“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

28 outubro 2007

A verdade nua e crua

Esta é que é a verdadeira realidade do país que temos: pobre, assimétrico no seu desenvolvimento e na distribuição das suas infra-estruturas, com graves deficiências ao nível cultural, político e social.

Enquanto andamos preocupados com floreados constitucionais europeus; com megalomanias de aeroportos e altas velocidades; choques tecnológicos num país onde existem zonas sem as mais elementares necessidades básicas.

Esquecemos a verdadeira realidade nacional: somos um país pobre e à beira da falência.

4 comentários:

Terra e Sal disse...

Caríssimo Miguel:
De quando em vez desapareço da circulação e do contacto com os mais íntimos, mas sempre com vontade de regressar e de com eles conviver.
Prometo a mim próprio que vou lá hoje, depois fica para amanhã, e apareço quando calha.
Mas olhe que tenho lido as suas crónicas no D.A.
Depois, sou um ingénuo, você sabe. Quando dou por ela e sem saber como, estou metido numa cruzada. Entro sem dar por ela, e depois, vejo-me às aranhas para sair das contendas embora em verdade se diga que os contendores, é gente pouco afoita, sem jeito e sem graça.

Concordo que a coisa neste país está feia para todos nós em geral, e não só para uns tantos a que nós muitas vezes por comodidade e para nos reconfortarmos, considerarmos com falta de juízo.
Admito que haja pessoas que são levianas ao ponto de gastarem aquilo que não devem em supérfluos, e que a sociedade hoje em dia, infelizmente, considera “respeitabilidade.”

Mas há outras, penso que a maioria, de boa fé. E no intuito de dar mais comodidade e dignidade à sua família, mete-se a comprar uma casa ou apartamento, que para seu conforto (já que muitas vezes o subconsciente reprova) mentalizam-se com alguma razão, que vão passar uma vida a pagá-la mas que vale a pena já que, ficará como pecúlio para os seus descendentes.
Claro que, pelo meio há os inconvenientes ou as vantagens, não sei, de um dia para o outro, essa tal família se desmoronar.
Os bancos, ao contrários de que muitas vezes apregoam não têm como função ajudar a desenvolver um país, seja o nosso, ou outro qualquer, nem tão pouco têm ou querem ter funções sacerdotais para aconselharem ou ajudarem a decidir pelo sim ou pelo não, os menos informados.
A sua função primeira é ter lucros e grandes, mas na minha opinião eles são tão exagerados que para mim, aquilo não são lucros, são uma coisa bem diferente.
Os Governos algumas vezes vêm pregar moralidades à banca, até parece que os assustam, mas todos sabemos que é fogo de vista que serve para os banqueiros sorrirem.
Exploram ao abrigo da lei quem lá vai, e exploram à margem da lei, quem para eles trabalha.

Bem, mas o pior é que, enquanto uns aproveitam o “filão” da desgraça dos outros, para encherem o fundo das costas de dinheiro, nós, os trabalhadores, não temos meios de criar riqueza, ou roubar a riqueza que devia ser de todos..

Os Governos sejam eles quais forem, não conseguem ser os mediadores de coisa nenhuma nem tão pouco serem a alavanca de formarmos nas nossas Escolas e Universidades, gente capaz e competente para dar a volta a isto tudo como fizeram outros países mais atrasados que nós, como por exemplo a Irlanda.
Depois de nós, já entraram na E.U. não sei quantos países, e todos eles, passados meia dúzia de meses posicionam-se à nossa frente, e meu Caro, não nos podemos queixar contra ninguém, porque têm cá entrado, milhões e milhões de Euros.

Se agora estamos assim, pouco mais que a estaca zero, imagine como ficaremos quando a U.E. fechar de vez a torneira, e olhe que já não falta muito.

Depois, ouvimos o Governo da Europa dizer que nos estamos a portar muito bem e que até o défice está a diminuir e que vamos no bom caminho. Todos nós ficaríamos contentes se soubéssemos que efectivamente estávamos a atingir a média dos outros, através de criação de riqueza, de mais valias, de exportações, de tudo o que trouxesse divisas ou euros.
Mas nada disso está a acontecer, e o que cá entra é uma miséria "franciscana."

Apenas pagamos mais impostos e cada cidadão tem mais restrições de vida. A nossa “riqueza apregoada” está na “fome” que passamos, e não nas “receitas” que criamos…

Gostaria de ver a luz ao fundo do túnel se das nossas Escolas e Universidades, saíssem técnicos que de diploma no “bolso” aqui ou lá fora se impusessem.
Que fossem disputados pela Espanha, França, Alemanha ou qualquer outro país circunvizinho. Mas nada disso vislumbro a curto ou médio prazo.
Como VC diz e bem, se continuarmos assim vamos cair na falência, falência de tudo.

Vamos ser uma tabuiinha à deriva no mar imenso em que se vai transformar a União Europeia.
Com amizade aqui lhe deixo para aí uns 700 caracteres atabalhoados, mas eu, não sou diferente da maioria dos meus concidadãos, é esta a única riqueza que tenho para lhe dar, e com ela, tem de se saber governar:)
Um abraço e amizade

AC disse...

Porreiro pá!

Abraço

Migas (miguel araújo) disse...

Meu caro Terra&Sal
Seja bem vindo. É sempre bom tê-lo por cá e é sempre triste a sua ausência. Mesmo que seja por boas causas e pelo seu indiscutível empenho.
Apraz-me concordar inteiramente consigo (e não é com receio dos seus sempre interessantes puxões de orelhas).
É que a realidade das finanças familiares é coisa preocupante.
Se podemos sempre alegar que todos temos que ser responsáveis, também não podemos deixar de afirmar que todos temos direito (até pela nossa constituição) ao bem estar, a uma habitação digna, à educação, à saúde, etc. Somemos isso tud e vamos ver que dinheiro nos sobra, com salários baixos e inflacção alta.
Resta o recurso ao crédito.
E volto a concordar consigo.
A maioria dos portugueses tem uma relação de ódio com o nosso sistema de finanças.
Mas eu entendo que quem nos vai ao bolso, deliberadamente, sem qualquer tipo de escrúpulos e, na maioria dos casos, de forma pouco honesta e até enganadora (basta ver o aliciamento publicitário que é feito) é a nossa BANCA.
E com a conivência do governo.
Um abraço forte

Migas (miguel araújo) disse...

Caro Abel
É a nossa europa, meu caro.
É a nossa europa. Pelo menos somos o 17º país (dos 27 claro e alguns são bem recém nascidos nestas coisas). Ou seja ainda vai durar um ou dois anitos até nos afundarmos mais.
Força com a nossa causa.
Cumprimentos