“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

09 outubro 2011

Deixa passar esta linda brincadeira…


Terminaram as eleições regionais na Madeira.

Primeiro, vamos aos factos (números):
PSD 48,6% (25 deputados); CDS 17,6% (9); PS 11.5% (6); PTP 6.9% (3); PCP 3.8% (1); PND 3.3% (1); PAN 2.2%(1); MPT 1,9%(1); BE 1,8% (0).

PSD alcança a maioria absoluta no limiar (2 deputados) e regista o pior resultado de sempre (a soma do número absoluto de votos na oposição é superior à registada no partido).
O CDS tem o melhor resultado de sempre e a maior subida em relação aos resultados de 2007.
PS, PCP e BE têm quedas acentuadas e muito significativas.
José Manuel Coelho capitaliza o seu mediatismo e, desta vez com a “bandeira” do Partido Trabalhista, alcança o número suficiente de votos para eleger três deputados.

Análise
Para muitos que consideram que os madeirenses são cobardes, medrosos, influenciáveis, a melhor resposta foi dada hoje nas eleições regionais na Madeira. E foi dada a vários níveis.
Primeiro, é um facto que Alberto João Jardim foi penalizado pelos recentes acontecimentos e pelo desgaste de 36 anos à frente dos destinos da Madeira (recorde-se que 2007 foram uma eleições atípicas). Este foi, apesar de manter a maioria (o que não deixa de ser notável), o pior resultado de sempre. Por outro lado, independentemente da sua peculiaridade discursiva e de reacção, é certo que este será o seu último mandato que será marcado por um período de austeridade que a dívida acumulada (e só agora desvendada) imporá. Aliás, algo que os madeirenses devem estar conscientes: acabou-se o tempo das “vacas gordas”.
Mas também não deixa de ser verdade que, apesar da conjuntura, dos ataques da oposição que em peso (da direita à esquerda) se deslocou à ilha durante a campanha, o povo da Madeira reconhece em Alberto João Jardim a capacidade para continuar a gerir os destinos, mesmo que difíceis, madeirenses.
A dúvida que resta é a de se saber se Alberto João jardim terminará o mandato ou sairá (com mais ou menos glória) deixando o legado madeirense a alguém da sua confiança (ou do partido). Por exemplo, o presidente da autarquia do Funchal, Miguel Albuquerque.

O grande vencedor das eleições, de facto, é o CDS que alcança um resultado histórico e passa de quarta para segunda força política e muito perto de ter alcançado um dos seus objectivos que era o de retirar a maioria absoluta a Alberto João Jardim.
Foi no CDS que uma grande parte dos madeirenses encontrou alternativa capaz para fazer frente aos desafios que se advinham. Não sendo de excluir a relevância que o partido de Paulo Portas detém no espectro político do continente.

Por outro lado, não colhe o argumento de que estas eleições regionais não têm reflexo ou paralelismo na política nacional. Se assim fosse, o empenho, a argumentação e as acusações/ataques políticos proferidos pelas lideranças dos partidos políticos nacionais (António José Seguro à cabeça) não teria sido tão significativo e relevante.
O certo é que, após a eleição para secretário-geral do PS, Seguro tem aqui a sua primeira derrota e de forma expressiva. Um pouco reflexo do que tem sido a sua acção como líder da oposição.
E António José Seguro é, no caso da Madeira, “coadjuvado” por um PCP que perde relevo partidário (para além de um deputado) e por um BE que quase desaparece do panorama político madeirense ao situar-se na nona força política, com uns insignificantes 1,8% de preferência eleitoral e nenhum deputado eleito. Com a curiosidade de o Partido dos Animais (PAN) ter elegido um deputado e ter ficado acima do BE nas preferências dos eleitores.

Tudo o resto é Bailinho da Madeira… sendo certo que a música vai ser outra, nos próximos tempos.

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