Publicado na edição de ontem (7.02.2008) do Diário de Aveiro.
Crónicas dos Arcos
Pregar aos Peixes!
Não é sobre o Padre António Vieira que pretendo falar, embora toda a sua ora mereça uma reflexão profunda dada a sua relevância na história, sociedade e cultura portuguesas. Mas isso caberá aos entendidos e responsáveis pelas comemorações do quarto centenário do seu nascimento.
A expressão, sobejamente conhecida, leva-nos a outra análise. Passada a euforia carnavalesca (mesmo num país onde o “carnaval” se estende a muitos outros dias do ano e a diversas situações da vida social e política do país) é altura de assentar os “pés na terra”.
O país viu-se, nos últimos tempos, a braços com a euforia (para uns assertiva, para outros demagoga) das afirmações o recém-eleito Bastonário da Ordem dos Advogados, sobre a corrupção e a justiça.
O Dr. Marinho Pinto, fazendo jus ao peso público inerente ao cargo que ocupa, veio abertamente (e sem quaisquer rodeios) expor o que muitos pensam mas não têm capacidade ou coragem para o fazer.
Existe na sociedade portuguesa, nomeadamente na classe política e nos cargos públicos, uma permissividade e impunidade gritantes no que se refere à ética, à deontologia e à corrupção.
Muitos (quase sempre secretamente) bateram palmas. Muitos outros, quais virgens ofendidas (eventualmente com “culpas no cartório”), vieram bradar aos céus sobre a infâmia de tais impropérios e acusar o Bastonário dos Advogados de publicamente acusar mencionar nomes.
Não caberá ao Bastonário indicar, na praça pública, nomes, promovendo e potenciado a difamação ou um atropelo ao bom nome e à reputação dos cidadãos (o que seria uma violação da Constituição da República Portuguesa - artigo 26º).
Assim, como não se pede ao Presidente da República, que nos seus discursos e posicionamentos públicos proceda essa forma.
O que se espera é que, quem de direito e conhecimento dos factos e das realidades, venha publicamente alertar quem (poder judicial e de investigação) tenha a responsabilidade de apurar culpabilidades.
E se dúvidas ainda houvesse na veracidade das afirmações do Bastonário dos Advogados, os casos que a justiça teima em “arrastar” e aqueles que publicamente são conhecidos (desde da classe política, ao governo, à Administração Pública e às autarquias) só reforçam o sentido de oportunidade das afirmações proferidas.
Para continuar a ler AQUI!
Crónicas dos Arcos
Pregar aos Peixes!
Não é sobre o Padre António Vieira que pretendo falar, embora toda a sua ora mereça uma reflexão profunda dada a sua relevância na história, sociedade e cultura portuguesas. Mas isso caberá aos entendidos e responsáveis pelas comemorações do quarto centenário do seu nascimento.
A expressão, sobejamente conhecida, leva-nos a outra análise. Passada a euforia carnavalesca (mesmo num país onde o “carnaval” se estende a muitos outros dias do ano e a diversas situações da vida social e política do país) é altura de assentar os “pés na terra”.
O país viu-se, nos últimos tempos, a braços com a euforia (para uns assertiva, para outros demagoga) das afirmações o recém-eleito Bastonário da Ordem dos Advogados, sobre a corrupção e a justiça.
O Dr. Marinho Pinto, fazendo jus ao peso público inerente ao cargo que ocupa, veio abertamente (e sem quaisquer rodeios) expor o que muitos pensam mas não têm capacidade ou coragem para o fazer.
Existe na sociedade portuguesa, nomeadamente na classe política e nos cargos públicos, uma permissividade e impunidade gritantes no que se refere à ética, à deontologia e à corrupção.
Muitos (quase sempre secretamente) bateram palmas. Muitos outros, quais virgens ofendidas (eventualmente com “culpas no cartório”), vieram bradar aos céus sobre a infâmia de tais impropérios e acusar o Bastonário dos Advogados de publicamente acusar mencionar nomes.
