“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

05 fevereiro 2006

O Choque Informático

Apesar da Informática ser a minha "habilitação" profissional e laboral, não posso deixar de referir o excelente texto publicado hoje no Público, dessa referência cultural e intelectual que é o Dr. António Barreto.
António Barreto "reflectiu" sobre a visita de Bill Gates a Portugal.
O governo criou um autêntico "show of", um verdadeiro carrocel de feira, com direito a foguetes e bombos. Música também não faltou.
Como não faltaram as condecorações, as reuniões, as vénias e "beija-mãos" e as palestrar selecciondas.
Como refere António Barreto (e para quem vive a informática mais ou menos atentamente) sabe que, pela evolução tecnológica, social e cultural dos tempos, a realidade da banda larga aconteceria a qualquer momento, com ou sem a intervenção espalhafatosa e propagandista que se assitiu.
Todas as escolas primárias, ou melhor, do primeiro ano do primeiro ciclo do ensino básico, em Portugal, têm acesso à internet por banda larga. Feito histórico do ponto de vista tecnológico.
Como tal facto reflecte um país cultural e intelectualmente mais desenvolvido e próximo dos padrões europeus, o investimento feito e todo o circo montado na visita do homem mais rico do planeta (como se na vizinha espanha ou na distante alemanha ou suécia - referências industriais europeias - tal "carnaval" fosse igualmente exibido), vamos, a partir desta data, ter, por este país fora, escolas primárias aquecidas no verão - com cantinas - com água potável e condições de higiene - com telhados que não deixem passar a chuva - com recreios onde se brinque em segurança - com transportes escolares que minimizem o drama do encerramento, algumas vezes indescriminado, de escolas - com materiais didáticos e livros suficientes e em condições.
Escolas onde os Professores se sentissem motivados - onde os alunos aprendessem a ler e a escrever correctamente português - onde a matemática não fosse um 'papão' ilógico - onde as notas a português, matemática e física não fossem tão medíocres.
Um ensino onde os manuais, muitas vezes erróneos e pouco rigorosos, não vivessem ao sabor editorial e onde os programas e os métodos de ensino fossem ajustadamente revistos e rigorosamente planeados.
Desta forma sim... o Ensino seria uma grande banda larga de desenvolvimento.
Num País que vive amargamente a incapacidade financeira de investimento racional, também a "Ota" chegou ao ensino via banda larga.
Que raro conceito de prioridade e desenvolvimento integrado.
Até lá, resta-nos fazer Ctrl-Alt-Delete ou Restart.
Excelente Dr. António Barreto.

4 comentários:

Anónimo disse...

´tadinho do António Barreto! é o que dá falar do que não sabe. De facto, se estivermos à espera que a banda larga chegue, podemos esperar sentados. É a diferença entre o fazer e o dizer. Anda por aí muita boa gentinha que só diz...

Botaréu

Migas (miguel araújo) disse...

Sr. Botaréu
primeiro é muita presunção sua ao qualificar as competências e inteligência do Dr. António Barreto.
Mas isso são meras convicções e sentido de respeito.
Segundo, nem eu, nem o texto do público do Dr. António Barreto refere qualquer crítica à Banda Larga. Apenas consideramos prioridades e a relação da mesma com as escolas básicas (e a sua realidade nacional) e o ensino.
Não creio que seja tão ingénuo que acredita que é a banda larga que vai fazer das nossas crianças mais cultas, mais inteligentes, a saber mais português ou matemática.
Se calhar apenas irá contribuir para que sejam mais obesas, mais net-dependentes e mais conflitos pessoais e familiares.
Bem como o próprio texto de António Barreto refere, a banda larga, pelo desenvovlimento tecnológico de qualquer sociedade (da mais evoluída à mais estagnada e pobre) acabará por expandir a banda larga e alargá-la ao maior leque de áreas sociais.
O desenvolvimento do ension e das escoals básicas no nosso país é que em vez de "alargar", recua e torna-se, cada vez, mais deficiente.
cumprimentos

Anónimo disse...

Meu caro amigo, então aqui vai!

1. não sou presunçoso! não suporto é esta mania de toda a gente achar que sabe de tudo. Não estou a ver António Barreto a perceber de banda larga ou afins e sobretudo não faltei ao respeito a ninguém, apenas emiti a minha opinião.

2. Obviamente que as prioridades dependem do ponto de vista mas relativamente à banda larga e ao acesso à internet, do meu ponto de vista esta é uma questão fundamental hoje em dia quando, ultrapassada a revolução industrial (já lá vai o tempo), nos encontramos numa era onde a chave da competitividade é a informação e o acesso à mesma (para o bem e par ao mal - abaixo o lápis azul)

3. Acho perfeitamente descabida a associação banda larga/net e crianças obesas, netdependentes com mais conflitos pessoais e familiares (se me conseguir sucintamente explicar onde se baseia para chegar a essas conclusões para além da sua opinião pessoal, agradeço)

4. Quando diz que a banda larga acabará um dia por....é como tudo o que acontece geralmente neste país..um dia seremos bons, um dia seremos competitivos etc etc etc

Enfim, pense apenas que se não fosse a net não existia o Debaixo dos Arcos e outros

Cumprimentos

Botaréu

Migas (miguel araújo) disse...

Caro Botaréu
Não sou obviamente contra a Net. Até porque sou informático.
Mas sou contra o perigo (e acredite que há inúmeros) do seu uso, principalmente (e não só) quando mal utilizada.
Exemplos dos problemas que afectam as crianças e os jovens com a net, daria-lhe muitos, imensos e os mais variados que queira. estaria era aqui a noite toda e não terminaria.
Digo-lhe apenas que muitos passam anualmente pelas minhas mãos equanto no exercício da minha actividade lúdica de treinador de basquetebol de formação. E acredite que esta época já tive alguns em mãos. Portanto, sei do que falo.
Quanto ás prioridades, como já referi não concordo com as suas, em bora as respeite porque me parece um aceso defensor das mesmas.
Não contrario o facto de as novas tecnologias e a ciência/engenharia informática serem importantes para o desenvolvimento económico do país. O problema é quando, a coberto dessa importância, esquecemos os seus alicerces: o desenvolvimento estruturado (económico - científico - social e cultural).
Ou funciona como um todo ou não funciona pura e simplesmente. É "show of" e pura demagogia.
Cumprimentos