“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

22 agosto 2010

Resumo da Semana - 22.08.2010

Publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.


De regresso…

Para muitas pessoas esta é a denominada silly season, onde, por norma, tudo pára e vai a banhos.
Mas este verão de 2010 foi diferente (ou nem por isso). Até porque a temporada (reentre) política começou mais cedo que o normal, com a Festa do Pontal do PSD e as posições de Pedro Passos Coelho a marcarem a agenda e a deixarem o PS e o governo num frenesim e nervosismo miudinho.
É fogo que arde e se vê…
Cíclico é o flagelo dos incêndios que, ano após ano, vão delapidando a mancha verde do país.
Para além das questões ambientais, económicas e sociais, os fogos servem igualmente para um desfile de opiniões, críticas, acusações, principalmente nos órgãos de comunicação social.
Curiosamente, seja qual for o sector da sociedade civil (autárquico, político, cidadãos, governo) os Bombeiros são, normalmente, o alvo preferencial das criticas.
Depressa as pessoas se esquecem de que, na hora da aflição, é a eles que recorremos em primeiro lugar (muitas vezes, e são várias as histórias que conheço, por tudo e por nada).
Depressa as pessoas se esquecem de quem perde a vida pelos outros, pelos bens dos outros, só pela causa e pelo voluntariado, são os bombeiros: e, infelizmente, são já muitos os que partiram.
Por outro lado, é pena que as pessoas se esqueçam facilmente dos planos municipais de prevenção que não existem na maioria dos casos; de um Ministério da Administração Interna que não promove nem dota suficientemente de meios as corporações de bombeiros ou a protecção civil para que o combate e, principalmente, a prevenção sejam mais eficazes; de um Ministério da Justiça que se preocupou em não contemplar devidamente no código penal os crimes de fogo posto (por dolo ou por negligência); um Governo que teimosamente tenta “camuflar” a realidade dos factos, nomeadamente através das comparações do Ministro da Administração Interna com anos distantes, esquecendo-se que se esperava uma constante diminuição das ocorrências, sendo que 2010 se traduziu num claro aumento face aos três últimos anos (perto de 15 mil incêndios – superior aos anos de 2007, 2008 e 2009 somados, sendo que o distrito de Aveiro foi o segundo do país mais atingido pelo fogo); e um Ministério da Agricultura que, ano após ano, sai sempre incólume deste processo mas que não tem nenhum plano nacional de reflorestação ou de ordenamento florestal, ou ainda de fiscalização da nossa mancha verde.
Emprego… nem sazonal!
Um decréscimo de cerca de 0,4% na taxa de desemprego, em plena época de verão, onde cresce o trabalho sazonal, é um claro índice que as políticas do governo para travar a falta de emprego falharam completamente e não auguram melhorias no de correr do ano, perspectivando uma crise social forte para 2011.
Mas mesmo que o governo teime em não aceitar a realidade (cerca de 600 mil portugueses não têm trabalho), os portugueses encarregam-se de demonstrá-la, muitas vezes da forma mais abismal: dezenas de jovens, muitos dos quais recém-licenciados, candidatam-se a 64 lugares abertos no município espanhol de Trabanca, na zona do Douro Internacional. Em áreas distintas (desde a assessoria até ao turismo e medicina veterinária) candidataram-se mais de 6500 candidatos, muitos dos quais jovens portugueses que percorreram muitos quilómetros (desde o sul e centro do país) na tentativa de encontrarem uma oportunidade e um rumo profissionais que não encontram em Portugal. Nem que para tal tenham de trabalhar 40 horas semanais a troco de um salário que ronda os 1600 euros/mês.
As portagens “fantasma”
Quando já tudo fazia prever que até ao início do próximo ano a questão das novas portagens nas SCUT do Litoral Norte e Centro estivesse em “banho maria”, eis que a trapalhada gerada pelo governo revela novos dados. Resultado de um projecto sem consistência, sem estruturação e com falhas claras ao nível do planeamento e do diálogo institucional.
Continuamos sem pagar, mas já gerou demasiada contestação que ainda está longe de ter terminado, muita discussão política, muita pressão sobre o governo. E como se não bastasse não ter gerado qualquer tipo de receitas (que eram a fundamentação para a sua criação) eis que geraram, para já, cerca de 300 mil euros por força das despesas que alguns dos concessionários já tiveram, perspectivada que era a entrada em vigor do sistema no passado dia 1 de Julho.
O feitiço virou-se contra o feiticeiro: o cidadão que era apontado como pagador passou a “batata quente” para o Governo que se transformou de credor a devedor em pouco mais de três meses. Grande erro de cálculo…

Boa Semana…

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