Não caberá ao Bastonário indicar, na praça pública, nomes, promovendo e potenciado a difamação ou um atropelo ao bom nome e à reputação dos cidadãos (o que seria uma violação da Constituição da República Portuguesa - artigo 26º).
Assim, como não se pede ao Presidente da República, que nos seus discursos e posicionamentos públicos proceda essa forma.
O que se espera é que, quem de direito e conhecimento dos factos e das realidades, venha publicamente alertar quem (poder judicial e de investigação) tenha a responsabilidade de apurar culpabilidades.
E se dúvidas ainda houvesse na veracidade das afirmações do Bastonário dos Advogados, os casos que a justiça teima em “arrastar” e aqueles que publicamente são conhecidos (desde da classe política, ao governo, à Administração Pública e às autarquias) só reforçam o sentido de oportunidade das afirmações proferidas.
Para continuar a ler AQUI!
3 comentários:
A questão amigo Miguel, é que esta trampa onde vivemos é uma espécie de país em desagregação, como convém as esta maricagem politicamente correcta que soube minar a autoridade desde a escola às polícias. Actualmente, apenas é castigado o cidadão que possa dever qualquer coisa ao estado. Tudo o resto, passa ao lado.
Abraço
Isto efectivamente é capaz de ser um país em que 50% da população é corrupta mas olhe que, dos que não são, 49% gostariam de o ser, e todos nós sabemos isso, não é só o bastonário da Ordem dos Advogados…
Ser corrupto ou não, faz parte da educação de cada um.
E felizmente, ou infelizmente, já vão longe os tempos em que aquela coisa de “pobrezinho mas honesto” tinha algum valor na praça pública desde que, em primeiro o Prior, e depois o regedor, atestassem em abono do desgraçado, que trabalhava como um desgraçado para encher o traseiro aos outros e não ganhava para sustentar a família em casa.
Hoje o que importa é o “pobre diabo” apresentar-se de bom fato, carro topo de gama, ter uma casa no Algarve, e ir fazer férias ao estrangeiro, pelo menos duas vezes por ano, isso sim, a sociedade chama-lhe respeitabilidade e gente inteligente…
É esse o atestado que lhe abre todas as portas, que o faz ter muitos amigos, amigos influentes, e até nos bancos que vão fazendo também o que podem pela vida, às custas dele, lhe vão dando oportunidades para ele singrar ainda mais na vida…
Esse é o abono para o social, para ter acesso às casas de boas famílias. A nossa sociedade gosta disso, cultiva isso, idolatra mesmo isso.
Por isso penso que os outros 49% gostariam de ser corruptos, porque enquanto um norueguês tem vergonha de roubar o Estado nós por cá, se pudermos fugir aos impostos é um “ver se te avias.”:
É que ir comprar uma bugiganga de meia dúzia de tostões e não pagar IVA, faz cada um sentir-se um herói e ser um grande negociante, e claro, tão ladrão é o que rouba um tostão como aquele que rouba um milhão. O nosso próprio Estado como se comporta com os seus credores e até com aqueles de quem é “entidade patronal”?
Um indivíduo está canceroso, é considerado em estado final, não tem capacidades comprovadamente físicas para desempenhar as suas funções, vai a uma Junta Médica e ao que é que temos assistido?
Portanto meu Caro Miguel, a corrupção, a desonestidade está-nos enraizada e vai demorar ainda muitos e muitos anos até que, a consigamos extirpar de vez. Não vai ser no seu tempo, nem no meu, talvez no tempo dos seus netos vejamos ela caducar, pelo menos da parte daqueles que nos deveriam dar o exemplo.
Um abraço
Corto tudo rentinho se alguém vier a ser julgado por estas alegadas corrupções de que ninguém tinha conhecimento a não ser toda a gente.
Enviar um comentário