Publicado na edição de hoje, 28 de Março, do Diário de Aveiro.
Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.
Uma semana “cor-de-laranja”
Comecemos pelo final da semana (até porque muitas vezes o “mundo afigura-se-nos ao contrário”).
Pedro Passos Coelho é o novo líder social-democrata.
Se para muitos dos militantes do PSD tal seria de esperado e desejado, é certo que a margem e a percentagem expressas em votos (mais de 60% e longe de valores referenciados em várias sondagens reveladas ao longo da semana) foi algo que não estaria nos horizontes da própria candidatura de Passos Coelho.
Desde que existem directas no PSD (quatro), estas foram as eleições mais disputadas, mais vigorosas em termos de combate político interno e mais participativas.
E o resultado é, obviamente, inequívoco, com uma larga maioria dos militantes a optarem, claramente, por um dos candidatos. O tempo de preparação e planeamento da candidatura, de difusão da mensagem e de cativar eleitorado – dois anos – deu a Pedro Passos Coelho uma vantagem que resultou na vitória de sexta-feira.
Mas as eleições não terminaram no passado dia 26 de Março… os próximos tempos no PSD vão ser, necessariamente, momentos de clarificação, de afirmação e de necessária unidade. Mas também de resposta a algumas interrogações naturais.
Internamente, se foi clara a manifestação de apoio de 61% dos militantes que exerceram o seu direito de voto, resta aguardar para verificar qual o impacto desta eleição no universo dos militantes que não votaram, dos que não estavam em condições de o fazer, no simpatizantes (os que exercem o seu direito de voto em eleições nacionais ou locais/regionais não sendo filiados) e nos cidadãos que flutuam o seu sentido de voto em cada momento eleitoral.
Além disso, Pedro Passos Coelho, com o aproximar do próximo congresso, necessita que a sua estrutura promova um forte sentido de unidade interna. Isto porque convém não esquecer que o voto expresso foi individual e pessoal, sendo que na maioria das concelhias e distritais existirá um necessário “convívio” entre um misto de “alegria e vitória” e “frustração e tristeza”.
Tendo como horizonte as próximas legislativas e as alternativas necessárias para que o PSD seja opção governativa, em termos práticos será importante saber como será feita a oposição ao PS e ao Governo de José Sócrates?! E importa igualmente verificar como será a relação entre Pedro Passos Coelho e a bancada parlamentar, registando-se, mais uma vez, a ausência do líder no hemiciclo.
Por fim, e não menos importante, até porque será a primeira prova de fogo a este novo ciclo social-democrata, é interessante verificar como será dada a resposta às eleições presidenciais. Pedro Passo Coelho já o afirmou durante o processo de campanha que se Cavaco Silva se recandidatar será o candidato natural do PSD. Outra coisa não seria de esperar dado o peso histórico e o impacto que o actual Presidente da República tem no eleitorado de direita. O que é importante saber é se Cavaco Silva estará interessado em se recandidatar com esta nova liderança social-democrata.
Ultrapassadas estas dificuldades, é natural que o PSD se posicione como alternativa nas próximas eleições legislativas, eventualmente, com clara vantagem sobre uma governação perfeitamente desgastada.
Contestação Social
O Governo socialista andou, durante os últimos dois anos, a esconder uma realidade económica e social, a encoberto do “fantasma” da crise internacional, que não condizia com o discurso e as medidas e políticas projectadas para o País.
Ao chegar a “hora da verdade” e o necessário confronto com a realidade que o país enfrenta, são agora exigidos aos cidadãos um esforço desmedido para que o país se possa desenvolver, a economia não regrida e o défice das contas públicas possa diminuir. Medidas e políticas que em nada contribuem para a diminuição do desemprego e o crescimento social.
Daí que não seja de estranhar o início da contestação social que se afigura longo: greve dos enfermeiros, greve nos transportes, greve na administração pública, greve na petrolífera nacional, entre outros.
Este é um governo em constante prova de fogo.
Programa de Estabilidade e Crescimento
Por fim, a semana terminaria, também com a aprovação da resolução do Governo relacionada com o Programa de Estabilidade e Crescimento – PEC.
Com a abstenção nada pacífica do PSD (que teve necessidade de aplicar a disciplina de voto, naquele que foi o último acto de Manuel Ferreira Leite como líder do partido) e que se estranha em vésperas de eleições internas, o PEC apresenta-se com o lado negro da governação de José Sócrates. O programa que mais se aproxima do estado do País e da própria oposição a um discurso que sempre tentou demonstrar um lado optimista em relação à economia nacional, longe da própria realidade: agravamento da carga fiscal, maior endividamento familiar, menores apoios sociais, desequilíbrios regionais, desequilíbrios de investimento público, maior dificuldade no crescimento económico e do emprego, maior custo de vida, menos estabilidade social.
