“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

17 setembro 2009

Campanha Legislativas 2009

Publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro.
Sais Minerais
Arruadas e Jantaradas.


O “circo” da campanha eleitoral teve início oficial no princípio desta semana.
Uma campanha eleitoral que está e vai ser marcada pela ansiedade, pelo equilíbrio nas sondagens, pela pressão do “empate técnico” nas previsões… pelos ataques ferozes entre opositores.
Mas esta fase, que antecede o momento da verdade, é, por norma, “gasta” em aspectos e acções que deixam algumas dúvidas, em relação aos impactos e resultados junto dos eleitores, nomeadamente o que respeita aos indecisos.
São os “folclores”, os ataques demagogos, os “beijinhos e abraços” das arruadas, os monumentais jantares-comício, as frases feitas! A bem da verdade, também as emoções, a agressividade, a confiança, a conquista e consolidação de eleitorados, ou as promessas que ficarão ou não por cumprir.
Mas a verdade é que em relação aos apoiantes e simpatizantes já pouco há para consolidar (aliás, são estranhos os comícios e os jantares, já que, quem comparece, é quem se identifica com o partido, sendo, por natureza, eleitor já conquistado).
No que toca aos indecisos, se não foram conquistados nas acções pré-eleitorais (entrevistas, debates, etc), muito dificilmente serão com as acções de campanha, cheias de “ruído” e com pouca clareza.
No fundo… a verdadeira campanha eleitoral já aconteceu: as entrevistas aos principais líderes e os debates entre os partidos com representação eleitoral, acabaram por esgotar a confrontação e a argumentação.
Embora se assista a uma crescente relevância e importância das “redes sociais”, da blogoesfera e das ferramentas da internet na difusão das mensagens partidárias, o peso e mediatismo da Comunicação Social, nomeadamente o da televisão, ainda é a referência, como o demonstraram os debates efectuados. E aqui residiu a verdadeira campanha eleitoral… mesmo que o resultado dos debates tenha deixado “tudo na mesma”, como o espelham as últimas sondagens.
Em relação aos debates, falharam precisamente naquilo que deveriam ser mais conclusivos e incisivos: não serviram para conquistar o eleitorado indeciso.
Sem vencidos nem vencedores de forma clara e evidente (no fundo, sem fazerem “sangue”), houve, no entanto, alguns aspectos que importa realçar.
Jerónimo de Sousa falou apenas para o interior do PCP, tentando, com isso, impedir fugas de eleitorado, nomeadamente para o BE.
Quanto a Francisco Louçã, aquele que pareceria vir a ser o verdadeiro “animal feroz” dos debates, fracassou na hora do confronto, excepção feita para o momento mais à esquerda (com Jerónimo de Sousa). Na hora de apresentar propostas, estas demonstraram-se frágeis, irrealistas, demagogas (como é o seu discurso metafórico que já tem dificuldade em afirmar-se), e transmitiram um lado radicalista e extremista, “acordando fantasmas ideológicos trotskistas” dos tempos da UDP, recordando, a muitos cidadãos, as obras de peso na bibliografia de George Orwell: “O Triunfo dos Porcos” e “O Grande Irmão”.
Paulo Portas, hábil nestes ambientes, foi, em muitos momentos, bastante seguro e incisivo, com um discurso claro e determinado.
José Sócrates deixou uma imagem "pálida" e "desgastada" no seu discurso. Mais propagandista do que realista, agarrado ao passado dos outros (nomeadamente de Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite) e à “obra” que refere ter realizado, a verdade é que esqueceu, na maioria dos casos, que quem está a ser “julgado” é precisamente a sua governação e não os “fantasmas” dos outros partidos. Não consegui descolar da sua principal opositora (Manuel Ferreira Leite). Pelo contrário, valorizou a imagem e mensagem da líder do PSD, ao ponto de transformar os valores das sondagens que, em Junho, lhe eram favoráveis, para um claro empate técnico, no arranque para a campanha oficial.
Ao expor e valorizar, quase que exclusivamente, o trabalho realizado, foram poucas as referências a propostas para o futuro, tentando apagar a imagem de uma governação demasiadamente exposta e confrontada na rua, pela contestação social.
E o espelho desta realidade foi a forma como terminou o seu debate com Ferreira Leite. Dizer que se ganhar as eleições os ministros serão substituídos (e foi mesmo isso que foi dito) é o mesmo que querer dizer e transmitir a imagem de que o Governo falhou, não prestou um bom trabalho ao país. É, claramente (mesmo que sem intenção), transmitir aos cidadãos uma clara falta de confiança.
Quanto a Manuela Ferreira Leite, os debates, mesmo que não ganhos (o que não significa que tivessem sido perdidos), serviram para demonstrar uma evidente imagem de seriedade, de confiança, de rigor. Transmitiu a sua mensagem de forma frontal e realista (como a preocupação com as PME’s, a economia, a educação e o estado social), clarificando, de uma vez por todas, que não haverá lugar à privatização da saúde, nem da segurança social. Manteve um discurso coerente e coeso (já que muitas vezes parecia mais que era a governação do PSD que estava em causa e não a do PS), e nem mesmo as “gaffes” do IRC/IRS ou a questão das SCUT’s ofuscaram a posição, partilhada pela maioria dos portugueses, em relação às obras públicas (caso TGV), aos impostos, economia, saúde e educação.
Manuela Ferreira Leite assumiu, num espaço que lhe é mais favorável do que o “improviso do momento ou da rua”, passou a mensagem que queria, não saiu derrotada em nenhum confronto e acabou por ser a surpresa de todos os debates (mesmo que o mais visto tenha sido o de Paulo Portas com José Sócrates).
A 27 de Setembro logo se verá o rumo do país e por quanto tempo.
Ao sabor da pena…

1 comentário:

Anónimo disse...

Um casal conheceu-se numa festa e foi parar a um motel.
No dia seguinte, entre olhares apaixonados, o homem disse:
- Pela maneira como tocavas o meu cabelo, deves ser cabeleireira.
A garota respondeu:
- Sou mesmo! E sabes uma coisa? Eu acho que tu és do PS.
O homem ficou de boca aberta, verdadeiramente abismado.
Quis saber como é que ela tinha adivinhado tão facilmente a sua filiação partidária.
A explicação veio rápida:
- É muito simples! Quando estavas por baixo, gritavas muito... E, quando estavas por cima, não sabias fazer nada...