“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

26 fevereiro 2006

E SE

"E se..." é uma expressão que traduz o maior dos dilemas humanos.
Será que sim ou que não?! Poderá ou não?! Verdadeiro ou falso?! Real ou imaginário?!
As questões relacionadas com a infelicidade humana, provocaram, desde sempre, um certo irracionalismo colectivo mas simultaneamente uma união comunitária quando solicitada.
Expressão prática do que afirmei é a "facilidade" (às vezes não inocente) com que brotam campanhas de solidariedade (nacionais ou internacionais) e a forma rápida com que os portugueses a elas aderem.
No que respeita às crianças e jovens, tal sentimentalismo solidário ganha, claramente, outra dimensão. Ficamos mais sensíveis, muito dificilmente indiferentes, mesmo que não participativos.
É o caso das situações de mal-tratos, da pedofilia e do homícidio ou mesmo da morte involuntária.
É a apreensão e a inquietação que nos provocam todas as notícias relacionadas com esses factos.
Recebemos inúmeros e-mail's, em casa, no trabalho, de desconhecidos, amigos e colegas com solicitações de apoios no âmbito da saúde e de informações sobre paradeiros desconhecidos.
Confesso que até à bem pouco tempo (cerca de 5 anos), a sensibilização que tais solicitações me provocavam eram diminutas, situando-se no âmbito do comentário restrito ou da simples "pena".
Mas há algo que nos faz mudar.
Dois importantes pormenores:
1. E se isso não acontece só aos outros?!
2. Passamos a ser Pai. E aqui a inquietação é muito, mas mesmo muito, maior. Ficamos mais sensíveis, às vezes menos racionais, muito mais emotivos e protectores.
Só tenho (!) 40 anos... por isso não me assombra a "máxima" - no meu tempo...
Mas, lembro-me, com clara nitidez, das minhas brincadeiras de rua com 5-6-...-10 anos. Jogávamos futebol na estrada, andávamos de bicicleta (mesmo antes das bugas) pelo meio da rua, saltávamos muros, jogávamos a tudo e mais alguma coisa.
Lembro-me de, ainda na pré-primária, me deslocar sózinho de casa (junto ao antigo quartel) até ao conservatório. Hoje vejo inúmeros colegas e amigos meus, também eles com filhos, a fazerem 50/100 metros a pé (e pasme-se... de carro) a acompanharem as crianças à escola primária e a irem buscá-las no final das aulas.
Hoje paira um medo e uma intranquilidade, que há pouco mais de 25 anos não se imaginaria.
Hoje as nossas crianças (a minha tem quase 6 anos) não andam na rua sem a nossa sombra.
E mesmo assim... ouvimos notícias que nos chocam quase diariamente.
Por isso, e porque me tornei Pai "choramingas" e "galinha", faço referência ao site - Porto XXI, que lançou na 'net' (Link) um espaço - Projecto Esperança, ainda em fase experimental, de ajuda na procura de crianças desaparecidas. Só em 2 dias já recebeu cerca de 4 mil visitantes (segundo informação do Público - edição de hoje).
É que há sempre um - E se a seguir me toca a mim - que nos inquieta e que nos deve tornar solidários.

Sem comentários: