Publicado na edição de hoje - 22.01.2009 - do Diário de Aveiro.
Sais Minerais
A Má e a Boa!
Ou como, popularmente, se ousa dizer:”tenho duas notícias. Uma é má e a outra é boa. Qual vai ser primeiro?”
É, nalguns casos um dilema opcional.
Hoje, opto por esta sequência, mesmo sem ter a certeza do porquê.
A Má.
Já se ouve há alguns anos e desde dois governos anteriores (se quisermos recuar aos tempos governativos de António Guterres e de Durão Barroso) falar de crise. Concretamente, sempre no final de cada ano civil se ouvia dizer: o próximo ano será um ano difícil por causa da crise.
No entanto, apesar dos diversos alertas sempre se foi alimentando a esperança de que, tão malfadada realidade, não surgisse na prática.
Mas a verdade é que 2008 acabou por ser o ano da confirmação profética do descalabro financeiro e económico que assolou o planeta. Além disso, o ano de 2008 reafirmou o discurso anterior: o próximo ano será um ano difícil por causa da crise.
Mas nem por isso, conforme já foi escrito neste espaço e proclamado por tantos especialistas, o Governo de José Sócrates se inibiu de apresentar um Orçamento para 2009 cheio de investimentos, obras, de recursos, de aumento das despesas (o das receitas por força dos impostos).
Má hora (e má notícia). O orçamento previsto e apresentado falhou, é irrealista e incoerente com a realidade. Há que rectificar.
Porque a verdade dos factos impõe: o crescimento previsto para 0,6% será de -0,8% (valor negativo); o défice ultrapassará a barreira imposta, pela União Europeia, para o Pacto de Estabilidade e Crescimento, e situar-se-á nos 3,9% e os valores da dívida pública estão projectados para 70% do Produto Interno Bruto.
E a agravar esta realidade, o desemprego aumentará 8,5% em 2009 (contra os 7,7% previstos).
Face a estes cenários (acrescentado o aumento dos preços de alguns produtos e serviços), a tão mediatizada baixa das taxas de juro, nomeadamente com impactos nos créditos, é uma gota de água.
Mas, claro, temos o TGV para nos alegrar.
A Boa.
Nunca uma eleição para a Presidência Norte-Americana tinha sido tão global.
Nunca uma tomada de posse de um Presidente Norte-Americano tinha sido tão mediática.
Pelo menos nos tempos mais próximos…
Mais de 2 milhões de pessoas assistiram, ao vivo, a tomada de posse de Barack Obama, sem contar com aqueles que acompanharam, via televisão ou internet, o acontecimento.
É que se a América esperava ansiosamente por Barack Obama, o resto do Mundo também e de forma muito semelhante.
Seja-se anti-americano, apenas mais-ou-menos ou pró-americano por completo, a dinâmica das sociedades (sejam elas quais forem) internacionais vivem numa certeza: quando os Estados Unidos espirram o mundo constipa-se.
Daí que tenham depositadas expectativas, eventualmente demasiado altas, neste mandato do 44º Presidente Norte-Americano.
Os Americanos (segundo um estudo da ABC TV e referido na última edição do Expresso) esperam uma retirada célere das tropas no Iraque; esperam reformas profundas no sistema nacional de saúde; esperam medidas concretas no combate às alterações climáticas (recorde-se que os Estados Unidos, por força da Administração Bush forma o único país que não ratificou o Protocolo de Kyoto, apesar de o ter assinado); esperam políticas de combate à crise financeira instalada, nomeadamente no campo imobiliário e indústria automóvel.
Já o Mundo, espera por uma posição geopolítica e geoestratégica mais diplomática, mais pacificadora e mais mediadora dos conflitos internacionais (concretamente no Médio Oriente). Os restantes países aguardam pelas melhorias económico-financeiras americanas para a estabilização dos mercados internacionais e por posições mais realistas e concreta na defesa ambiental do planeta. E essencialmente esperam por um Mundo mais estável.
Estará Barack Obama preparado? E estará a América e o Mundo preparado para Barack Obama?
Para já a Esperança… depois o tempo dirá.
Ao sabor da pena…
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