“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

14 junho 2006

Tinha que ser!

Aqui, o Debaixo dos Arcos reflectiu directamente sobre o caso do encerramento das maternidades, para além de já por inúmeras vezes se ter abordado a questão da desertificação do interior, da falta de responsabilidade do estado e do seu significado social e económico. Não basta inaugurar auto-estradas que, em vez de desenvolver o interior, o tornam mais pobre porque o aproximama do litoral e de Espanha. Ninguém de bom senso acreditará que a nova auto-estrada para Bragança - por si só - trará desenvolvimento à região, quando, por mera questão economicista se encerram escolas, correios, centros de saúde, sem olhar á realidade demográfica, à realidade cultural, social e económica das regiões do interior. Quando muito facilitamos o acesso de Espanha ao Litoral.
O governo não pode, por mero sentido narcisista ou autoritário, alhear-se do povo. Do povo que vota, que vive e que necessita de cuidados e de desenvolvimento.
As pessoas não são números.
O caso das maternidades são, em 99% dos casos, razões económicas que levam ao seu encerramento. Pondo-se em causa a necessidade de investimento, dos cuidados de saúde primários de inúremas populações (nomeadamente mulheres e futuros bébés) e do próprio desenvolvimento das regiões.
É mais fácil desinvestir e ceder aos lobbies da saúde privada (porque vão nascer que nem cogumelos as clinicas privadas).
Porque o Estado não é responsavél e muito dificilmente condenado.
O problema é que quem paga é o POVO. Como aqui, aqui e aqui.
E isto é grave!

12 comentários:

Anónimo disse...

Parabens. Uma analise excelente.
PASSEIPORAQUIHOJE

Al Berto disse...

Viva Miguel:

Que há medidas governamentais, deste ou de qualquer governo, que serão polémicas, disso ninguém duvida.

Mas agora diga lá também:
- não anda para aí muita gente que só está a "coçar o rabo na cadeira" e á espera do fim do mês?

Sobre a ocorrência que refere penso que ela ainda terá de ser muito bem explicada através de investigação rigorosa.
É inadmissível circular uma ambulância sem enfermeiro mas, neste caso, também que, atendendo ao seu estado, o Hospital de Elvas não tenha disponibilizado um médico ou enfermeiro para acompanhar a grávida.

Cumprimentos,

Migas (miguel araújo) disse...

Caro Mostardinha
Há mutia gente sem fazer nada em muito sítio.
E não é só na dita função pública.
Aliás, acho até que esta questão de falta de profissionalismo ou de rendimento, independentemente de ser um facto, não passa de um chavão que se criou (por culpa dos maus funcionários públicos e em alguns casos dos sindicatos). Mas esta realidade não é só pertença da administração central ou local.
O privado também não é todo isento e produtivo.
Em todo o lado há bons e maus trabalhadores. Em todas as empresas há bons e maus gerentes.
O problema, meu caro, é quando esses "maus" estão no lugar errado.
Isso sim, é perigoso.
Abraços

Carlos Martins disse...

Caro Migas, há muita gente como o meu caro amigo que também se reporta a esse argumento para justificar a falta de produtividade (fiquemos por este termo) da função publica (com honrosas excepções, obviamente, havendo bons e maus). Contudo, a diferença entre o publico e o privado não permite que esse argumento tenha continuidade: enquanto que os trabalhadores maus publicos somos nós todos que pagamos, no privado quem perde é quem investiu. A diferença é tao simples quanto isto.

Quanto à questao da maternidade, o caso é complexo. Se por um lado temos uma ambulancia sem o pessoal especializado necessario, provavelmente também uma maternidade que em funcionamento normal tambem nao poderia facultar a assistencia necessaria em termos tecnicos a uma gravidez de risco; por outro lado, será possivel dizer que mesmo que as condições fossem perfeitas na ambulancia, a perda fosse evitavel? Esta questão é fulcral, tanto mais que a opção do governo baseando-se na fraca disponibilidade de pessoal nas maternidades, centralizar, e não dotar as diversas existentes dos meios necessários. E com tanta gente a querer entrar nas escolas de medicina e afins (e muitos outros a entrar por cursos sem saída) não se entende a medida...

cumprimentos!

Migas (miguel araújo) disse...

Caro Carlos
Não acho que a diferença seja assim tão simples.
Se é verdade inquestionável que um mau funcionário prestará um maus serviço público que é do direito de todos nós que contribuimos através dos nosso impostos, também não deixa de ser verdade que a fraca prestação no sector privado dos maus funcionários (que os há) implica um perda substancial da nossa já fraca competitividade e um atraso substancial no nosso desenvolvimento como país, obrigansdo a um maior esforço, normalmente estatal.
Como vês, e saberás isso melhor que eu, a questão é geral e não é tão simples.
A questão nacional deve ser da responsabilidade de todos. Já chega de se andar sempre às "custas" do estado.
Responsabilidade colectiva no desenvolvimento do país, é o que nos falta
depois admiramo-nosque as Zambujas existam por todo o lado.
Cumprimentos

Migas (miguel araújo) disse...

AH, já me ia esquecendo.
Concordo que a questão não será pacífica.
Mas para se salvar uma imagem péssima e alguma irresposnabilidade no processo do encerramento das maternidades, a culpa ainda há-de ser do bombeiro que conduziu a âmbulância que, se calhar, deveria ter ido mais depressa.
A ver vamos...

Terra e Sal disse...

Foi uma pena, cheguei tarde ao debate.
Com que então e apanhando apenas umas dicas dos discursos a falta de produtividade neste país, é essencialmente por “malandrisse”, seja de funcionários da função pública, ou de empresas privadas.

Porque será que as empresas como a “Vulcano” e similares, têm rendimentos produtivos espectaculares?
Porque será que os bancos, as companhias de seguros (estas coitadinhas sempre a queixarem-se) chegam ao fim do ano e apresentam lucros milionários?

O defeito da falta de produtividade está em quem trabalha ou em quem gere e administra?
Quem vemos por exemplo a administrar as nossas empresas públicas?
Serão por acaso a maioria, gestores de sucesso na privada?

Esta coisa da falta de rentabilidade nas empresas, faz-me lembrar a “matemática” os nossos alunos, e os senhores professores!
Somos na Europa os piores a matemática.
Claro, isso deve-se aos alunos nascidos cá, em que 80% são mesmo “burros”.

O defeito não é do ensino, do método, nem dos professores, porque esses até são professores.
O defeito é mesmo dos alunos que não sabem aprender, né?

Cumprimentos.

Migas (miguel araújo) disse...

Então caro Terra&Sal
Na defesa dos "pobrezinhos"?!
Virou Madre Teresa dos Trabalhadores?!
É isso mesmo, meu caro. Eu entendo que a fraca produtividade vem da deficiência dos nossos recursos humanos, seja nas suas qualificações e aptidões, seja na forma como encaramos as nossas responsabilidades laborais.
E digo-lhe isto quer em relação aos funcionários, quer em relação aos gestores e patrões.
E os exemplos que refer são bem ilustrativos.
As regalias dos funcionáros bancários já não são o que eram (e tenho na familia um exemplo disso mesmo) bem como a motiviação e o emepenho de que gere e labora na Vulcano faz da empresa um claro exemplo.
E a culpa, como bem sabe, não morre solteira!

Anónimo disse...

Quanto ao tema principal parece-me que não é de tirar conclusões de consequências directas do fecho do bloco de partos com a fatalidade da perda do feto.

Ao que se deduz, embora sem sinais evidentes, a jovem deveria ter problemas com a gravidez de 24 semanas (quase 6 meses!!!), pelo que nada nos diz que, mesmo se fosse atendida no local, não deixasse de ter problemas.

Quanto ao tema da produtividade, ela será melhor ou pior, no sector publico e privado, em função da organização da empresa ou serviço em causa, indistintamente.

Os trabalhadores serão mais ou menos produtivos mediante a organização em que se inserem, mediante a competência e responsabilidade dos seus superiores (chefias intermédias, operacionais, funcionais,...)

Quando se fala na "Vulcano", e em muitas outras empresas em Portugal, que tipo de organização existe nessas empresas? Há estratégia, há objectivos, há metas a atingir; e, para isso, há gestores de topo, intermédios, de linha, que, com autonomia e responsabilidade, fazem a "máquina" avançar. E assim envolvem todos os colaboradores nesse processo; e muitos promovem formação interna e externa, etc, etc, etc.

No sector da Administração Pública, de forma geral, onde vemos isto? E no sector privado, uma grande maioria dos empresários não faz planeamento nem define estratégias. São "patrões" e como tal, os trabalhadores para eles não passam de "máquinas".

Como experiência própria, tenho proposto algumas medidas a "empresários", no domínio da formação, qualidade do ambiente de trabalho, melhoria de processos, etc, porque todos ganhariam, e mais o "empresário" porque teria os colaboradores mais motivados e aptos para novos processos, etc, e o que tenho como resposta? Ó Dr...eles já sabem o que têm que fazer...temos é que trabalhar...etc, etc, etc,.

Face a isto, o que faz um gestor que não encontra receptividade nas suas propostas? E como continuará a produtividade destas empresas? Duma coisa sei, a falta ou baixa produtividade não é culpa dos trabalhadores.

Os exemplos têm de vir de cima, quer no sector público quer no privado.

Cumprimentos
S.F.P.

João Branco disse...

Só tengo lhe a dizer Miguel que o caso de Elvas é uma absoluta aberração! Aqueles bebés vão nascerm em Espanha! Quando crescerem o que vão pensar! Bem nascemos em Espanha, o que estamos aqui a fazer em Portugal?

Anónimo disse...

Ainda sobre Elvas, porquê tanta indignação agora, sendo Badajoz uma de 3 alternativas?

Vejam-se as estatísticas de partos feitos em Badajoz, de mulheres portuguesas de Elvas e de outras localidades, antes do encerramento do bloco de partos. Talvez haja surpresa...

Nessa altura ninguém se preocupava que o bloco de partos encerrasse, ninguém dizia que os filhos tinham que ser "portugueses".

Cumprimentos
S.F.P.

João Branco disse...

Ok, esse factor é aceitável!
Mas conhecia muito boa gente que na mesma situação preferia ir ter os seus filhos a Beja preterindo Badajoz! E deve lá haver também muito boa gente que não concorda com a pura situação de ver os seus filhos a nascer em Espanha!