“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

22 abril 2010

(re)Aprender a ler!

Publicado na edição de hoje, 22 de Abril, do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia!
(re)Aprender a ler!

Vivemos tempos onde diversos sectores da sociedade se encontram sob uma pressão constante, sob um forte e permanente olhar crítico e questionável por parte do cidadão e das estruturas sociais: a justiça, a educação, a saúde, o equilíbrio social, a economia e a comunicação social.
Em relação a esta, questiona-se a relevância do seu papel socializador, a isenção e rigor da informação difundida, o desempenho dos seus profissionais, a precariedade das relações laborais, a capacidade de vencer as pressões económicas e políticas, e a sua sustentabilidade.
Além disso, há a reflexão necessária quanto ao futuro da comunicação social, concretamente em relação à imprensa escrita: qual será a perspectiva e a sustentabilidade dos jornais (sejam eles nacionais ou regionais) nos tempos que se aproximam?
E as interrogações afiguram-se significativas e diversificadas.
Os jornais, mantendo a sua forma e estrutura actuais, conseguirão sobreviver?!
O jornalista, tal como é “concebido” hoje, terá o mesmo desempenho e competência no futuro?!
Como se estruturará a imprensa escrita face ao peso e importância cada vez mais vincada das novas tecnologias, da internet e das suas redes sociais?! Conseguirá manter-se sustentável?!
E que papel terá o cidadão no processo comunicativo?! Continuará a ser, essencialmente, receptor ou tornar-se-á, ele próprio, gerador de informação?!
A estas questões (e outras tantas que se poderiam acrescentar) surge a constatação factual de que a imprensa escrita vive momentos de alguma inquietude… fecham jornais, questiona-se a sustentabilidade de outros (casos recentes do “Sol” e do jornal “i”), comprova-se a “morte lenta e anunciada” da generalidade da imprensa escrita regional.
E se alguns órgãos de comunicação social vão resistindo à “queda”, o ónus da realidade passa para o lado dos seus profissionais (jornalistas, fotógrafos, etc.) que vêem os seus laços laborais constante e diariamente ameaçados.
Mas será apenas do lado da comunicação social (imprensa escrita, no caso) que reside o problema?!
Acho, sinceramente, que os cidadãos (leitores) se posicionaram alguns passos à frente dos jornais… desfrutam de outras exigências que colocam em causa e desafiam a actual estrutura e papel da imprensa escrita: o dia-a-dia profissional, social e familiarmente exigente, stressante e com ritmos acelerados (onde o tempo escasseia), a exigência de outros hábitos e meios de leitura, o tipo de informação desejada, a acessibilidade à informação (quer do ponto de vista temporal, quer dos meios), a disponibilidade de recursos (a internet e as novas tecnologias) que colocam o cidadão no centro da comunicação (e não como extremidade do processo comunicacional), também ele capaz de gerar e difundir informação.
A informação e o processo comunicacional não devem ter receio em transformar o seu tradicionalismo num vanguardismo que mantenha a sua relevância e o seu papel socializador e de motor do desenvolvimento das sociedades e das comunidades.
Adaptando-se às novas exigências de uma sociedade global, globalizadora e sem fronteiras.

Sem comentários: