“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

20 junho 2010

Falsas demagogias e nacionalismos.

Há algumas (as do costume) pessoas - e personalidades - que se insurgiram contra o facto do Presidente da República (em férias nos Açores) não estar presente no funeral de José Saramago.

Deixe-mo-nos de falsos moralismos, de demagogias balofas...

Morreu um dos grandes nomes da cultura portuguesa...
Nem sempre compreendido, nem sempre se fez compreender.
Era um símbolo nacional?! Não, não o era! Muitos poucos leram, lêem ou virão a ler José Saramago. Por não ser acessível, por não gostarem.

E não colhe o facto de José Saramago ser Nobel da Literatura. De facto, é o único Nobel da Literatura Portuguesa, mas não é o único Nobel português. A memória de muitos portugueses é tão curta, mas mesmo tão curta, que se esquecem do Nobel da Medicina: Egas Moniz.

Além disso, que razões tinha o Presidente da República de estar presente (apesar de ter tido o reconhecimento e ter emitido uma mensagem de pesar) numa cerimónia claramente marcada pelo cariz partidário?!
Depois de um discurso tão eloquente por parte do Secretário do PCP, restam algumas dúvidas?

Por acaso alguém manifestou semelhante preocupação com Raúl Solnado ou Rosa Lobato Faria?!
Por ventura Jerónimo de Sousa foi tão eloquente nessas situações?!

Como referi no post anterior, Saramago é um dos nomes importantes da literatura portuguesa: amado por uns, indiferente a outros.
Li Saramago sem qualquer tipo de constrangimentos, com mais ou menos dificuldade, numa ou noutra obra (também ainda não li tudo).
Mas isso basta. Faleceu o Prémio Nobel da Literatura. Ponto!

5 comentários:

Anónimo disse...

Ora aqui está um texto cheio de disparates! A.L.

Moura Aveirense disse...

Gostos não se discutem, e da diversidade de opiniões se evolui (aliás, Saramago gostava de um bom confronto de opiniões! :) ), mas discordo de vários pontos do seu texto:

- «Era um símbolo nacional?! Não, não o era!»

Sim, era, uma das pessoas que mais orgulhosamente levou o nome de Portugal lá fora.

- «Muitos poucos leram, lêem ou virão a ler José Saramago. Por não ser acessível, por não gostarem»

Por favor não menospreze os muitos leitores de Saramago!! Somos muitos, felizmente!! Não ser acessível?? A ausência de parágrafos, pontos finais e travessões não dificulta em nada a leitura do texto, baseado no discurso falado...

- Por maiores que tenham sido Raul Solnado e Rosa Lobato Faria (ao seu estilo), não os compare ao génio de Saramago (principalmente a senhora, IMHO...).

- Por fim, aconselho principalmente "O Ensaio sobre a Cegueira" e "As intermitências da Morte". O "Memorial do Convento" e "O ano da morte de Ricardo Reis" são igualmente formidáveis, mas os primeiros que mencionei são especiais...

Boas leituras! Saudações,

Moura Aveirense

Migas (miguel araújo) disse...

Moura Aveirense
Minha Cara... bem-vinda.
Vamos ver melhor o que eu quis dizer, para não haver más interpretações (pelo menos nalguns aspectos).
Acredito e aceito perfeitamente poder ter cometido alguns lapsos de explanação.

Primeiro, permita-me que refira que o meu comentário tem apenas a ver com a polémica (ou tentativa de) em torno da presença ou não presença de Cavaco Silva no funeral de José Saramago. E essencialmente em relação ao aproveitamento político em vez do realce da obra (que eu li parte - "O ano da morte de Ricardo Reis" pode trocar pela "Jangada de Pedra").

Quando digo símbolo nacional refiro-me a institucionalidade e ao protocolo de estado: por exemplo, antigo presidente da república, primeiro-ministro, conselheiro de estado, etc.
É óbvio que o segundo Nobel na história de Portugal não pode nem deve ser menosprezado pelo P.República (e não o foi).
Mas já agora, sem querer pessoalmente comparar (até porque EU não comparo), mas sempre gostaria de ver as reacções quando for o caso de Eusébio ou Cristiano Ronaldo ou Luís Figo...

E eu não menosprezo os leitores de Saramago, se não estava a menosprezar-me a mim mesmo. Mas não sejamos "mais papistas que o Papa": não somos assim tantos.
E não é acessível, minha cara. E não me refiro ás virgulas porque eu li, de enfiada o Evangelho (por exemplo). É mesmo uma questão de conteúdo e de mensagem...

Quanto ao Raúl Solnado ou Rosa Lobato Faria ou Amália ou outra comparação de personalidades, vai-me desculpar mas isso são SIMPLESMENTE questões de opinião e gosto pessoais. E isso, como diz o ditado, não se discute.

Volte mais vezes... É um prazer.
Cumprimentos

Pedro Neves disse...

Miguel, como pessoa, nunca gostei do Saramago. Nunca. Mas queres comparar uma «Nobel» para duas figuras apenas conhecidas em Portugal? Sabes a que países e em que países, Saramago levou a nossa lingua? Os dois exemplos que dás não sao figuras do Mundo como Saramago e a ausencia do nosso presidente da républica no seu funeral é simplesmente escandalosa.

Migas (miguel araújo) disse...

Viva Pedro.
Vamos lá esclarecer...
O conceito de vida e de sociedade de Saramago diz-me, rigorosamente, nada.
Mas se reparares no post anterior e no meu comentário acima, sabes que, embora não propriamente um fã, "consigo" ler e leio Saramago.
Portanto, quanto ao escritor, estamos conversados.
Embora, mesmo sem Nobel, prefira muitos outros, sejam nacionais ou estrangeiros.
Felizmente, gosto muito de ler.
O que quis referir e comentar foi a polémica em torno da NÃO presença de Cavaco Silva no Funeral e do aproveitamento político que quiseram fazer do tema e da circunstância.
A questão não está na relação com o estrangeiro. Está na sua relação com os portugueses.
E há muito bom escritor que leva a língua portuguesa lá fora.
Embora seja triste que nós nem a saibamos cuidar como tal. Vê o TRISTE caso do Acordo Ortográfico... Enfim!
Eu queria ver se os mesmos que agora se insurgem contra a ausência do PR no funeral (embora se tenha feito representar - e não era um funeral de estado) fariam o mesmo se o PR não estivesse presente num eventual funeral do Figo, Ronaldo, Marisa, Eusébio, Paula Rego.
Quero ver o que vale depois essa "mundialização"...
Abraço