“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

09 junho 2007

"3 em 1" - Breves Notas

Publicado no Diário de Aveiro, na edição de 5ª feira (07.06.07).

Crónicas dos Arcos
“3 em 1”. Breves notas…


A OTA não voa.
A economia, a produtividade, o poder de compra, o emprego e o desemprego, o endividamento familiar e empresarial, as taxas de juro, a insegurança laboral, a corrupção, a educação, a saúde, a assimetria regional do país, são temas que, independentemente do posicionamento individual, são uma realidade do quotidiano de cada um dos cidadãos.
No entanto, a agenda do mediatismo político (na maioria dos casos agregado à sua mediocridade) obriga à reflexão de outras questões nacionais.
Depois de muitos estudos e encargos inerentes aos mesmos e depois de polémicas e inúmeros debates (entre muitas prepotências), e quando já nada o fazia prever (apenas o “deserto” da margem sul do Tejo), eis que o tema OTA volta à análise política e pública. Pelo bom senso… Mas será que pelas melhores razões analíticas? O que será mais importante agora debater? A sua localização mais a norte ou a sul? Penso que o país e os portugueses necessitam é de uma análise mais objectiva: é urgente, impreterível e importante para o desenvolvimento nacional um novo aeroporto?! E já agora, por exemplo, esta questão poderia ser referendada. Porque não?!

O ensino informatizado
Há um recém anuncio governamental (e logo pelo voz do seu responsável máximo) do investimento na informatização escolar e como incentivo ao desempenho académico dos alunos.
Embora a realidade do ensino no nosso país tenha outras questões que merecem maior preocupação (a realidade profissional dos docentes, uma reforma do ensino consistente, o descuidado e irrealista encerramento de inúmeras escolas primárias, o insucesso escolar e a inadaptação do ensino, etc.), permito-me concordar, genericamente, com a aposta governativa.
Como refere o sociólogo espanhol Manuel Castells, a realidade actual da sociedade assenta nas novas tecnologias da informação. E esta é uma realidade que já ninguém, nesta dimensão social globalizada pode colocar em causa.
Não aceitar e não perceber este novo conceito de construção social e de interacções através das novas tecnologias, é correr o maior risco que esta realidade comporta: a infoexclusão, que gere maior distanciamento entre aptos e inaptos, entre desenvolvidos e subdesenvolvidos e entre ricos e pobres (sejam eles a nível individual ou colectivo).
É certo que os problemas de fundo que afectam o nosso sistema de ensino (básico, secundário e, até mesmo, superior) devem ser, obviamente, prioritários. Mas que essa prioridade não provoque, simultaneamente, a estagnação da sociedade e do seu desenvolvimento, nomeadamente, através das gerações futuras e da sua capacidade para não perderem o “comboio” (já em andamento) da realidade tecnológica dos dias de hoje.

Cheira a Lisboa…
Não se trata da canção popular ou da antecipação das marchas que se avizinham.
Mas sim da antecipação eleitoral no município da capital.
Lisboa tem esta vertente (goste-se ou não) de ser o espelho e o reflexo da realidade social e política nacional.
E estas eleições intercalares são a prova dessa mesma realidade.
O reflexo do endividamento autárquico e da desajustada lei das autarquias, bem como da gestão de muitos dos municípios.
O reflexo da problemática da corrupção, do compadrio, da promiscuidade e do pouco cuidado (ou nenhum) com o bem público.
O reflexo da questão polémica das reacções do poder político com os outros sectores da sociedade.
Mas também, e acima de tudo, o reflexo da realidade política nacional, com as lacunas governativas e com os erros da fraca oposição. E esta última realidade, colocará duas questões pertinentes, após os resultados eleitorais em Lisboa: Serão estes uma antecipação das próximas eleições legislativas (apesar da distância de dois anos, é relevante o empenho do primeiro-ministro na campanha do candidato do PS - António Costa)? E até que ponto, o descontentamento dos cidadãos para com a classe política e os partidos, possa relançar, de novo em período eleitoral, a temática em torno dos movimentos cívicos e da sua importância sócio-política?
A ver vamos… que Santo António os proteja.

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