“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

20 fevereiro 2011

Resumo da Semana - 20.02.2011

Publicado na edição de hoje, 20.02.2011, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo… sem (e)moção!


Economicamente desastrosa
Do ponto de vista social e económico a semana não podia ser mais negra e mais preocupante, sem que o Governo de José Sócrates não perceba que, neste momento, entre o recurso ao Fundo de Emergência Europeu ou ao FMI a diferença é muito pouca ou nenhuma.
O ano de 2010 terminou com o PIB a cair 0,3% em relação aos meses anteriores, o consumo diminuiu face às dificuldades financeiras que as famílias e os cidadãos se deparam, a inflação aumentou e o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, já veio afirmar que Portugal se encontra em recessão.
A agravar a realidade, mais de 11% (11,1%, mais de 600 mil cidadãos) dos portugueses activos está no desemprego o que potencia a instabilidade social, a insegurança, a contestação.
Sem (e)moção
Mas a semana ficou claramente marcada pela inconsequência política de uma moção “aniquilada” à nascença, vetada ao fracasso por responsabilidade dos seus proponentes: o Bloco de Esquerda.
Primeiro pelo timing e pela oportunidade política, completamente a despropósito.
Segundo pela incoerência da posição política do líder bloquista que quatro dias antes se insurgiu contra uma eventual apresentação de moção de censura ao governo, por parte do Partido Comunista.
Terceiro porque ficou óbvio que esta irresponsabilidade política do BE teve como principal objectivo distanciar-se do PS e limpar a péssima imagem resultante da última campanha presidencial e no desastre que foi o apoio conjunto a Manuel Alegre.
Quarto pela péssima estratégia usada. Uma moção de censura ao Governo só faz sentido se tiver como objectivo o “derrube” desse mesmo governo. Se assim não for é pura retórica e é o esvaziamento e banalização de um dos mais importantes processos parlamentares. Daí que a tentativa de remediar a precipitação com o anúncio da moção tenha sido ainda pior. É que para a moção passar ela teria que ter o aval dos partidos à direita do PS. Atacando-os, estendendo os pressupostos e os fundamentos políticos para além da esfera governativa foi o mesmo que votar contra à própria proposta, inviabilizando qualquer apoio necessário para a aprovação da moção de censura.
Falar claro. Agir com ética e responsabilidade
Face à realidade que o país enfrenta (interna e externamente), face aos sacrifícios colectivos (ou só para uma parte do colectivo) resultantes das políticas e medidas de austeridade já aplicadas e as que ainda virão a ser necessárias, todas as acções que o governo possa desenvolver para diminuir a despesa pública e facilitar a execução orçamental, promovendo a justiça social, são sempre bem-vindas.
Daí que o anúncio da extinção de cerca de uma centena de cargos de chefia na Segurança Social, tutelada pelo Ministério do Trabalho, é uma medida que deve ser aplaudida e enaltecida. Significa uma clara preocupação na gestão de recursos humanos e financeiros. Aos olhos do comum dos cidadãos, tal facto significa a redução substancial de despesa.
Mas “não há bela sem senão”… e como diz o ditado popular “ quando a esmola é grande o pobre desconfia”. É que a maioria desses cargos/lugares encontra-se vazia. A isto chama-se enganar o povo, ou se quisermos, “tapar o sol com a peneira”.
Finalmente o óbvio.

Era preciso uma enorme balbúrdia, uma total falta de respeito para com a democracia e os cidadãos, uma total incapacidade de assumir as responsabilidades que, sim, são políticas também?!
Era preciso, ao fim de quase 37 anos de democracia, condicionar e inibir o exercício do mais elementar direito fundamental democrático que é o acto de votar?!
Não, não era.
Retirando o facto da campanha eleitoral ter sido extremamente pobre e fraca, o que afastou muitos dos eleitores do seu exercício de voto (alguns também já confiando numa reeleição do Presidente - face às sondagens), estas Eleições Presidenciais - 2011 revelaram um total flop que é o programa tecnológico nacional e o simplex governativo. Muitos cidadãos não votaram porque não conseguiram obter (via internet, sms ou nas Juntas) o seu número de eleitor.
O Cartão de Cidadão não pode (não deve) conter o número de eleitor porque este (ao contrário dos que lá estão) não é fixo e é alterável sempre que se altera a freguesia de residência.
Mas independentemente do Cartão de Cidadão ou do Bilhete de Identidade para que serve o Número de Eleitor?! Em rigor e na prática… para nada!
Não seria tudo muito mais simples se nos Cadernos Eleitorais constasse o número de identificação pessoal (BI ou CC)?!
Era difícil chegar a esta conclusão?! Claro que não...
Só escusavam de sujeitar o país e os eleitores a este triste circo, que pelos vistos não ficará por aqui, e onde, mais uma vez, a responsabilidade política “morreu solteira” (como se a culpa fosse exclusivamente do Director-geral demitido e do sistema informático). E escusavam de sujeitar o país às tristes explicações e ausência de responsabilidade política e governativa do Ministro da Administração Interna.
Mas o Governo, finalmente, descobriu a pólvora e aprovou a extinção do número e cartão de eleitor. Mesmo que só em Janeiro de 2013. Será um prenúncio eleitoral?!

Boa Semana…

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