Boa Semana…
Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.
Uma semana “cor-de-laranja”
Comecemos pelo final da semana (até porque muitas vezes o “mundo afigura-se-nos ao contrário”).
Pedro Passos Coelho é o novo líder social-democrata.
Se para muitos dos militantes do PSD tal seria de esperado e desejado, é certo que a margem e a percentagem expressas em votos (mais de 60% e longe de valores referenciados em várias sondagens reveladas ao longo da semana) foi algo que não estaria nos horizontes da própria candidatura de Passos Coelho.
Desde que existem directas no PSD (quatro), estas foram as eleições mais disputadas, mais vigorosas em termos de combate político interno e mais participativas.
E o resultado é, obviamente, inequívoco, com uma larga maioria dos militantes a optarem, claramente, por um dos candidatos. O tempo de preparação e planeamento da candidatura, de difusão da mensagem e de cativar eleitorado – dois anos – deu a Pedro Passos Coelho uma vantagem que resultou na vitória de sexta-feira.
Mas as eleições não terminaram no passado dia 26 de Março… os próximos tempos no PSD vão ser, necessariamente, momentos de clarificação, de afirmação e de necessária unidade. Mas também de resposta a algumas interrogações naturais.
Internamente, se foi clara a manifestação de apoio de 61% dos militantes que exerceram o seu direito de voto, resta aguardar para verificar qual o impacto desta eleição no universo dos militantes que não votaram, dos que não estavam em condições de o fazer, no simpatizantes (os que exercem o seu direito de voto em eleições nacionais ou locais/regionais não sendo filiados) e nos cidadãos que flutuam o seu sentido de voto em cada momento eleitoral.
Além disso, Pedro Passos Coelho, com o aproximar do próximo congresso, necessita que a sua estrutura promova um forte sentido de unidade interna. Isto porque convém não esquecer que o voto expresso foi individual e pessoal, sendo que na maioria das concelhias e distritais existirá um necessário “convívio” entre um misto de “alegria e vitória” e “frustração e tristeza”.
Tendo como horizonte as próximas legislativas e as alternativas necessárias para que o PSD seja opção governativa, em termos práticos será importante saber como será feita a oposição ao PS e ao Governo de José Sócrates?! E importa igualmente verificar como será a relação entre Pedro Passos Coelho e a bancada parlamentar, registando-se, mais uma vez, a ausência do líder no hemiciclo.
Por fim, e não menos importante, até porque será a primeira prova de fogo a este novo ciclo social-democrata, é interessante verificar como será dada a resposta às eleições presidenciais. Pedro Passo Coelho já o afirmou durante o processo de campanha que se Cavaco Silva se recandidatar será o candidato natural do PSD. Outra coisa não seria de esperar dado o peso histórico e o impacto que o actual Presidente da República tem no eleitorado de direita. O que é importante saber é se Cavaco Silva estará interessado em se recandidatar com esta nova liderança social-democrata.
Ultrapassadas estas dificuldades, é natural que o PSD se posicione como alternativa nas próximas eleições legislativas, eventualmente, com clara vantagem sobre uma governação perfeitamente desgastada.
Contestação Social
O Governo socialista andou, durante os últimos dois anos, a esconder uma realidade económica e social, a encoberto do “fantasma” da crise internacional, que não condizia com o discurso e as medidas e políticas projectadas para o País.
Ao chegar a “hora da verdade” e o necessário confronto com a realidade que o país enfrenta, são agora exigidos aos cidadãos um esforço desmedido para que o país se possa desenvolver, a economia não regrida e o défice das contas públicas possa diminuir. Medidas e políticas que em nada contribuem para a diminuição do desemprego e o crescimento social.
Daí que não seja de estranhar o início da contestação social que se afigura longo: greve dos enfermeiros, greve nos transportes, greve na administração pública, greve na petrolífera nacional, entre outros.
Este é um governo em constante prova de fogo.
Programa de Estabilidade e Crescimento
Por fim, a semana terminaria, também com a aprovação da resolução do Governo relacionada com o Programa de Estabilidade e Crescimento – PEC.
Com a abstenção nada pacífica do PSD (que teve necessidade de aplicar a disciplina de voto, naquele que foi o último acto de Manuel Ferreira Leite como líder do partido) e que se estranha em vésperas de eleições internas, o PEC apresenta-se com o lado negro da governação de José Sócrates. O programa que mais se aproxima do estado do País e da própria oposição a um discurso que sempre tentou demonstrar um lado optimista em relação à economia nacional, longe da própria realidade: agravamento da carga fiscal, maior endividamento familiar, menores apoios sociais, desequilíbrios regionais, desequilíbrios de investimento público, maior dificuldade no crescimento económico e do emprego, maior custo de vida, menos estabilidade social.
Boa Semana…
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