“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

22 agosto 2008

Um Postal de Paris

Publicado na edição de ontem (21.08.2008) do Diário de Aveiro.

Sais Minerais
Postal de Paris.

De regresso após cinco dias em terra chamada da cidade da luz e do conhecimento; das revoluções e das aventuras napoleónicas: da torre férrea, do arco triunfal, dos palácios, da ópera e da vida boémia de Montmartre (Moulin Rouge)… Fora do centro citadino, 15 anos de sonhos de infância proporcionados por mil metros quadrados de Disneyland.
Muitos conhecerão mais pormenorizadamente esta Paris “à grande e à francesa”. Por isso, não caberá aqui qualquer tipo de roteiro turístico.
Mas é inevitável alguns aspectos comparativos e que merecem alguma referência. Porque se é possível “lá fora”, porque não o é igualmente “cá dentro”?!
Parte da Frente.
Quando se caminha (e muito) pelas ruas de Paris, em determinadas alturas, damos pelos nossos olhos a fixarem a nossa atenção (acentuada pela deformação profissional) em aspectos curiosos, distintos dos museus e palacetes: a mobilidade parisiense. Mais concretamente na enorme quantidade de veículos de duas rodas (motorizados ou não) que coabitam com o trânsito de uma enorme cidade, proporcionando alternativas de deslocação e movimentação das pessoas. Quer em ciclovias próprias, quer utilizando os inúmeros corredores BUS ou, simplesmente, nas faixas de rodagem das vias.
E entre motas, motociclos, bicicletas particulares, damos por nós a contemplar um serviço público de mobilidade utilizando as “vélos”: bicicletas da autarquia, disponíveis em muitos parques, com sistema próprio - vélib. Sistema iniciado em 2001, conta com 20 600 bicicletas 1451 parques.
O sistema é gratuito na primeira meia hora de utilização, sendo tarifado nos períodos de utilização seguintes, quer através de cartão próprio recarregável ou por débito directo em conta bancária.
É certo que sistemas de mobilidade como este existem por essa Europa fora (Dinamarca, Áustria, Holanda, Espanha, Reino Unido, Suécia) e em zona mais longínquas como Canadá e Austrália. Obviamente, também por cá, com o pioneirismo do sistema BUGA.
Mas se em Paris funciona, poder-se-á dizer, na perfeição, porque não acontece o mesmo por cá?!
Lado do Verso.
Outro aspecto (ou outro lado, se quisermos) que merece uma inevitável comparação é a forma como o Estado Francês e outras Instituições Públicas dão “vida” aos pontos de referência da história da cidade e da nação, ou seja, aos monumentos. Para além da inquestionável preservação arquitectónica dos mesmos, a forma interessante de os manter “vivos” é a sua utilização para a instalação dos serviços públicos: justiça, defesa, segurança, saúde, etc.
Não se encontra um monumento deserto ou pura e simplesmente para “turista ver”. Abre-se a história francesa ao público, coabitando com a necessidade do serviço público.
Gestão de recursos do património.
Por cá… bem, é o que se sabe!


Ao sabor da pena… (enviado em Correio Azul).

1 comentário:

ZÉ FAGOTE disse...

Parabéns Miguel.
Gostei da narração. O meu amigo tem um jeito muito especial para comunicar. Quem sabe se um dia eu não me sentirei vaidoso por ter compartilhado e mantido correspondência consigo, e não teremos uma placa como aquela que há ali na Costa nova no palheiro do "Zé estevão" a dizer que fulano manteve conversações "bloguistas" com sicrano?
Vinha logo para a praça pública dizer:
Fui eu, fui eu!
Saía logo do anonimato.
Toda a gente tem um preço.
Eu, para ficar ilustrado para a posterioridade "vendia-me"...
E acho que era por um preço justo!
Um abraço.