“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

22 junho 2010

Semana em Resumo XXV

Publicado na edição de Domingo, dia 26 de Junho, do Diário de Aveiro.

Cambar a Estibordo...
A semana em resumo.

Quando 1+1 não é igual a 2
O Governo já nos habituou a constantes manipulações numéricas e análises distorcidas ou convenientes dos números e da realidade.
Entre a tentativa de querer esconder a sazonalidade do emprego que sempre foi presença em anos anteriores. Este, por ser de crise, é excepção.
E enquanto o governo apregoa uma descida clara da taxa de desempregados em Portugal, quer os dados revelados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico - OCDE, quer as previsões do departamento de estatísticas da União Europeia – o Eurostat, indicam que, a taxa de desemprego em Portugal atingiu já os 10,8%, aumentando 0,2 % em Abril (em Março a taxa era referenciada nos 10,6%). Este valor faz com que Portugal tenha ultrapassado a Hungria, que em Março deste ano era o país com a quarta taxa de desemprego mais elevada.
Recorde-se que, em Abril, o Secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos tinha dito que o valor estimado pelo Eurostat seria “revisto em baixa”, o que não se confirmou. Assim como não se confirma a perspectiva de José Sócrates de ver concretizados os sinais que referiu de redução do número de desempregados em Portugal.
Espremido deu… nada.
Foram mais as polémicas, as controversas, os jogos constitucionais, do que a concretização dos objectivos essenciais de uma Comissão Parlamentar de Inquérito: o apuramento da verdade, sejam quais forem as suas consequências.
A Comissão Parlamentar de Inquérito do caso PT/TVI revelou a certeza por demais clara e frequente da nossa política: a verdade não se compadece com a política e com os interesses partidários.
Daí não se estranhar que os trabalhos finais da comissão resultem numa dificuldade gritante em se elaborar um relatório coerente, consistente e verdadeiro.
Destaque para a frase do deputado do Bloco de Esquerda, José Semedo, relator da comissão: “a verdade não pode ser escondida num bolso”.
Pena que a “verdade”, seja qual for, desta Comissão deixe mais dúvidas que certezas.
Como pode a política queixar-se tanto da Justiça, se ela própria também não funciona.
Esperar para ver... e pagar!
Depois da posição da União Europeia que sugere a Portugal mais medidas para combater em crise e baixar o défice, em 2011, o Ministro Teixeira dos Santos foi bem claro, esta semana: o que unicamente importa é que o valor do défice seja reduzido até aos 4,6% em 2011.
Não importa como, com que sacrifícios, a quem sobrecarregar, a quem exigir o que já não pode dar.
Isso são questões de pormenores, danos colaterais próprios de uma guerra qualquer.
São questões políticas mais ou menos fáceis de resolver. Mais barulho, menos contestação não serão problemas, já que a história política do país revela que a memória dos eleitores é “sempre muito curta”.
O que é uma certeza é que, doa a quem doer, e normalmente será sempre aos mesmos, o défice vai baixar.
Assim como baixará o nível de vida, o poder de compra, o emprego, a economia. Contrapondo, aumentará o desemprego, a contestação social, o sentido de injustiça, as dificuldades com a saúde, com a educação, com o indevidamente, com a baixa produtividade, e com o aumento do número de empresas em dificuldades.
Final triste
Faleceu José Saramago, escritor e Nobel da Literatura (único atribuído a um português).
Amado por uns, odiado por outros e indiferente a alguns, é, no entanto, indiscutível o seu peso na cultura e literatura portuguesa, independentemente dos gostos.
Sempre polémico, controverso quanto baste, claramente "alinhado" consigo mesmo, José Saramago soube tratar e cuidar da língua portuguesa e ser um claro embaixador de vulto de Portugal nos últimos tempos.
A Cultura em Portugal ficou mais pobre.

Boa Semana… cheia de bola.

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