Publicado na edição de hoje, 3 de Agosto, do Diário de Aveiro.
Preia-Mar
Um Agosto muito pouco “comercial”!
O Verão já vai “alto” mas o calor de Agosto teima em não querer facilitar a vida a quem está de férias, nem ao turismo, nem ao comércio (trovoada e chuva até ao fim-de-semana, pelo menos).
Aliás, o comércio é, infelizmente, o sector mais em crise. Principalmente, o comércio dito tradicional, aquele que vive, se não na totalidade pelo menos na sua grande maioria, dos produtos nacionais.
Muitas serão as razões que vão desde as questões relacionadas com o planeamento urbano das localidades, a falta de incentivos e medidas de protecção, a distribuição, e, principalmente, o peso das grandes superfícies comerciais (sejam elas os hipermercados ou zonas comerciais que privilegiam as grandes cadeias e marcas). Acresce ainda a esta realidade os comportamentos de consumo dos cidadãos. E estes têm, obviamente, um peso determinante nas opções de consumo! Por mais medidas e políticas que se tomem.
Uma das que tem alguns meses mas que ainda gera alguma discussão é a legislação que possibilita o alargamento do horário das grandes superfícies comerciais, aos Domingos e Feriados.
Acresce que esta legislação transfere a decisão política para as autarquias, embora não se perceba muito bem a sua fundamentação já que existem organismo que tutelam a actividade. Houve autarquias que optaram por manter os horários e outras que permitiram que o horário fosse alargado (como o caso de Aveiro).
Há uma única argumentação que, pessoalmente, me leva a ser contra o alargamento: a exploração laboral e a falta de humanismo que tal medida acarreta para quem trabalha nesses locais e para as suas famílias.
Tirando esta questão que considero a mais relevante, todas as outras fundamentações não passam de demagogia e de imputar as responsabilidades pela crise do comércio tradicional onde não cabem na totalidade.
Vamos por (algumas) partes.
Não há qualquer relação entre o alargamento dos horários e as opções de consumo dos cidadãos. Ninguém altera os seus hábitos de consumo só porque as grandes superfícies não abram ao domingo à tarde. Não é por isso que os cidadãos optam por alterar o local de consumo. Quem consome nas grandes superfícies continuará a consumir independentemente dos horários… é uma questão de adaptação dos “ rituais”. Porque não abre o comércio tradicional igualmente ao fim-de-semana?!
Por outro lado é evidente que a concentração da(s) oferta(s) (e de outras atractividade complementares) tem mais efeito no hábito de consumo do que a dispersão presente no comércio tradicional. Além disso, não é indiferente ao consumidor, nos dias de hoje e em relação ao consumo dos bens de primeira necessidade, por exemplo, o factor preço.
É certo que não se coloca em causa, na maioria dos casos, o factor qualidade que está presente nos produtos do comércio tradicional, bem como a importância que se reveste para o desenvolvimento da economia nacional o consumo de bens nacionais (mais presentes no pequeno comércio do que nas grandes superfícies.
Mas também não será menos verdade que falta muito ao comércio tradicional. Falta inovação, falta competitividade (seja ao nível da oferta, seja no preço), falta “dimensão”.
Enquanto o comércio não conseguir superar estas realidades, os consumidores continuarão, na maioria dos casos e das situações, a “rumar” às grandes superfícies, o que trará o fim da mercearia de bairro/aldeia, da sapataria da esquina, da barbearia, dos correios, da “boutique” e da loja dos “eléctrico-domésticos”.
Um Agosto muito pouco “comercial”!
O Verão já vai “alto” mas o calor de Agosto teima em não querer facilitar a vida a quem está de férias, nem ao turismo, nem ao comércio (trovoada e chuva até ao fim-de-semana, pelo menos).
Aliás, o comércio é, infelizmente, o sector mais em crise. Principalmente, o comércio dito tradicional, aquele que vive, se não na totalidade pelo menos na sua grande maioria, dos produtos nacionais.
Muitas serão as razões que vão desde as questões relacionadas com o planeamento urbano das localidades, a falta de incentivos e medidas de protecção, a distribuição, e, principalmente, o peso das grandes superfícies comerciais (sejam elas os hipermercados ou zonas comerciais que privilegiam as grandes cadeias e marcas). Acresce ainda a esta realidade os comportamentos de consumo dos cidadãos. E estes têm, obviamente, um peso determinante nas opções de consumo! Por mais medidas e políticas que se tomem.
Uma das que tem alguns meses mas que ainda gera alguma discussão é a legislação que possibilita o alargamento do horário das grandes superfícies comerciais, aos Domingos e Feriados.
Acresce que esta legislação transfere a decisão política para as autarquias, embora não se perceba muito bem a sua fundamentação já que existem organismo que tutelam a actividade. Houve autarquias que optaram por manter os horários e outras que permitiram que o horário fosse alargado (como o caso de Aveiro).
Há uma única argumentação que, pessoalmente, me leva a ser contra o alargamento: a exploração laboral e a falta de humanismo que tal medida acarreta para quem trabalha nesses locais e para as suas famílias.
Tirando esta questão que considero a mais relevante, todas as outras fundamentações não passam de demagogia e de imputar as responsabilidades pela crise do comércio tradicional onde não cabem na totalidade.
Vamos por (algumas) partes.
Não há qualquer relação entre o alargamento dos horários e as opções de consumo dos cidadãos. Ninguém altera os seus hábitos de consumo só porque as grandes superfícies não abram ao domingo à tarde. Não é por isso que os cidadãos optam por alterar o local de consumo. Quem consome nas grandes superfícies continuará a consumir independentemente dos horários… é uma questão de adaptação dos “ rituais”. Porque não abre o comércio tradicional igualmente ao fim-de-semana?!
Por outro lado é evidente que a concentração da(s) oferta(s) (e de outras atractividade complementares) tem mais efeito no hábito de consumo do que a dispersão presente no comércio tradicional. Além disso, não é indiferente ao consumidor, nos dias de hoje e em relação ao consumo dos bens de primeira necessidade, por exemplo, o factor preço.
É certo que não se coloca em causa, na maioria dos casos, o factor qualidade que está presente nos produtos do comércio tradicional, bem como a importância que se reveste para o desenvolvimento da economia nacional o consumo de bens nacionais (mais presentes no pequeno comércio do que nas grandes superfícies.
Mas também não será menos verdade que falta muito ao comércio tradicional. Falta inovação, falta competitividade (seja ao nível da oferta, seja no preço), falta “dimensão”.
Enquanto o comércio não conseguir superar estas realidades, os consumidores continuarão, na maioria dos casos e das situações, a “rumar” às grandes superfícies, o que trará o fim da mercearia de bairro/aldeia, da sapataria da esquina, da barbearia, dos correios, da “boutique” e da loja dos “eléctrico-domésticos”.
2 comentários:
Como o prometido é devido aqui vai:
Apesar de eu estar num dos lados da barricada (quem não está),tentarei ser o mais imparcial possível.
Quanto às razões apontadas para a crise do comércio tradicional eu acho que existe uma confusão entre comércio tradicional e comércio familiar. O verdadeiro comércio tradicional está bem e recomenda-se (sou um consumidor de muito comércio tradicional), já o comércio familiar não está tão bem e concordo que não existiu protecção, esclarecimento e incentivo suficiente para que se modernizassem e crescessem como negócio de família.
Quanto ao argumento que o alargamento trás exploração laboral e falta de humanismo para quem trabalha lá e respectivas famílias, isso não é assim. Não existe nenhuma diferença entre uma unidade estar aberta ao público ao domingo ou não. Os horários de trabalho são exactamente iguais. A falta de humanismo e exploração laboral é devida (como lamento dizer isto)a maus profissionais que existem no sector e acham que chefiar é atropelar as pessoas. Estes atropelos continuam a existir porque quando vêm a publico os culpados são os "donos" que mandam e não o Sr. Y ou a srª X.
Para terminar porque as considerações já vão longas, a questão dos produtos nacionais na minha opinião só existe diferença no caso de produtos frescos em que existem produtores sem escala para fornecerem as grande distribuição e que vêm no pequeno comércio a possibilidade de escoarem os seus produtos.
Na minha opinião o comércio devia estar fechado ao domingo mas era todo e sem qualquer excepção e não como estava na lei anterior em que uns podiam (até 1999m2)e os outros não (mais 1999m2).
Quanto ao post na sua globalidade está muito bom e pertinente.
Um abraço
JL
Meu caro amigo...
Bem vindo a esta modesta casa.
Apenas uma explicação. Quando me referi à exploração, referia-me ao facto de achar que toda a gente merece estar com a família e poder gozar, pelo menos, do Domingo como um descanso bem merecido. Aliás, como referes no final. Deveriam encerrar para todos, sem excepção.
Quanto ao comércio tradicional e familiar, na zona Norte (e, concretamente, na região de Aveiro) a crise nota-se e com alguma intensidade, meu caro.
Abraço
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