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01 novembro 2009

A Semana em Resumo - I

Publicado na edição de hoje, dia 1.11.2009, do Diário de Aveiro.

Esta rubrica abre um conjunto de análises aos acontecimentos semanais da política nacional.

Novo Governo

Na passada segunda-feira, o novo governo apresentado por José Sócrates tomou posse: 16 ministros, entre os quais se puderam contar oito “caras” novas.

Esperadas eram as renovações nas pastas da Agricultura, Educação, Administração Interna, Ensino Superior, Justiça, Cultura, Ambiente e Obras Públicas (já se tinha verificado a alteração na Economia).

Saíram defraudadas as melhores expectativas: a Administração Interna e o Ensino Superior mantiveram os seus titulares governativos (não expectáveis), enquanto que o Ministro do Emprego transitou para a Economia e o Ministro Augusto Santos Silva passará a “malhar” nas hostes militares.

Face ao quadro parlamentar (e ao seu desenho partidário) será mais fácil do que possa parecer a vigência deste governo durante toda a legislatura, com a capacidade de gerar políticas de agrado à esquerda ou, noutras situações, à direita. Até porque, face aos últimos acontecimentos que fragilizaram a imagem política de Cavaco Silva, não é previsível que este vá tomar a iniciativa de marcar novas eleições.

No entanto, face a antecedentes e anteriores tomadas de posição públicas de alguns dos novos ministros (Educação, Cultura, Obras Públicas, Emprego) e à perspectiva em relação à continuidade do desempenho das Finanças, Saúde e Administração Interna, o único “inimigo” deste governo é ele próprio e a sua prestação: no combate à crise e ao desemprego; na educação e na revitalização do ensino e da escola; na aplicação dos fundos comunitários para renascer a agricultura; na qualidade e nos serviços eficazes na saúde e na justiça.

Desigualdades

Na semana em que o novo Governo tomou posse e onde o Primeiro-Ministro referia como prioridade a justiça social, o Foro Económico Mundial (ranking onde são medidas as desigualdades entre homens e mulheres) apresentou o "Relatório Global sobre Desigualdades de Género", que inclui 134 países, e onde Portugal se situa em 46º lugar (ao lado do Cazaquistão e da Jamaica) e atrás do Perú e de Israel.

Na primeira edição do ranking, realizada em 2006, Portugal surgia em 33º lugar.

Gripe A – vírus H1N1

Se com a chegada da vacina Pandemrix, escolhida para o combate e prevenção da Gripe A, se poderia pensar numa “pacificação” e serenidade no tratamento da doença, a realidade mostrou-se contraditória. Entre figuras públicas a darem o exemplo, entre outras que se abstiveram de a tomar, surgiu também a hipótese de a mesma não ser segura e haver profissionais de saúde que recusaram serem vacinados.

Em nada, tal discussão e posições beneficiaram a necessidade de esclarecimento eficaz da população e acalmar o nervosismo que se vai instalando na sociedade. Ao ponto de, com a infelicidade de uma morte de uma criança, se transformar a racionalidade em histerismo colectivo.

Justiça e Corrupção

Surgiu, esta semana, mais um caso de corrupção a ser investigado, envolvendo figuras públicas e quadros de várias empresas de referência como, por exemplo, a Galp, a Ren, a Refer, mas que algumas vozes já prevêem como mais um caso mediático na Justiça portuguesa. Ao “Apito Dourado”, “Casa Pia”, “BPP” e “BPN”, “Freeport”, …, junta-se agora o “Face Oculta”. Terá um fim?!

PSD - Liderança

Ferreira Leite, no último Conselho Nacional, deixou claro que se manteria em funções (pelo menos), até ao final do seu mandato.

Marcelo Rebelo de Sousa aplaudiu a posição tomada e afastou-se de uma possível candidatura à liderança social-democrata.

Afastou-se ele, mas não se afastaram dessa hipótese várias figuras relevantes do partido que, apesar da distância até ao final do mandato da actual líder, não se coibiram de defender a alternativa. Pedro Rangel, Miguel Relvas, José Luís Arnaut, António Capucho, Macário Correia, Guilherme Silva, entendem que Marcelo Rebelo de Sousa tem o perfil ideal para regressar ao leme social-democrata e ser alternativa a Manuela Ferreira Leite.

Pedro Passos Coelho tem, a partir de agora, um rosto de oposição à sua candidatura.

Embora não seja de eliminar a hipótese de Marcelo Rebelo de Sousa se afigurar como um legítimo e válido candidato às próximas eleições presidenciais, face à queda política de Cavaco Silva.

Boa Semana…


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