“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

08 novembro 2005

Há vida para além da politica

da economia, do orçamento de estado, das greves, do funcionamento da justiça, das reformas, das eleições, do processo casa pia e dos árbitros de futebol, etc., etc.... Há mais vida... por exemplo nas cidades. Por exemplo em Lisboa... Por exemplo com o encontro da Igreja, a Cidade e a vida urbana. Com o Congresso Internacional da Nova Evangelização.
Da necessidade da Igreja dialogar com a sociedade já Aqui fiz referência.
A Igreja tem que ser mais aberta, menos dogmática, mais interventiva e mais próxima dos Homens.
Quantas crianças e adolescentes, nos tempos de hoje, se interrogam sobre o que é 'um edifício com uma cruz e um sino' para além da interrogação do porquê algumas pessoas se encontrarem lá. Hoje há crianças e adolescentes que não sabem o que é uma igreja (no seu claro e básico significado). Porque a Igreja continua 'fechada', desenraizada da vida, seja ela urbana ou rural.
Daí que o conceito de '(re)evangelizar', por todos e para todos, se torna prioridade. E não é com celebrações de fé como a que ocorreu no passado Domingo em Fátima que as pessoas e a Igreja se tornarão mais comungadas. Em vez de se celebrar a 'festa' da Eucaristia, muitos 'devotos' estiveram mais atentos às prestações musicais do Sr. Marco Paulo ou da Sra. Joana (Brasil).
Assim, por contraposição, faz muito mais sentido que a Igreja desça à 'rua', seja interventiva, faça parte da vida das pessoas e das comunidades. Que a Igreja se transforme internamente, para poder transformar a sociedade.
No entanto, a Igreja continua a viver o paradoxo dos 'balões de oxigénio'. Quem já viveu 'muitos pontos altos' da Igreja (na pastoral juvenil, no movimento estudantil, na espiritualidade ecuménica de Taizé) e que marcam fortemente a experiência vivida, sente posteriormente o fracasso da não continuidade, de não se transpor para a vida comum essas vivências. Por timidez e receio, pela própria vida, por oposição e relutância do conservadorismo eclesial. Este marco importante para a posição da Igreja no mundo e que se vive em Lisboa, que reflexos futuros vai ter? As portas das igrejas estarão mais 'abertas'?! A Igreja será mais interventiva?! Porquê não transpor a acção para uma vivência comum nas cidades portuguesas (por exemplo dioceses).
Nestas últimas semanas D. António Marcelino (Bispo de Aveiro) tem descrito, no Diário de Aveiro, com particular clareza, o vazio que alguns sectores da sociedade actual vivem, nomeadamente a cultura política. Nunca vi 'pecado' algum na relação da Igreja com a política, com o desporto, com a economia, com o ensino, com a saúde, etc., sendo estas facetas importantes na vida das pessoas (não se pode deixar de ser político ao Domingo e deixar de ser católico à semana). No entanto acho que a reflexão feita por D. António Marcelino deveria também tocar a própria Igreja, o seu 'umbigo'.
Termino com uma referência ao editorial do Diário de Notícias do dia07.11.2005, Aqui, de João César das Neves: "A certeza serena de Cristo vivo." Um texto profundamente brilhante.
Amén

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