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21 agosto 2011

A semana em resumo - 21.08.2011

Publicado na edição de hoje, 21 de Agosto, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo…


1. Sobe e desce
Enquanto vão aumentando as medidas de combate à crise e de execução do acordo de ajuda externa, vão crescendo os sacrifícios das famílias e das empresas, enquanto de aguardam as políticas de redução das despesas do Estado, a economia portuguesa estagna e entra em ligeira recessão.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística – INE, o Produto Interno Bruto diminui 0.9% (face a igual período de 2010), sendo a queda associada à diminuição do investimento e à quebra no consumo das famílias. Já no primeiro trimestre de 2011 a economia portuguesa tinha caído 0.6%.
Para ilustrar o estado da economia nacional importa referir que, no mesmo período (segundo semestre), segundo os dados divulgados esta semana pelo Eurostat, a Zona Euro viu a “sua” economia crescer 1.7%.
Por outro lado, neste sobe e desce de dados estatísticos, o Banco de Portugal assinalou que o consumo das famílias registou, no mês de Julho, uma quebra na ordem dos 3.4%. Este registo só vem demonstrar o impacto das medidas de austeridade já aplicadas ou anunciadas no rendimento disponível e nas finanças domésticas da maioria das famílias portuguesas.

2. Aumenta e diminui
O número de empresas que fecharam as suas portas, nos primeiros três meses deste ano, aumentou 23% em relação a 2010. Segundo dados do Ministério da Justiça (e divulgadas pelo jornal Público), o número de dissoluções situou-se nos 5013 encerramentos de empresas. No entanto, o primeiro trimestre de 2011 resultou num saldo francamente positivo (5509) já que foram constituídas ou criadas 10.522 empresas.
As três áreas de negócio onde se registou um maior número de encerramentos foram no comércio, no sector imobiliário e na restauração, fruto da dificuldade que as sociedades têm em contrair empréstimos para investimento e ao acentuar da quebra do consumo.
Apesar da diminuição, no segundo trimestre, do número de desempregados em cerca de 0.3% (situando a taxa de desemprego nos 12.1%). Esta diminuição tem a ver com a entrada, essencialmente no mês de Junho, com o período forte de trabalho sazonal relacionado com a época de verão, e que não acompanha o aumento do número de sociedades comerciais constituídas.
Segundo o INE, em Portugal existem cerca de 670 mil desempregados.
A confirmar a primeira avaliação da Troika à execução do memorando de ajuda externa e a sustentar o apelo à “paz social” feito pelo Primeiro-ministro na festa do Pontal, há uma semana, a tendência do número de desempregados é para o registo de um aumento até ao final deste ano, com a previsão do governo a situar-se nos 12.5%, mas que ultrapassará os 13% no próximo ano.

3. Verão do descontentamento
Não bastava a ausência de um verão apelativo, em pleno Agosto, os portugueses (alguns) não hesitam em acrescentar-lhe o factor risco (e nalguns casos, um risco fatal).
Apesar de alguns casos conhecidos e que provocaram a morte a cidadãos, apesar dos avisos nos locais próprios e visíveis, os cidadãos teimam (e só por teimosia se entende o risco) em desafiar a natureza e colocara-me, nas praias, há sombra das arribas. E a semana que passou não foi excepção com o desabamento de uma parte de uma arriba em Peniche, na praia de S. Bernardino, causando ferimentos graves em seis pessoas que se encontravam a poucos metros do aviso para o perigo de derrocada. Se não é por teimosia, terá de ser mesmo por estupidez.

4. Acidente político a alta velocidade
Ainda estará por apurar que impacto interno tiveram as declarações do super ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, sobre o TGV, num encontro com o seu homólogo espanhol, realizado em Madrid. No final dessa reunião, Santos Pereira referiu aos jornalistas que o processo do TGV – projecto da rede de alta velocidade, não está totalmente suspenso, sendo que, segundo o ministro, no mês de Setembro será conhecida a posição final e definitiva do Governo português. Nesta fase, Governo português está a reavaliar o processo do projecto de alta velocidade.
Mas estas afirmações de Álvaro Santos Pereira já criaram algum mal-estar nas hostes do PSD, por contradizer totalmente o que foi o discurso do PSD enquanto oposição e na campanha eleitoral sobre a matéria (como se pode comprovar pelas declarações públicas do deputado social-democrata, Carlos Abreu Amorim, cabeça de lista eleito pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo), em que o discurso pautou sempre por classificar o investimento de despesismo em tempos de crise, com muitas dúvidas sobre a sua sustentabilidade futura e rentabilidade, e não havendo alterações de fundo às circunstâncias, continua a sua injustificada implantação.
Foi o primeiro, significativo, deslize governamental a alta velocidade.

Uma boa semana… E boas férias, se for caso disso apesar do tempo!

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