“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

02 setembro 2010

Realidades e um parêntesis...

Publicado na edição de hoje, 02.09.2010, do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia!
Realidades e um parêntesis.


O que há algum tempo se esperava e por muitos analistas e responsáveis políticos já tinha sido apontado, Portugal atingiu a taxa de 11% de desempregados, a qual corresponde ao valor mais alto até agora apontado pelo gabinete de estatísticas da União Europeia – Eurostat.
Para aquele órgão da comunidade europeia, referindo-se aos meses de Maio e Junho, Portugal tem mais de 600 mil desempregados, o que implica que o país ocupe a quarta posição na União Europeia entre os membros com a taxa de desemprego mais elevada.
Esta é a realidade que o governo não quer aceitar e não pretende assumir, pelo facto das políticas e medidas não estarem a trazer qualquer resultado positivo no combate ao desemprego, na promoção da actividade económica e empresarial (por mais programas “zero” ou “na hora”), no apoio consistente à ruptura do tecido social e familiar que o desemprego provoca e gere.
E lamenta-se que, em vez de existir a preocupação de encarar e repensar a realidade dos factos e dos números, seja preferível rebater com a demagogia e com o recurso à “defesa em causa própria” (dados do INE), quando os portugueses têm cada vez mais a percepção que, seja qual for o valor apontado, a verdade é que a situação social e económica do país está e é, de facto, grave.
E mais grave se torna o dia-a-dia dos cidadãos, das famílias e das comunidades quando não se consegue aceitar e muito menos perceber que um país que sofre graves situações de assimetria regional, desertificação de zonas mais interiores e menos desenvolvidas, regiões com necessidades urgentes e prementes de investimento sustentável, para que Portugal possa desenvolver-se e crescer de forma harmoniosa e equitativa, transfira e negoceie investimentos e fundos europeus em favor de uma única região, já por si só, mais que privilegiada.
Sejam quais forem os argumentos, as políticas e medidas sujeitas a justificação, é apenas sinónimo de um descontrolo político e governativo que dos 177 milhões de euros para a Administração Pública, 137 milhões (cerca de 77% do valor) seja destinado à região de Lisboa.
Uma conclusão: regionalização precisa-se e urgentemente.

Não obstante, 2010 começa a perspectivar as dificuldades que os portugueses irão sentir nos próximos tempos.
Para além das medidas anunciadas para o combate ao deficit e à crise (tendo como destinatários os mesmos de sempre – os que mais dificuldades sentem) – redução das deduções ficais, impostos indirectos, novas portagens, a não redução da despesa pública, etc, são já conhecidas outras contrariedades para a sustentabilidade das finanças familiares e pessoais dos cidadãos: as taxas de juro já começaram a subir, a electricidade vai aumentar, os preços ao consumidor sofreram aumentos que resultaram na fixação da taxa de inflação em 1,8%, no mês de Julho.
E enquanto os sacrifícios aumentam para os contribuintes, o desrespeito pelos portugueses e o descontrolo da gestão governativa sustenta o descrédito a que está votado este governo.
A uns são impostas medidas de combate à crise financeira e de solidariedade nacional. Ao governo, a quem deveria caber a responsabilidade, a ética e a moral de servir e ser exemplo, é permitido o esbanjamento e o contributo para o agravamento da situação do país ao ser dada a permissão ao sector empresarial do estado de ultrapassar o tecto do endividamento público estabelecido no PEC. Será que o País aguentará muito mais tempo?!

Por último, o parêntesis…
O que se tem assistido, nos últimos tempos, em redor da Federação portugueses de Futebol, da selecção nacional e do seu seleccionador é, tão só, o espelho de um país de brandos e fracos costumes, sem regras (ou onde cada um as faz e usa à sua maneira).
Qualquer selecção nacional é, por natura, a representação desportiva de uma nação e de um povo. É um “bem” comum não pode ser um recanto de poucos aos serviço de alguns.
Enquanto o futebol for um “mundo à parte, fora das regras e dos princípios básicos das normas que regem qualquer sociedade, este e outros (infelizmente, muitos) casos servem apenas para denegrir a imagem de um país e de uma comunidade. Infelizmente, com o dinheiro e recursos de cada um de nós… e a justiça deve ser única e ao serviço de todos.
Pessoalmente… Basta!

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