“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

27 agosto 2009

Urge Participar!

Publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro...
Sais Minerais
Urge participar!

Esta é, por força da insistência e da relevância, uma temática que entendo ser, nos dias de hoje, por um lado, de extrema importância, por outro de alguma preocupação.
Refiro-me à participação dos cidadãos na “coisa pública”, na sociedade, ao exercício de um direito conquistado: o exercício da cidadania, a co-responsabilização na construção social das comunidades, o direito à liberdade de expressão (de ideias, de posições, de convicções).
Esta deveria ser uma realidade enraizada no quotidiano dos cidadãos, nas mais distintas áreas, nos mais variados sectores e nas diversas idades. E não apenas em épocas ou anos eleitorais.
Por norma, face a uma simples análise empírica, uma das características/identidade nacional é a facilidade para o “mal-dizer”. O cidadão luso, por norma, gosta de criticar (na maioria dos casos, “por tudo e por nada”), de “acusar”, do tradicionalmente “bota a baixo”… mas construir, participar, ser pró-activo ou assertivo, é algo que está distante do nosso dia-a-dia, da nossa personalidade colectiva. Mesmo que, nos momentos críticos, de necessidade solidária, de movimentação colectiva, sejamos os primeiros a “arregaçar as mangas” (o que não significa que, nestas alturas, também não seja dado “ponto sem nó”: uma no cravo outra na ferradura…)
E hoje, são inúmeras as facilidades que temos ao nosso dispor para intervir, sermos activos e participativos, seja na vida política (mesmo que extra partidária), na solidariedade, no sector social, cultural ou até mesmo religioso. Seja nas grandes causas, como na participação da construção de uma vida melhor no Concelho, na Cidade, na Freguesia ou no bairro. Quer do ponto de vista das ofertas (e necessidades), quer através do recurso às tecnologias da comunicação e da informação, só o comodismo e a indiferença justificam o alheamento da “construção social participada”.
Quantos são os espaços e as oportunidades dadas, pelo Estado, pelas entidades públicas, pelas autarquias, para que seja possível o “comum dos mortais” deixar a sua marca, o seu posicionamento ou a sua visão da realidade?!
Tomemos como mero exemplo a realidade mais próxima de nós: quantos participam nas Assembleias de Freguesia (sem ser para se queixarem do vizinho ou da rua), nas reuniões Públicas da Câmara ou nas acções de intervenção no município que são colocadas à consulta pública?!
O mesmo já não acontecerá com as críticas aos partidos, ao governo, aos ministérios e ministros, às entidades e organismos públicos, à justiça, à saúde, às câmaras ou às freguesias, já para não falar nos vizinhos do lado… Aí somos peritos, temos o “coração ao pé da boca”!
Isto não significa que, para muitos dos cidadãos deste país, a participação, a intervenção o exercício da cidadania, esta realidade seja assim vivida. Há quem acredite que a sociedade evolui, constrói-se com a participação de todos.
Daí que seja interessante verificar que o poder mais próximo das comunidades e dos cidadãos (o poder local) começa a ser “disputado” fora dos círculos condicionantes (e condicionados) dos partidos.
Se é notório o afastamento dos cidadãos dos partidos, também não deixa de ser interessante ver a aproximação dos cidadãos à política, à participação directa no serviço público, ao desenvolvimento social das suas comunidades.
Os dados podem ser insignificantes, mas são também reveladores de mudança de mentalidades, de vontades e de convicções…
Para as próximas eleições autárquicas (Outubro), no universo dos 308 concelhos do país (que perfazem a apresentação de 2046 listas eleitorais), existem cerca de 50 listas de movimentos de cidadãos independentes (para além das candidaturas de independentes apoiados por partidos) que entendem ser possível o exercício da causa e da vida políticas fora do âmbito partidário, pelo direito à participação e à intervenção como cidadãos interessados no desenvolvimento das comunidades (fonte: edição do jornal Público do dia 24.08.09).
Afinal… há quem critique, mas também quem actue e intervenha. A servir de exemplo!
Ao sabor da pena…

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