizmente, o bebé não tinha hipótese em lugar nenhum do mundo. Claro também que a primeira criatura que morresse em Anadia depois da romaria das urgências, fosse um bebé ou um velho de 150 anos com um AVC, ia dar este tipo de folclore. O aproveitamento é isso.

Anónimo disse...

Já que, aparentemente (e eu confio que sim), quer ser sério, deve colocar-se a si próprio uma questão e respondê-la: o Hospital de Anadia tinha (antes da decisão ministerial) condições para salvar a criança?
Isso é que é importante saber, ou seja, saber se alguma decisão política prejudicou a população de Anadia...
Ora, o que todos os especialistas nos dizem (fale com um qualquer médico partidariamente isento, que também o confirmará) é que em Anadia nunca houve verdadeiramente serviço de urgências.
Não é um médico, à noite, sem aparelhos de Raio-X, sem apoio de laboratórios, sem equipamentos de reanimação que perfaz um serviço de urgências.
O que este Governo está a fazer é acabar com as "falsas urgências", com o falso (e, por isso, perigoso) sentimento de segurança e a criar uma rede nacional de verdadeiras urgências.
Já sei que o meu amigo se desfiliou de um partido de direita, mas seguramente não deixou de considerar quem antes considerava: leia o Diário de Notícias de hoje, 21 Janeiro, e leia a "insuspeita" opinião do Prof. João César das Neves que, entre muitas críticas ao Governo, elogia a coragem desta polítca de saúde.
Pode não ser agradável, mas é a política correcta para Portugal... e compete às pessoas com capacidade de análise reflectir e escapar ao sensacionalismo fácil, que pode ser popularucho mas não é sério...
Pense nisso.
Cumprimentos.

Cristina disse...

o que é que achas que teria sido diferente se a criança fosse atendida no hosp. da Anadia que nem pediatra tem?? na tua opinião teria sido melhor assistida que pela tripulação INEM ? ela ou qualquer outra?

vamos lá falar sem bandeiras no ar..

Migas (miguel araújo) disse...

Didas
Qualquer situação do género que estivesse directamente ligada com o encerramento das urgências, teria que resultar na manifestão de revolta daquelas gentes.
Quem não o faria?

Migas (miguel araújo) disse...

Não costumo responder a comentários anónimos. No entanto, face à forma como aborda a questão(de forma séria, como o diz), cá vai mais uma excepção.
Segundo as informações (quer do próprio ministro, quer do presidente da câmara) foram efectuados elevados investimentos na modernização hospitalar em Anadia (incluindo a questão do Raio X).
Como em muitos hospitais (por exemplo, incluindo o de Aveiro) há situações regulares de transferência de doentes para, também por exemplo, Coimbra - HUC. No entanto, os primeiros cuidados são aqui prestados.
O que não significa, nem eu afirmei isso, que o bébé pudesse ser salvo com o serviço de urgência a funcionar.
O que eu disse, e repito (aliás basta ler o meu artigo no DA) é que se está a desertificar (e não é só na margem sul) o país, iludindo as pessoas e não dando os mesmo direitos a todos. É muito fácil para quem vivem em Lisbo, Coimbra ou Porto, sentir-se segura e ter os cuidados à mão. É muito triste que o resto do país seja paisagem. E isto não é demagogia, é a verdade. Se algo não está correcto ou não funciona, estruture-se, (re)invistasse (que é para isso que serve os nossos impostos). A solução mais fácil para o ministro é pura e simplesmente encerrar, sem cuidar de alternativas eficazes e uma correcta estruturação do sistema.
Quanto às falsas urgências, elas existem em todo o lado. Até mesmo nos grandes hospitais. E nestes, até pelo seu volume, eventualmente em número mais significativo. Fecharam por isso? Não!
Tomando como exemplo o próprio INEM (por quem tenho um enorme respeito pelo trabalho que desenvolvvem e nas condições que o fazem), é sabido, pelos dados estatísticos que regularmente vêm a público, a estupidez (bem portuguesa) do número de falsas chamadas, colocando em risco a vida de muitos outros. Nem por isso se fechou o serviço de assistência.
O facto de as minhas convicções políticas serem as que são, vai-me desculpar, mas não considero o Dr. João César das Neves laguém insuspeito. Aliás, é pessoa pela qual não nutro qualquer empatia.
Obrigado pela visita, e regresse mais vezes (se quisere e puder de forma não anónima)
Cumprimentos

Migas (miguel araújo) disse...

Cristina
Eu não disse que a criança poderia ser salva ou não. Isso é algo que ninguém poderá afirmar. Como também não sei até que ponto não poderia ter acontecido . Isso é futurologia. O facto é que o bebé, infelizmente, faleceu. Seja qual for a lógica argumentativa e a razão que sustentem as distintas opiniões, aproveitar este facto é lamentável. Mas também o governo querer desresponsabilizar-se por uma política de reforma da saúde errada e displicente é grave.
Nem sequer está em causa o profissionalismo da equipa do INEM ou de qualquer equipa do serviço de urgência em qualquer hospital (ainda a funcionar) deste país. Sobre isso, digo-te que sou muito pragamático. Maus e bons profissionais há-os em todo o lado e em qualquer área.
A questão passa pela forma como o SNS está a ser reformulado. Sem respeito pela vida das pessoas (cada vez consideradas meros vlores estatísticos ou financeiros). O que revolta muitas populações é o sentimento de desigualdade, de isolamento, de rejeição, de insegurança.
Reforma-se sem se pensar nas consequências, alternativas e efeitos secundários. Sem reestruturações. Só porque é mais fácil "fechar" do que investir e cuidar.
Sem bem que não é o teu caso, mas é fácil para quem vive no Porto, Lisboa, Faro ou Coimbra, alinhar com as reformas. Têm tudo, mais ou menos, à mão (mesmo que com alguns "senãos"). Mas... e o resto do país?! É só paisagem?!
bjs