“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

29 março 2009

Urbanidades

Publicado na edição de sexta-feira - 27.03.09 - do Diário de Aveiro.

Sais Minerais
Urbanidades.

As cidades ganharam novas dimensões. Não só em termos demográficos, como nas suas identidades culturais, sociais e políticas.
Até mesmo no seu tradicional contexto (delimitação) geográfico. A intermunicipalidade tem hoje uma perspectiva mais aberta e dinâmica, revelando o conceito fundamental de vizinhança.
O sentido de comunidade, de bairrismo (no seu sentido puro), os processos de socialização, as influências externas que pressionam os aspectos culturais e históricos (identidades) das localidades, alteraram profundamente o conceito de cidade, comunidade e urbanismo (na sua vertente social, arquitectónica, ordenamento e planeamento e ambiental).
As cidades cresceram a um ritmo elevado, em muitos casos, acima do previsto, do planeado e da capacidade de resposta.
Cresceram em extensão, demografia, em alterações de valores, na insegurança, na dificuldade de mobilidade dos cidadãos (trânsito, estacionamento, etc.). Claro que cresceram igualmente em aspectos positivos… agora, assim de repente, não me lembro quais, mas alguns haverá.
Mas o que me lembro é que, hoje, as cidades têm é falta de segurança, de espaço, de liberdade (no sentido de mobilidade), um menor aproveitamento do “espaço público”.
Não se joga à bola na rua, não se passeia e brinca sozinho (com os amigos) na rua, poucas crianças vão ao mini-mercado do bairro às compras, muitos poucos andam de bicicleta na rua (as crianças têm dificuldade em aprender a andar de bicicleta, em parte, por falta de espaços).
As ruas transformaram-se em espaços exclusivos dos automóveis.
As pessoas deixaram de respeitar a “diferença” dos outros, no que respeita à sua opção de mobilidade.
As pessoas tornam-se mais distantes, menos abertas, menos solidárias e menos participativas. Tornam-se mais indiferentes.
Daí que pareça ser importante que se mudem, igualmente, as mentalidades e a forma de as pessoas encararem a cidade e o espaço urbano.
E porque não começar pela mobilidade e pelo uso da bicicleta?!
É certo que há aspectos do quotidiano que nos condicionam: os filhos e a escola, o local de trabalho distante de casa, a segurança rodoviária, etc.
Mas há também aspectos que valem o esforço e a opção.
O andar de bicicleta dá-nos uma liberdade que não é, de todo, perceptível à primeira vista.
Podemos conhecer melhor a nossa cidade, olhá-la de outra forma e mais directamente.
Em pequenas distâncias, podemos ganhar tempo, sem estarmos presos no trânsito ou à espera do transporte público. Por outro lado, a bicicleta leva-nos para qualquer lado (serviço porta-a-porta)
Poupa-se dinheiro em combustível, em revisões mecânicas e protege-se o ambiente porque não polui e não ocupa espaço.
E acima de tudo, a bicicleta é um excelente meio de nos mantermos saudáveis e em forma.
Assim, faz sentido que as bicicletas “ocupem” um espaço que também é delas: a estrada e a rua.
Ao sabor da pena…

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