Numa fase da vida social, política e económica portuguesa algo controversa, agitada e problemática, o discurso de ontem do "contrato presidencial" de Manuel Alegre foi lírico, poético e ilusório. Foi a clara Utopia dos Poetas. Um verdadeiro romance presidencialista.
Para além da novidade 'baptismal' do nome manifesto ('contrato presidencial' - será que alguém o vai assinar?!) as propostas de Manuel Alegre são numa parte essencial na linha das apresentadas por Cavaco Silva: respeito pelos poderes presidenciais contemplados na constituição - garante da estabilidade governativa - estabilidade social.
No entanto e ao contrário do vazio de ideias de Mário Soares, no discurso de Manuel Alegre foi clara a identificação dos valores de esquerda, revivendo o memorial do 25 de Abril (embora para um número considerável de eleitores essa data é mais um facto histórico do que uma realidade) sem perceeber que entretanto Portugal avançou mais de 30 anos (obviamente com base nesse marco importante). Críticas a acções do governo também não faltaram e ao próprio aparelho partidário do PS que sempre rejeitou a sua candidatura, indo ao ponto de Manuel Alegre afirmar que dispensa o apoio da direcção do PS se passar à segunda volta.
Manuel Alegre desmarca-se igualmente de Mário Soares, quer nos apoios partidários às presidencias (referindo que também existe acção cívica para além da esfera partidária e que podem existir candidaturas apartidárias), quer nos ataques aos outros candidatos, nomeadamente a Cavaco Silva, quer no facto de se candidatar por consciência e não contra ninguém (nem à esquerda, nem à direita).
Idependentemente do contexto sonhador e poético da sua candidatura, esta é evidentemente apartidária (apesar de esquerda), sendo aí que resulta o seu melhor trunfo. Para desepero das 'cortes socraístas'.
E é aqui que Cavaco Silva poderá encontrar maior resistência ao seu passeio até Belém.
No entanto e ao contrário do vazio de ideias de Mário Soares, no discurso de Manuel Alegre foi clara a identificação dos valores de esquerda, revivendo o memorial do 25 de Abril (embora para um número considerável de eleitores essa data é mais um facto histórico do que uma realidade) sem perceeber que entretanto Portugal avançou mais de 30 anos (obviamente com base nesse marco importante). Críticas a acções do governo também não faltaram e ao próprio aparelho partidário do PS que sempre rejeitou a sua candidatura, indo ao ponto de Manuel Alegre afirmar que dispensa o apoio da direcção do PS se passar à segunda volta.
Manuel Alegre desmarca-se igualmente de Mário Soares, quer nos apoios partidários às presidencias (referindo que também existe acção cívica para além da esfera partidária e que podem existir candidaturas apartidárias), quer nos ataques aos outros candidatos, nomeadamente a Cavaco Silva, quer no facto de se candidatar por consciência e não contra ninguém (nem à esquerda, nem à direita).
Idependentemente do contexto sonhador e poético da sua candidatura, esta é evidentemente apartidária (apesar de esquerda), sendo aí que resulta o seu melhor trunfo. Para desepero das 'cortes socraístas'.
E é aqui que Cavaco Silva poderá encontrar maior resistência ao seu passeio até Belém.
1 comentário:
Acrescento aqui o artigo de opinião de Luis Delgado, publicado no Diário de Notícias de 7.11.2005:
"1. Manuel Alegre, de voz forte, timbre inconfundível, prosa escorreita, mostrou-se uma mistura de Perón, Fidel e Newt Gingrich, o que é populismo bastante, e suficiente, para empolgar qualquer plateia. Vai ser um caso sério nestas presidenciais, não para Cavaco, mas para Soares, Jerónimo e Louçã. Um homem que exige o cumprimento do que de mais esquerdista e desadequado existe na Constituição, com a introdução nas escolas da bandeira e Organização Política do Estado, mais a Pátria cantada, a tradição e um pacto social e económico, é o populista que faltava nesta campanha presidencial. Lembra a voz grossa de Perón, os melhores e piores slogans de Fidel Castro e as ideias mais radicais de Gingrich, com o Contrato com a América, que durou pouco e acabou mal. Manuel Alegre é um homem novo, desconhecido para muitos, mas que na verdade levanta com a sua voz e poema escrito e cantado uma plateia de vários sabores, tendências e vocações. Pelo sim pelo não, Soares terá de deixar de se preocupar com Cavaco e virar- -se para este fenómeno, que, sinceramente, desconhecia - ou desconhecíamos todos - até agora. Sexta-feira ele brilhou, cativou, iludiu e entusiasmou. Temos candidato de força!"
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