“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

09 dezembro 2005

Frio... muito frio!

Se para muitos o debate entre Cavaco Silva e Manuel Alegre foi morno e concordato, o de ontem na RTP, entre Mário Soares e Jerónimo de Sousa foi uma autêntica ‘chachada’. Frio… muito frio. Ao ponto de provocar uma ligeira crise de tosse a Soares.
E nem a experiência e profissionalismo dos entrevistadores/moderadores serviu para aquecer o ‘ambiente’.
Foi, claramente, o reflexo duma campanha pobre, vazia de ideias e que rema contra a oposição do próprio eleitorado que as rodeia: os apoios no PS e no PCP a Manuel Alegre.
O debate serviu para prender ainda mais Mário Soares ao PS, sem conseguir transmitir qualquer confiança e esperança acrescida. Nem conseguiu sequer alterar a ideia de que a sua candidatura não é independente, nem suprapartidária. Está claramente enraizada nas hostes socialistas. Sem atacar o seu adversário, numa atitude calculista, à espera duma improvável passagem sua à segunda volta e ter trunfos para recolher os necessários votos no PCP.
Jerónimo de Sousa, com frases feitas e gastas e sem qualquer carisma presidencialista, limitou-se a usar e abusar do seu tempo para criticar o Governo, sem qualquer alternativa válida. E mesmo a afirmação de que até à data nenhum presidente usou correctamente a constituição, foi infeliz e pobre, já que os presidentes eleitos até hoje (após o 25 de Abril) foram todos da ala esquerda.
Quanto ao debate estamos conversados: Mário Soares esteve muito apagado e pouco lapidar; Jerónimo muito tenso, nervoso e algo mal preparado. Empate técnico e muito fraquinho.
A própria expectativa criada em torno dos possíveis ataques a Cavaco Silva, saiu perfeitamente dissimulada e ineficaz (para não dizer ausente), não provocando, por isso, qualquer fraccionamento em eleitorados ou um decréscimo dos indecisos.
Estas eleições mostram que Cavaco Silva tem apenas um adversário com que se preocupar (eventualmente de peso e que possam ‘retirar-lhe’ o sono): A abstenção. A abstenção de um eleitorado português que em muitos casos se mostra preguiçoso, extremamente confiante e pouco participativo quando não estimulado.
Aqui poderá residir a grande preocupação de Cavaco Silva: convencer os que acreditam em si a confirmarem essa vontade no voto no dia 22 de Janeiro.

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