“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

06 novembro 2005

Separar as Águas!

Ainda acerca da distribuição camarária dos pelouros de vereação e dos cargos de administração das várias empresas miunicipais, li muitas referências bloguisticas de alguns 'pensadores' virtuais (infleizmente reina a cobardia do anónimato). Por exemplo à nomeação de João Pedro Dias para vogal da EMA, fazendo-se referências à sua condição de Deputado Municipal (porta-voz do CDS.PP) e (incrivelmente) à sua participação na Assembleia Geral da Pólis. Pois bem, como o amigo João Pedro quis (após insistência minha) tornar público um 'pequeno' esclarecimento sobre o seu silência, não podia deixar de contribuir para o conveniente e politicamente correcto 'separar as águas'.

"Esclarecendo publicamente o mail privado: o meu tempo e o meu timing de falar não é o dos papagaios que vão debitando sentenças e juízos. Deixa-os falar. Eu falarei apenas quando entender e não quando eles quiserem! Lembra-te do provérbio árabe: nós somos escravos das nossas palavras, mas somos donos dos nossos silêncios! Só te avanço uma informaçãozinha: no dia em que formalmente assumir uma administração executiva, não tenho que pedir qualquer suspensão ou qualquer renúncia a qualquer mandato! Pelo simples facto de que a lei se encarregou de nem sequer deixar que quem assumisse tal cargo pudesse ter qualquer escolha. A própria lei se encarregou de resolver a situação. Quem estiver num cargo desses, não pode estar em qualquer órgão municipal que não a CMA. Ao escolhido apenas resta optar entre pedir uma suspensão do mandato (que é temporária mas que ao fim de um ano se converte em definitiva) ou renunciar imediatamente a ele. No momento certo, se ele chegar e quando ele chegar - e esse momento será o da tomada de posse e não o da simples nomeação - a minha escolha será feita. Antes disso, como é óbvio, nada direi sobre o assunto. Só para terminar um esclarecimento adicional - se pertencer à Mesa da Assembleia Geral (que reúne uma vez por ano) de uma sociedade que tem como sócios o Município e o Estado é entendido como colaborar com um determinado Presidente da Câmara, muito mal irá o nosso sistema! Por que não entender então essa participação como colaboração com o ..... Governo? Sejamos sérios e realistas. E sobretudo, não ofendamos o anterior Presidente da Câmara Municipal admitindo que ele convidava pessoas de outros quadrantes políticos para as calar! Os amigos do anterior Presidente da Câmara que lançaram esse argumento «brilhante» estão, ingenuamente, a prestar-lhe o pior favor que lhe podiam prestar. Estão a admitir que o Presidente convidava pessoas para as comprar, para as calar. Ora, pela minha parte, não cometo essa ofensa relativamente ao Dr AS. Tenho a certeza que quando me convidou para secretário da Mesa da AG da Polis não me tentou comprar ou calar! Até porque isso seria impossível. Já agora e para te esclarecer, sempre te digo que nutri e nutro respeito pela obra que o Dr AS deixou em Aveiro. E no primeiro mandato dele, enquanto eu estive na AM como 1º Secretário do Dr Carlos Candal, sempre que pude e soube ser-lhe útil, tentei sê-lo. Sobretudo por e em nome de Aveiro. Mas isso não invalida que não registe algumas discordâncias. Cito-te duas: acho que AS foi muito melhor Presidente da CMA enquanto foi independente do que a partir do momento em que se filiou no PS - e sobretudo a partir do momento em que assumiu a liderança da distrital do PS. Creio que a partir desse momento começou a ser mais um político partidário do que um político autarca (recorda-te que fiz essa mesmíssima crítica, anos atrás, quando o Girão Pereira assumiu a liderança distrital do CDS ao mesmo tempo que era Presidente da Câmara - recordas-te? Eu não me esqueci....). Depois, critiquei ao Dr Souto o descontrole financeiro da autarquia. Aquilo que se vai saber em breve (assim o espero) vai pôr à mostra tudo o que se diz, o que se sabe e muito mais. Mas também aí, nesse particular, tenho de reconhecer que não pode nem deve ser assacada ao Dr AS a totalidade da responsabilidade. Os seus vereadores e os seus muitos assessores não podem ficar absolvidos desse erro. Mas agora, fundamentalmente, aquilo que mais me revoltou na gestão do Dr AS e que acho que passou todos os limites do aceitável e do eticamente correcto (e, curiosamente, nestes dias que tanto se tem falado de ética, ainda não vi nenhum papagaio referir-se ao facto) e que me levou a recorrer ao termo tiranete, foi acto despudorado não só de abrir o célebre túnel da Avenida às pressas em véspera de eleições, como, sobretudo, o inqualificável acto, do ponto de vista democrático, de ter decorado logo a obra com um seu cartaz, feito bem à medida para aquele local. Creio que isso ultrapassou todos os limites. Lembrou-me o líder da Coreia do Norte ou o senhor Ceausescu da Roménia. Achei aquilo muito feio. Curiosamente sobre isso os arautos da ética não disseram nem uma palavra. É por isso que quando certos papagaios me falam de ética, eu digo e assumo que não quero ter a ética deles. Quero ter a minha e a dos que pensam como eu. E para regular comportamentos, não invoquemos a ética, os valores que cada qual tem - cinjamo-nos à lei porque essa é igual para todos e tem quase sempre as respostas que muitos procuram. Um abraço!"

3 comentários:

Migas (miguel araújo) disse...

Como administrador do blog, por amizade longa e respeito ao Dr. João Pedro Dias e porque se trata de um devido esclarecimento público (por força do contraditório a que democraticamente todos temos direito), NÃO permito qualquer comentário anónimo ou com identidade disfarçada. A bem do respeito e da verdade!
Tenho dito!

Anónimo disse...

Concordo com a preocupação do Sr. migas e percebo-a.
Relativamente à substância do que disse o Sr Dr JPD (não fui eu quem o criticou), ficará, porém, sempre uma dúvida: é que, em oito anos, a maior crítica que ele faz ao Dr Souto é por algo que este fez no último dia de campanha eleitoral... e só expressou publicamente essa crítica quando o Dr Souto já perdera as eleições; será que se ele tivesse ganho chamar-lhe-ia tiranete, ou continuaria calado?
(penso ter sido respeitoso, tendo-me limitado a expressar uma questão que é legítimo ser colocada. Cumprimentos.)

Anónimo disse...

Estimado anónimo precedente, a correcção com que colocou a sua questão leva-me a quebrar um compromisso assumido perante mim mesmo que é o de nunca responder a todos aqueles que, na maioria dos casos, se escondem sob a sempre edificante capa do anonimato. Em todo o caso, abramos uma excepção, respondendo-lhe: claro que a sua dúvida é legítima! E nem eu nem ninguém, nunca, poderá fazer prova ou contraprova do que aqui for dito. Posto isto, se o estimado anónimo quiser continuar em dúvida mesmo para além e para depois das minhas palavras, pois bem, nada haverá a fazer. Muito rapidamente, dois ou três tópicos: 1) não é verdade que apenas tenha censurado o Dr AS depois dele ter perdido as eleições. Em plena campanha eleitoral, para quem me escutou quando falei nos eventos promovidos pela lista que integrei, sempre teci estas mesmas críticas que agora faço. 2) Não é também verdade que critique apenas um dia de actuação do mandato do Dr AS. Se reparar bem no texto que escrevi, ao criticar a situação ruinosa do ponto de vista financeiro da CMA, estou a criticar pelo menos um mandato inteiro e não apenas um dia. 3) No mandato anterior, como não integrava nenhum órgão municipal, as criticas que produzi nunca iam além dos foruns cívicos em que todos participamos no âmbito social. 4) Valho-me e revejo-me, todavia, em absoluto, no excelente trabalho de oposição crítica que o partido que integro sempre desenvolveu no último mandato quer na CMA quer na AM; as críticas que lá foram feitas, são críticas que também são minhas e que subscrevo em absoluto. 5) Mais importante que tudo - ou muito me engano (e infelizmente penso que não....) ou a generalidade da comunidade aveirense que se preze e que tenha orgulho na rectidão das contas da sua autarquia irá ainda ter muitas críticas a fazer ao mandato do Dr AS, à medida que se for sabendo do estado das finanças da autarquia. Acredite no que lhe digo: não se perspectivam notícias famosas. Vamos aguardar.... E aí, é claro que só depois de as sabermos poderemos criticar; só depois de reposta a transparência e quebrada uma certa opacidade que revestia as contas municipais vai ser possível criticar fundamentadamente. Até se conhecerem esses elementos, o estimado anónimo convirá que não seria possível criticar, por evidente falta de elementos de prova. Mas acredite que eles vão surgir. Cumprimentos. JPD