“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

08 maio 2006

Existencialismo?!

Findo o congresso do CDS-PP, a maior vitória registada foi a do “coisa nenhuma” e “vazio total”.
As questões internas fazem parte da vida de qualquer partido político. Qual o partido que já não teve os seus dissidentes, as suas “guerrilhas” pelo poder e por uma posição forte, as discussões necessárias para a definição de estratégias e de sustentabilidade política.
A isto, chama-se democracia e pluralismo.
O oposto autocracia ou tirania.
A questão passa pelo após congresso e os resultados práticos de tal vivência democrática.
E o resultado traduz-se num partido fragilizado, dividido e fragmentado.
Mas para além duma liderança questionável, mormente os regressos ou permanências de históricos que saúdo (Girão Pereira, Nogueira de Brito, Narana Coissoró, Anacoreta Correia - com o lamento da saída de Lobo Xavier), o que está em causa é muito mais que a vida interna do partido. É o seu futuro e a sua sobrevivência política.
Mais do que o fantasma de voltar a tornar-se no partido do táxi, é a “imagem” provável de transformar-se num partido da bicicleta (qui ça, a Buga).
O CDS-PP não está a saber aproveitar o espaço de oposição que lhe é próprio e que resulta da sua filosofia estatutária e de princípio: democrata-cristão e humanista. Enquanto que se desfigura numa miscelânea de neo-liberalismos e pseudo-conservadorismos demagógicos.
É que para além do “combate” à esquerda, o partido deveria ser uma alternativa ao espectro político social-democrata. E poder retirar vantagens pelo facto desta área política estar confinada a uma promiscuidade entre PSD e PS, sendo este último mais social-democrata que socializante em muitas das suas políticas, após a era guterrista. Aliás é curioso que, salvo raras excepções como as do falecido Lucas Pires, a atracção política do partido é, como diz o Prof. Freitas do Amaral (quando não diz asneiras, lá acerta), muito mais para uma democracia-cristã na esquerda social, do que no liberalismo social-democrata.
Era este o debate que se impunha.
Era esta a realidade que necessitava de uma análise profunda, para definir estratégias e rumos concretos, marcando uma agenda política própria e definindo um posicionamento político vantajoso para 2008.
Mas não… Foi o debate do blá-blá-blá… do medir forças internas.
O partido não ganhou um líder forte, não ganhou uma estratégia política.
E arrumou de vez a sua existência.
Restam-nos os valores para quem ainda neles acredita. E pouco mais...

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