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14 outubro 2010

Pressões Presidenciais...

Publicado na edição de hoje, dia 14 de Outubro, do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia
Pressões Presidenciais


Tal como referi na passada semana, ficaria para hoje o envolvimento do processo eleitoral presidencial na problemática da aprovação ou não do Orçamento de Estado para 2011.
Apenas uma referência breve ao texto da passada semana (“Viabilizar ou não… eis a questão”), para mencionar que me parece curioso que se coloque (como quase todos os ilustres da nação) a questão e a pressão do sentido de Estado apenas no PSD, só pelo facto de ser o maior partido da oposição e, com o seu sentido de voto, poder viabilizar ou não o Orçamento. É o mesmo que afirmarmos que os outros partidos com assento parlamentar ou não têm sentido de responsabilidade de Estado ou o seu papel institucional não serve para nada. Ou ainda, que aos mesmos (e ao contrário do que sucede com o PSD) seja permitido o exercício do sentido de voto de acordo com as suas convicções, afirmações, políticas e ideologias, mesmo que nelas não se vislumbre o tal sentido de Estado e a responsabilidade perante o peso institucional e fiscalizador da Europa.
É caso para dizer que, “não há moralidade, nem comem todos!”
Regressando à viabilização do Orçamento para 2011, continuidade prometida no texto do passado dia sete, uma das razões políticas que, eventualmente, poderá condicionar a posição do PSD é o processo eleitoral para a Presidência da República, marcado para o dia 23 de Janeiro.
Recentes afirmações de Pedro Passos Coelho dão-nos conta de que o presidente social-democrata não apresenta (ou não apresentou) nesta altura uma moção de censura ao governo pela aproximação das presidenciais e respectivo timing, embora me pareça que o PSD já o poderia ter feito, enquanto teria impacto político (com a possibilidade de marcação de eleições antecipadas por parte do actual Presidente da República), e face aos comportamentos do governo da nação republicana.
Se a questão da moção se percebe no contexto actual, já em relação ao Orçamento o que referi na semana passada, mantenho com o mesmo espírito crítico.
Não me parece que o PSD tenha de ficar refém de um eventual impacto nas presidenciais de uma demissão governativa de José Sócrates por diversas razões: Cavaco Silva ainda não se apresentou como candidato (e embora o entendimento geral seja da sua recandidatura, nada está tido como certo), um candidato do espectro político à direita do PS pode beneficiar eleitoralmente de uma hipotética “crise política” (pior que a que existe, neste momento, não deve haver), e há uma necessidade clara do PS, BE e Manuel Alegre fundamentarem a suas opções e convicções, quando são conhecidas as divergências face às medidas económicas e sociais preconizadas pelo governo socialista, nesta altura. Algo que o BE sempre contestou, algo que Manuel Alegre usou, em diversas ocasiões, como argumento discursivo na campanha eleitoral anterior (que o opôs precisamente ao PS e a Mário Soares), e algo que o PS assume como bandeira política das suas medidas sociais e económicas.
No fundo, trata-se para o PSD e para Passos Coelho de uma questão de coerência de discurso, de imagem e de construção de uma alternativa para o País.

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