“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

21 outubro 2006

E o povo?! É estúpido, não!

16 de Outubro de 2006. Eram anunciados, para colapso e pânico da maioria dos lares deste país, aumentos tarifários da electricidade de 15,7%.
Obviamente o desespero apoderou-se de muito boa gente, para quem a máquina de calcular é verdadeiramente ineficaz para tanta engenharia financeira no final do mês.
No entanto, como temos um governo formado por ilustres personagens para quem o bem comum é questão de honra, passados meros 4 dias, o Ministro da Economia - o mesmo que em Aveiro anunciou o fim da crise, deixando-nos numa aurea hilariante - anunciava agora que, ponderados todos os prós e contras, a bem do povo, o aumento da electricidade seria apenas de 6%, em 2007.
Portanto, o Governo conseguiu, em 4 dias, encontrar uma verdadeira poção mágica que transformasse o aumento proposto pela Entidade Reguladora, em menos de metade daquele valor.
Ou seja, o Governo conseguiu aumentar a tarifa da electricidade sem grandes conflitos sociais, à custa de uma camuflada manobra de diversão, iludindo os mais distraídos:
"acalme-se o povo. Não vão ser 16%, só apenas 6%."
E o governo pensa que o povo ainda é estúpido e analfabeto. A electricidade vai aumentar 6% em 2007 e a liberalização do sector não vai trazer nenhum benefício ao consumidor.
A engenharia financeira doméstica vai ser mais exigente... em 6%. Para já.
À parte...
Das duas, três! Ou acabam com as Entidades Reguladoras ou o Ministro Manuel Pinho deixa o governo. As duas coisas já há muito provaram serem incompatíveis.

1 comentário:

AC disse...

Num sítio onde os salários – já baixos – sobem 1,5% ano, e a inflação deve acabar lá para os 3%, a táctica é simples; é o método do bom e do mau usado em negociação. O mau (a entidade reguladora) atira-se o número para o ar e espera. Quando o benemérito governo (o bom) diz intervir para baixar o primeiro número, o povo além de aceitar o que vier, ainda fica agradecido.

Resultado: ordenadito 1,5%..., conta da luz…, o que for.

Esta é velha, nem com os planos tecnológicos inventaram alguma coisa nova.