“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

07 março 2006

O Sol e a Peneira.

Dito de forma mais populista. O ministro da saúde anda a tapar-nos o sol com a peneira.
Quando em 2005 falhou a capacidade legislativa para penalizar eventuais falsas urgências hospitalares (essencialmente por dificuldades de identificação das mesmas), o ministro Correia Campos decide agravar as taxas moderadoras - com o objectivo, não pereceptível, de racionalizar acessos e combater as falsas urgências.
Erros de facto...
Primeiro ninguém vai ao hospital por gosto, hobby ou porque não tem mesmo mais nenhum sítio para passear a família. Vai por necessidade, com urgência, porque está ou sente-se doente e, muitas vezes, porque não tem confiança na generalidade dos centros de saúde.
Por outro lado, com o princípio deste governo em desertificar e abandonar o Portugal mais profundo, com o encerramento de muitos centros de saúde vai, obviamente, provocar um aumento do acesso à urgência hospitalar.
Segundo, por norma, às urgências vai quem não tem capacidade financeira ou chorudos seguros de saúde que impedem o acesso aos hospitais ou clinicas privadas.
Desta forma, o princípio da justiça social e da repartição de responsabilidades contributivas cai por terra. O Governo está, claramente, a apenalisar quem menos pode e tem. Porque quem está ou se sente doente (e sem outros meios) recorre obviamente às urgências.
Terceiro... Para quem não aumentava os impostos, recorre assim a outros subterfúgios fiscais para poder arrecadar, num sector com grave perspectiva de gestão racional, uma previsaõ de aumento de receitas com as taxas moderadoras (em relação a 2005) na ordem dos 3,6 milhões de euros; um acréscimo de cerca de 9,1%.
E continuamos a ver o sol aos buraquinhos para lá da peneira.

Sem comentários: