“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

03 setembro 2010

Um passo para o abismo...

Há alturas na vida que o recato, a meditação ou o silêncio é 1000 vezes melhor que as desculpas esfarrapadas, a auto-transformação de acusado a vítima...
Os outros (vítimas, justiça, juízes, inspectores, ministério público, comunicação social, democracia, estado de direito) é que são os maus da fita, é que fazem o país voltar aos tempos de Salazar (esta é gritante) é que estão errados.
A Conferência de Imprensa de Carlos Cruz é (foi) uma verdadeira vergonha... a Comunicação Social devia ter abandonado a sala, logo na primeira declaração.
Carlos Cruz queixa-se do mediatismo que envolveu o processo e o seu nome, ao ponto de afirmar que o processo Casa Pia foi transformado no processo Carlos Cruz. Presunção e água benta...
Queixa-se tanto que foi o único a promover uma conferência de imprensa para tentar criar na opinião pública uma imagem de vitima... Como em quase todo o processo, desde as idas à televisão, até hoje.

Pena é que as vítimas não tenham tido as mesmas oportunidades de mediatização e de falarem livremente.
Pena é que se tenha manchado o nome de uma Instituição que é muito mais que um processo judicial.
A Casa Pia fez muito, mas mesmo muito, por muitos jovens e pelo desenvolvimento social...
Pena que se tenha diluído tudo isso.

4 comentários:

saltapocinhas disse...

Já paraste para pensar que pode mesmo ser inocente?
Ou sabes mais do que aquilo que vem nos jornais?
E desde quando os jornalistas são detentores da verdade, só porque publicam notícias?
(se as até notícias banais surgem tantas vezes tão deturpadas?)

Anónimo disse...

Eu tenho de acreditar que todo o ser é inocente até que se prove o contrario. Mas também tenho de acreditar que houve provas suficientes para o condenar. Se o condenou por outras razões, então de facto este país está mesmo mal.
Mas de facto da para pensar! Ver um advogado como o Sr. Ricardo Sá Fernandes, que já tem um nome, um certo prestigio na advocacia portuguesa, por em causa o seu bom-nome e carreira ao dizer que tem orgulho de estar ao lado deste homem, dá que pensar.
Como advogado compete me a mim defender o meu cliente, mesmo sabendo da sua culpabilidade, mas tomar esta posição do Dr. Ricardo, só mesmo sabendo e tendo a certeza que o meu cliente nada teria a ver com esta trama toda. Portugal no seu melhor!

Reis

Migas (miguel araújo) disse...

Saltapocinhas

Não se trata de nenhuma questão relacionada com a Comunicação Social.
E neste caso não se trata de nenhum processo informativo.
São as conclusões de um processo judicial e de um colectivo de juízes. O que até facilita, pelo facto de poderem sustentar as suas fundamentações numa visão colectiva dos factos.
Aqui a detenção da verdade reside na justiça. E já é tempo de a credibilizarmos e acreditarmos nela, sob pena de Portugal virar um verdadeiro caos.
Sendo certo que falta ainda resolver muito na justiça: acessos iguais a todos os cidadãos; a sua morosidade e a capacidade de "aguentar" as pressões e os tráfegos de influências.

à parte... mesmo que por deformação profissional, mesmo sabendo que a Comunicação Social não é de todo exemplar... felizmente que a temos e que há boa CS, porque sem ela não haveria lugar à descoberta dos factos e da verdade. E este processo é um bom exemplo disso: se não fosse a Felícia Cabrita, o Expresso, em 2002, ainda hoje a Casa Pia continuaria a ser manchada por um flagelo que não tem adjectivação.

Migas (miguel araújo) disse...

Caro Reis...
O que aconteceu no final foi uma tentativa de desespero de limpar uma imagem falhada, de virar a opinião pública a favor do acusado e dos advogados, e de uma triste vontade de se transformar em vítima, depois de acusado.
Até posso achar que o processo, no seu início poderia ter tido contornos políticos (embora ache que a política interferiu demasiado na investigação)... mas acredito que a dor das vitimas não mentiu, que a comprovação dos factos e das penas aplicadas foram tomadas em consciência plena do colectivo de juízes, face às provas apresentadas.
O resto foi show-off