“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

26 setembro 2010

Resumo da Semana - 26.09.2010

Publicado na edição de hoje, 26.09.2010, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.


Encenações políticas?!
De novo, após o primeiro ano de mandato e ao iniciar-se mais um ano legislativo, o regresso da ameaça da crise política, como instrumento de pressão e argumentação.
Entre ameaças, posicionamentos estratégicos e posições públicas de força política, o Orçamento de Estado para o ano de 2011 marca a agenda política actual. Desde as críticas directas entre PS e PSD, até às acusações, por parte dos partidos da oposição, de encenação política e de conivência.
Sendo certo que os portugueses já se distanciam suficientemente deste tipo de tricas partidárias, há no entanto uma questão sobre a qual importa reflectir: quem lucrará com este tipo de confronto?!
É um facto que o governo de José Sócrates é minoritário o que, teoricamente, o coloca numa situação de necessidade negocial, mesmo que o resultado seja a abstenção do PSD, que no fundo se traduz pela viabilização do Orçamento.
Assumindo que não haja qualquer recuo, a posição do PSD tem sido publicamente definida como um voto contra, caso o Governo mantenha a intenção de subir os impostos ou mexer nas deduções, em vez de reduzir a despesa pública.
Se os sociais-democratas votarem contra o Orçamento de Estado para 2010 (num cenário de fracasso das negociações) o governo já “ameaçou” (ou encenou) com uma eventual demissão das suas funções, o que resultaria numa grave crise política em plena eleição presidencial. Além disso, é claro que num actual estado financeiro e económico, uma governação do país através de duodécimos só serviria para penalizar a economia nacional e o financiamento e investimento internacional.
Deste ponto de vista, numa simples abordagem, parece que o PS/Governo tem uma maior manobra política que a oposição, nomeadamente o PSD.
Restará, portanto, uma última saída ao partido de Passos Coelho: apresentar-se aos portugueses como alternativa governativa e assumir o ónus (pesado e arriscado) de forçar um processo eleitoral antecipado.
Mas ganharia coerência política e determinava um claro e inequívoco posicionamento (sem necessitar de andar a reboque do agendamento político do PS)… e quem sabe se quem “ri por último não ri melhor”!
Afinal, pagamos para quê?!
É um discurso corrente do governo e do seu primeiro-ministro a necessidade do esforço colectivo e co-responsabilização na recuperação económica do país.
Nada mais enganador e demagógico, apenas servindo como forma de argumentar e justificar os encargos e os sacrifícios que sobejam sempre para os mais desfavorecidos e para a chamada classe média.
E ao contrário de algumas vozes ideológicas que gravaram um discurso já gasto contra capitalismos e riquezas empresariais, não é nessa área que se encontra o problema e a solução para a crise… aqueles que tanto defendem e agitam a bandeira do “estado social”, esquecem que é o próprio o maior gerador da despesa e do acentuar da gravidade financeira do país.
Os dados de execução orçamental, entre Janeiro a Agosto, referenciados pela Direcção-geral do Orçamento demonstram que a despesa do Estado cresceu 2,7%, quando ainda faltam quatro meses para o final do ano. Mesmo que o Governo argumente que a despesa está, de facto, a crescer mas a menor ritmo (surgindo o dicotomia do “copo meio cheio ou meio vazio”).
Apesar do relatório da Direcção-geral do Orçamento indicar que dos 16 ministérios 12 destes (75%) gastaram mais verba do que a prevista e orçamentada, o governo vem justificar esta “derrapagem” orçamental da despesa pública precisamente com áreas da dita responsabilidade social como a saúde e a segurança-social. Para além (pasme-se o argumento) das transferências de verbas para as administrações públicas.
Será, com clara legitimidade, caso para perguntar: os sacrifícios dos cidadãos servem para quê?!
Boa Semana…

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