“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

17 julho 2008

Inclusões!!!!

Publicado na edição de hoje (17.07.2008) do Diário de Aveiro.

Crónicas dos Arcos
Inclusões.


A história social portuguesa demonstra um povo habituado ao fluxo da emigração, desde há muitos anos e até aos nossos dias.
Mesmo considerando a dureza do êxodo e o sacrifício da aceitação de qualquer tipo de trabalho (nomeadamente os que exigem maior esforço e sazonais), os portugueses, salvaguardando casos pontuais de degradação humana em Espanha, Holanda, Alemanha e Finlândia, souberam criar raízes, souberam aproveitar bem as oportunidades que se lhes depararam, ultrapassar dignamente as dificuldades e integrarem-se com êxito nas sociedades para onde partiram. Na maioria dos casos (salvo as excepções) os portugueses, espalhados pelos quatro cantos do mundo, são um exemplo claro de uma inclusão social mais ou menos positiva.
Daí que, juntando os nossos feitos gravados na história de muitos séculos, Portugal seja, por natura, uma nação de “portas e braços abertos”, mesmo que se reconheça um certo “racismo e xenofobismo” não declarado.
Por isso, falar de questões relacionadas com a inclusão social de etnias distintas da nossa, comporta sempre o risco de um certo sabor a exclusão, diferenciação ou, pelo extremo, anarquia.
As recentes situações descritas nos meios de comunicação social, reflectindo os acontecimentos no Bairro da Quinta da Fonte, em Loures, transportam-nos, para além da recordação dos acontecimentos em França e da questão da segurança pública, para a reflexão sobre a igualdade, os direitos humanos, os deveres sociais, a inclusão social.
Se por um lado, não é pacífico, confrontando com a nossa história, limitar as fronteiras, numa sociedade cada vez mais global e abrangente, não deixa de ser preocupante que o país não crie condições estruturais para a interculturalidade, a inclusão social igualitária de outros povos, proporcionando a sua integração plena a nossa sociedade.
A par disso, a sociedade e as suas estruturas governativas (seja a nível nacional, regional ou local) têm o condão de esquecer estudos e trabalhos específicos realizados na área (como o recente estudo social realizado em Aveiro focado sobre a etnia cigana) e, teimosamente preferem a criação dos bairros sociais (guetos) que mais não são que verdadeiros encaixotamentos dos “indesejados” à nossa porta, sem preocupações de integração, de garantia de direitos, deveres e igualdades, que promovam a inclusão, a segurança e o desenvolvimento social das localidades, regiões e do país.
Não sendo assim, o país corre o risco de se tornar, aos poucos, um verdadeiro barril de pólvora (em relação ao qual os media estarão sempre atentos) e será sempre legítimo questionar a eficácia das actuais políticas de imigração.
Portugal, pelo seu passado e presente histórico-social, não pode esquecer o ideal em que todas as comunidades consigam partilhar conhecimentos e experiências, em prol do seu desenvolvimento sustentável.
Assim progride a nação. Assim cresce uma sociedade preocupada.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se me permite um conselho de amigo: deixe de terminar os seus textos sempre com o "Assim progride a nação. Assim cresce uma sociedade preocupada."
1º porque o meu amigo não é um autor de renome (espero não o ter chocado com esta revelação), a quem se perdoa tudo... até um modo kitsch de terminar textos.
2º porque sinceramente não o quero ver objecto de gozo público - e já vi, lamento - como aquele outro escritor de trazer por casa que andava sempre no DA com o "meu querido Beira-Mar". Até ele se deixou disso. Lembra-se? Pois é, nós também...
À parte isso, o resto está bem.
Cumprimentos.