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01 fevereiro 2011

Espaços Públicos... a defesa de uma alternativa.

Publicado na edição de hoje, 1.02.2011, do Diário de Aveiro.

Preia-Mar
Espaços Públicos... a defesa de uma alternativa.


A Câmara Municipal de Aveiro tem em curso um projecto, em forma de concurso de ideias até ao final do mês de Março, com o objectivo de incentivar a apresentação de propostas criativas que contribuam para uma implementação de cultura urbana, qualificando e valorizando alguns espaços públicos, contribuindo para o embelezamento e rejuvenescimento da cidade, oferecendo, assim, locais mais cuidados a quem visita Aveiro enquanto território de tradições, nomeadamente, no que respeita à Cerâmica e à Azulejaria.
Deste concurso de ideias surgirão painéis artísticos, em azulejo, que serão colocados em pontos estratégicos e que perfazem um percurso histórico da cidade, recordando o património cerâmico e de azulejaria.
Parece unânime a importância e a utilidade de projectos que melhorem a imagem da cidade e do espaço urbano, e que promovam a cultura, as artes e a história de Aveiro.
Sobre esse princípio não restarão dúvidas.
As dúvidas podem surgir quando reflectimos sobre quais os espaços urbanos e a sua ocupação. Ou que alternativas existem em Aveiro.
Ao contrário de outras localidades, de dimensão similar ou inferior à de Aveiro, a cidade não tem, pelo menos, uma tradicional “praça” que congregue e promova os mais diferentes actos culturais e sociais.
Entendo que a Praça Melo Freitas é reduzida, pouco (re)dimensionada para tal (já não tem espaço suficiente para a Feira das Velharias ou a tradicional Feira das Cebolas). Por outro lado, acho que o Rossio está sobrevalorizado. Apesar de central e privilegiado na sua localização junto à Ria, existem aspectos importantes que merecem referência: o trânsito, a escassez de estacionamento, a acessibilidade.
Assim, o espaço público em Aveiro que mais se aproxima à tradicional “praça pública” é a Praça Marquês de Pombal, mas que, ano após ano, tem sido votada à indiferença e ao abandono. Aquela que receberá a “cidade da justiça” merece, salvo melhor opinião, uma maior atenção, uma maior valorização daquele espaço público.
A transferência de alguns serviços importantes (autarquia, finanças, por exemplo) desviou os aveirenses e quem visita a cidade para outras ofertas e outras áreas, deixando a Praça e a sua zona envolvente (principalmente o comércio tradicional) ao abandono e sem actividade de relevo. Nem mesmo a existência de espaço de estacionamento bem dimensionado (que inclusive já encerra ao domingo por falta de procura) consegue atrair movimento àquela área.
E no entanto, tem todas as condições para poder ser um espaço privilegiado de movimento e expressão culturais, de mobilidade (excelente zona pedonal), de urbanidade, de cidadania… de verdadeiro espaço público.
Seria interessante para Aveiro, para a zona envolvente ao local, para o comércio tradicional periférico, que os agentes culturais, os agentes económicos, que a autarquia, que a junta de freguesia, olhassem de forma diferente, inovadora, criativa (mesmo com eventuais riscos), mas insistente e perseverante para as potencialidades da Praça Marquês de Pombal.
Aveiro precisa de alternativas de “espaços urbanos”. Há que aproveitar os (poucos) que existem.

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