“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

25 fevereiro 2007

Meio por Meio!

A vigência do mandato executivo deste governo, encontra-se a meio. Como se ousa dizer, com o copo meio cheio ou meio vazio.
E de facto esta é a melhor imagem deste governo de José Sócrates. Nem sim, nem não… antes pelo contrário.
Depois de ter conquistado a primeira maioria absoluta, não é menos verdade que estes dois anos, embora as sondagens revelem a preferência dos portugueses pelo governo, têm sido de alguma frustração no desempenho da gestão do País.
O choque tecnológico é uma miragem e uma faixa publicitária cheia de demagogia. Os 150 mil postos de trabalho prometidos são uma miragem. O PRACE, perfeitamente abstracto e atrasado, vem criar uma maior assimetria no país, clivado pelo encerramento irracional de maternidades, centros de saúde, urgências, escolas primárias. Pelo abandono do interior e descaracterização social do litoral.
O desemprego não baixa e o desenvolvimento do país não surge, mantendo-nos na cauda da Europa, cada vez mais alargada, assim como o nosso distanciamento à média comunitária.
As contestações dos vários sectores da sociedade são uma constante, diluídas por uma vitória num referendo mais de carácter ético, social e moral do que propriamente político.
A crise económica requereria medidas mais consistentes e coerentes, como o controlo da despesa pública em consonância com um realismo no investimento que parece não existir: casos OTA e TGV.
Desta realidade realça-se o triste estado da saúde, do ensino (embora aqui com dúvidas repartidas) e essencialmente da economia, muito por culpa de um ministro claramente a menos no conjunto do executivo.
Pelo meio fica a clara derrota nas eleições autárquicas (de que Aveiro é exemplo), a saída mal digerida do Ministro dos Negócios Estrangeiros - Freitas do Amaral, a defraudada expectativa das eleições presidenciais e alguma clivagem interna fruto dos resultados eleitorais.
Com o aproximar da presidência europeia, a disponibilidade para a execução de medidas necessárias ao país parece esmorecer-se.
Mas, mesmo face a esta realidade, o fenómeno mediático José Sócrates continua a render pontos.
Mais por uma inércia clara e um descalabro de ideias da oposição, do que por mérito próprio.
O CDS encontra-se numa clivagem interna e num descontrolo total. O PSD vê-se “invadido” pelas medidas deste governo e fica claramente sem opção e espaço ideológico. Ao BE e PCP resta a contestação já habitual (muitas vezes por razões históricas e de necessidade de afirmação), mas que não são eleitoralmente qualquer alternativa.
Este é o estado da oposição, que sem capacidade de alternativas e de marcar a agenda social do país, limita-se a meros “balões de oxigénio” esporádicos.
A “ajudar à missa”, eleito pelo espectro da direita temos um Presidente da República motivado por uma, até à data eficaz, “cooperação estratégica” que agrada claramente ao Governo.
Por este andar, vamos ter um claro “bis” eleitoral.

2 comentários:

AC disse...

Caro Miguel, o que reconheço a este executivo é a arte da encenação, da dissimulação, da meia verdade.

Em concreto,a nossa vida está mais pobre e mais distante da média comunitária.

A sua aparente popularidade deve-se apenas e sómente à incapacidade e falta de propostas válidas da oposição, que se revela bem píor do que o próprio poder em exercício.
Cpts

Al Berto disse...

Viva Miguel:

Sou capaz de concordar com vocês os dois... refiro-me ao Abel.
Mas... a verdade é que precisamos de alguém que tome em mãos os destinos do país.
E, meus caros amigos, não vislumbro alguém que, nem de perto nem de longe, chegue aos calcanhares do Sócrates.
Temos dificuldades é um facto, mas sempre as tivemos, o Sòcrates tem a grande vantagem de, pelo menos, as tentar tornar menos desgastantes para todods nós.
Para o mal ou para o bem esta é a grande verdade.
Um abraço,