“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

27 setembro 2010

Chantagear o Orçamento de Estado

Em política nada é tido como certo (nem as filiações, nem os votos), como garantido, como conclusivo ou final.
Como diz o ditado: “o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira”.
Se retirarmos toda a carga depreciativa e pejorativa da expressão, o seu sentido revela que, em função das circunstâncias em cada momento, podemos esperar sempre recuos e avanços das várias forças partidárias em confronto.
Para já, temos um facto: PSD não negoceia o Orçamento de Estado para 2011 sem conhecer as regras ou os princípios que o governo quer aplicar ao documento. Ou seja, segundo as recentes posições de Pedro Passos Coelho (ainda no rescaldo da reentré política no Pontal) não há “cheques em branco” para este Orçamento, tendo o social-democrata referido que não viabilizaria um orçamento onde constassem aumentos de impostos ou mais deduções fiscais.
À parte as recentes tricas políticas e os “fait divers” que só desviam as atenções do essencial, a falta de argumentação e sustentação políticas dos objectivos do Governo para a concretização do Orçamento, acrescido da incapacidade de diálogo de José Sócrates que apenas sabe governar (nos momentos vitais para o país) em maioria (algo que perdeu nas últimas eleições), fez regressar o conceito chantagista da negociação política: “ou fazem o que eu quero e peço, ou eu bato com a porta”.
A questão está em saber se o sentido de Estado e o da responsabilidade política cabe apenas à oposição e, concretamente (face à obsessão do PS pelo PSD), aos social-democratas.
Porque se assim for, face a esta incompreensível e inaceitável postura de José Sócrates (o retomar da vitimização política – algo que os portugueses já abominam), entendo que o sentido de estado, a coerência e responsabilidade políticas, a alternativa governativa, só pode resultar na coragem do PSD e de Pedro Passos Coelho para dizer “basta”. Se o Governo e José Sócrates não sabem ou não querem negociar e aceitar outras alternativas orçamentais então, de facto, que se demitam porque há quem possa fazer melhor pelo país.

Sem comentários: