Cambar a Estibordo...
A semana em resumo…
Trinta minutos de conversação… e um jantar!
A ofuscar qualquer brilhantismo e mediatismo dos Óscares da cinematografia americana, a semana teve o seu ponto alto com o encontro entre a Chanceler Alemã, Angela Merkel e o Primeiro-ministro português, José Sócrates.
Por mais que se queira esconder a realidade conjectural e estrutural de Portugal com o equacionar da necessidade de manter a coesão europeia e da moeda única, a verdade é que José Sócrates foi à Alemanha prestar “vassalagem” ao denominador europeu e receber instruções claras para medidas e políticas futuras que evitem a intervenção do FMI e garantam a capacidade de resolução dos problemas dos países europeus com as instituições e políticas da Europa (falhados que estão a ser as intervenções na Grécia e na Irlanda).
Daí que José Sócrates tenha afirmado, esta semana, que o Governos tudo fará para garantir o cumprimento do défice orçamental previsto para os 4,6%. Este “tudo fará” incluirá novas e mais agravadas medidas de austeridade que, normalmente, recaem sobre os cidadãos “do costume”.
Desemprego em flecha
Face às medidas e políticas aplicadas, se é um facto que as receitas fiscais promoveram uma execução orçamental em Janeiro de 2011 com relativo sucesso, também não deixa de ser verdade que isso é conseguido à custa dos sacrifícios exigidos a uma parte significativa dos cidadãos e da economia nacional, sem uma cabal estruturação do desenvolvimento coeso do país. Esta realidade é traduzida no aumento do valor da taxa de desemprego que, em Janeiro, situou-se nos 11,2%, segundo os dados do Eurostat. Regista-se que, em Dezembro de 2010, a taxa de cidadãos portugueses sem direito ao emprego foi de 10,9% da população activa.
Semana trágica
A semana que passou foi igualmente marcada por factos trágicos, de dimensão e contextualização distinta, mas que estão na memória dos portugueses pela sua projecção e pelo dinamismo solidário que criaram em seu torno.
Infelizmente, Portugal “habituou-se” a relacionar tragédia familiar com desaparecimento de crianças, nomeadamente com o caso do Rui Pedro.
Quer na imprensa escrita, como na televisão, foram inúmeros os apelos que surgiram através da imagem de uma mãe desesperada mas, simultaneamente, corajosa, determinada, destemida, inconformada e nunca derrotista.
Treze anos após o desaparecimento da criança Rui Pedro, de Lousada, o Ministério Público vem formalizar a acusação num suspeito que o foi desde o início das investigações e do processo.
Não bastava que esta família tivesse vivido estes treze anos (e sabe-se lá mais quantos até um final concreto do caso) numa angústia e num desespero ao mesmo tempo exemplares aos olhos da sociedade, para, ao fim de todo este tempo, sentir uma legítima revolta pelo estado da justiça em Portugal.
Para além disso, na passada sexta-feira, dez anos volveram sobre o fatídico dia em que a ponte Entre-os-Rios vitimou 59 pessoas da zona de Castelo de Paiva.
Ao fim destes dez anos, a tragédia ainda deixa marcas bem vincadas na região, nas famílias, nas comunidades. Pelo sofrimento… pelos que nunca, de forma alguma, regressariam às suas casas e famílias.
Para além de um país que acordou num solidário sobressalto e pesar, Castelo de Paiva nada mais viu que duas pontes, mas sem um desenvolvimento integrado e sustentado de acessibilidades e de mobilidade.
Ficou ainda o exemplo, infelizmente nunca mais seguido ou projectado, do assumir das responsabilidades políticas sobre a tragédia do então Ministro das Obras Públicas do Governo de António Guterres, o ex-Ministro Jorge Coelho, que, com a dignidade e ética que lhe foram reconhecidas, apresentou a sua demissão do cargo político e governativo que exercia.
Independentemente das cores e facções políticas de cada um de nós, infelizmente reconheça-se o distinto acto, infelizmente caso raro ou único no nosso país.
Boa Semana…
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