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03 junho 2010

O Mundo (político) ao avesso.

Publicado na edição de hoje, 3 de Junho, do Diário de Aveiro.

Cheira a Maresia!
O Mundo ao avesso.

A vida dá muitas voltas, cambalhotas e reviravoltas… A política igualmente.
E os acontecimentos políticos têm sido frutuosos nessa realidade: o mundo (da política) virou do avesso!
Comecemos pelas Presidenciais, mesmo que ainda faltem cerca de 8 meses.
O Partido Comunista Português – PCP, já referiu que vai apresentar candidato próprio.
Fernando Nobre tem, de facto, candidatura supra-partidária, apesar de conhecidos apoios na área soarista do PS.
PSD e CDS apoiam, incondicionalmente, recandidatura de Cavaco Silva. É óbvio que as notícias que colam a promulgação da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo a uma eventual derrota eleitoral, não fazem o menor sentido (a não ser o reflexo do desespero incompreensível de uma réstia minoritária).
O BE já há muito que se colou à candidatura de Manuel Alegre que está, cada vez mais, confinada a um espaço político definido.
E é aqui que o mundo rola do avesso.
Manuel Alegre (diga-se, em abono da verdade, sempre manteve uma coerência no seu discurso) foi abertamente crítico em relação a “este” PS de José Sócrates, a uma grande maioria das suas medidas sociais, económicas e políticas.
Manuel Alegre mantém uma leitura e uma visão da sociedade e da política actual muito distante da realidade que se vive nos dias de hoje.
Manuel Alegre não traz consensualidade ao Partido Socialista e muito dificilmente garantirá unanimidade no dia das eleições, em 2011.
Por isso só se entende o apoio formal do PS à sua candidatura como uma necessidade vital do aparelho socialista, e, mais concretamente, do governo, em ter Cavaco Silva de novo no Palácio de Belém.
Porque para José Sócrates é, indiscutivelmente, mais fácil governar com Cavaco Silva do que com Manuel Alegre como Presidente da República.
Por outro lado, a recente manifestação de sábado passado demonstrou um inequívoco descontentamento dos cidadãos em relação às políticas e medidas aprovadas para o combate ao défice. E o mundo vira outra vez do avesso.
E se PCP e BE querem tanto demonstrar publicamente a sua indignação (como se não houvesse trabalhadores à direita ou não houvesse patronato à esquerda) não se consegue entender que os mesmos se contradigam política e ideologicamente, de forma tão clara, não impedindo que o PS e o Governo avancem com as grandes obras públicas (nomeadamente o TGV) que só resultarão num agravamento das condições económicas do País.
Primeiro engolindo um enorme “sapo” ao aprovarem projectos que implicam parcerias público-privadas que tanto condenam.
Depois, perspectivando que essas obras se traduzam num aumento do emprego e da economia. Não percebendo que se trata de projectos e investimentos temporários e que, na maioria dos casos, significam um adjudicações maioritariamente estrangeiras.
Por último, os dois partidos de esquerda ficarão associados a investimentos (caso do TGV, do novo aeroporto, de novas auto-estradas) que nunca serão sustentáveis, aumentando os encargos públicos das indemnizações compensatórias, da responsabilidade do estado cobrir o défice de exploração de projectos que não justificam os valores investidos nem os recursos financeiros dos quadros comunitários que poderiam e deveriam ser canalizados para necessidades mais reais e relevantes para o País.

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