“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

05 setembro 2009

Caso TVI... mera opinião/visão!

Não sei propriamente se a “poeira” já assentou (ou se assentará tão cedo).
No entanto, é, para mim, a altura para abordar o “caso” TVI/Jornal de Sexta.
Primeiro, importa uma declaração de princípios: não sou espectador assíduo da TVI, tenho, como licenciado em comunicação, outras referências no jornalismo que não Manuela Moura Guedes, e não sou socialista. Para que conste…
É, para mim e por força de formação, um dado inquestionável: a importância que a Comunicação Social desempenha no desenvolvimento das sociedades, no processo de construção social (socialização), na edificação da história, na defesa da verdade e vigilância dos valores democráticos e do pluralismo, no contributo para a difusão do conhecimento.
Não há democracia sem o respeito pela liberdade de expressão, opinião e informação. Não há verdadeira democracia sem o respeito pela Comunicação Social.
Não sei, porque posso correr todos os riscos acrescidos de especulação, se houve interferência directa ou não na decisão da Prisa/Media Capital… sinceramente, apesar do momento eleitoral que vivemos e de não ser, nem por sombras, socialista, pouco me interessa, para o caso.
Pelo entendimento que tenho e do que sei sobre a legislação portuguesa aplicável à Comunicação Social, um dado é certo: a ingerência da Administração da TVI num processo informativo (e nos respectivos órgãos: Direcção de Informação e Redacção) é ilegal.
Mas esse é um procedimento legal que caberá a Entidade Reguladora agir, se assim o entender e decidir.
Mais grave que isso… é a questão ética, o valor da liberdade de informação e a realidade dos Órgãos de Comunicação Social, hoje.
Hoje, o poder económico exerce uma inegável, mas questionável e infeliz, pressão e domínio sobre o político e sobre a informação. Por mais valores éticos e deontológicos, por mais auto-regulação que o jornalismo queira assumir, na prática a realidade é outra: dinheiro, receitas e audiências.
O que é um facto é que, mais uma vez, a Comunicação Social e a Liberdade de Imprensa serve de “arma de arremesso” sem ser pela sua missão informativa.
A Comunicação Social tem que ser independente, isenta e livre. Deve expor tudo (dentro dos princípios legais e deontológicos) para que a sociedade se informe e evolua… goste-se ou não!
Não pode, nem deve e é de extrema gravidade que seja o poder político ou o poder económico a decidirem o que é “mau jornalismo”, o que é ”mau profissionalismo” o que deve ser ou não divulgado em termos informativos. Isto não é liberdade, não é democracia, não é pluralismo: é “asfixia” informativa.
Se Manuela Moura Guedes é má profissional, deveria ter sido, há mais tempo, despedida ou nem integrada na TVI. Se o Jornal Nacional de Sexta é um mau exercício de informação, haveria, há mais tempo, que o substituir.
As razões para a alteração e anulação do programa são do mais surrealista e graves do ponto de vista do jornalismo e da liberdade e direito (dever) de informar.
Quem deve julgar (excepto as questões judiciais) é a própria comunicação social e o público. Que curiosamente, agora percebo que ninguém gostava, ninguém via: mas ninguém fala noutra coisa. Ou seja… muita gente não era indiferente àquele serviço informativo.
Um “à parte”, em jeito de conclusão…
Este caso não é, nem por sombras, igual ao de Marcelo Rebelo de Sousa. O que não significa que não seja igualmente condenável. Toda e qualquer interferência é condenável.
Mas aí tratava-se de um político, comentador e de uma relação interna partidária.
Não estava em causa o jornalismo, a Comunicação Social ou a informação veiculada.
Por fim… consequências políticas só as haverá se as interferências externas se confirmarem ou se aparecerem (porque não me parece que o caso acabe tão depressa).

3 comentários:

Migas (miguel araújo) disse...

Complemento de informação...
Infelizmente o que se passa em torno desta situação é que, ifelizmente e na maioria dos casos, a análise gira em torno de Manuela Moura Guedes... o que a está a tornar uma verdadeira pérola e heroína.
E que se está a desviar do principal para o secundário.

Alírio Camposana disse...

Caro Miguel,

Relativamente ao que expressas remetia-te para o meu modesto espaço (http://papamoscas.blogspot.com/2009/09/mass-media-regulacao-ou-nao.html) que talvez complemente um pouco o que é dito, aqui.

Cumprimentos.

Migas (miguel araújo) disse...

Caro Alírio
Com todo o gosto... alías ainda bem que o fazes, porque só agora reparei que tenho agendado a ligação ao teu espaço e ainda nada.
ENORMEEEEE falha minha...
Desculpas sinceras