Publicado na edição de hoje (11.09.2008) do Diário de Aveiro.
Sais Minerais
No adeus às férias!
Com o final de mais um verão chega igualmente o fim das férias para muitas crianças, jovens e adultos e o regresso às aulas, em mais um ano lectivo.
Para muitos alunos o “matar saudades”, para outros o regresso à travessia de caminhos nem sempre fáceis de trilhar ou até penosos.
Sem esquecer uma parte importante do processo: os muitos docentes para quem o prazer de ensinar se vai, a espaços, tornando num pesadelo profissional.
Neste regresso às aulas é inevitável a reflexão sobre o ensino em Portugal.
O processo educativo transformou-se numa mera sustentação estatística (dados divulgados que não se aproximam minimamente da realidade), alicerçada no facilitismo e laxismo e não no mérito e na valorização do esforço e da aprendizagem.
Com toda a “pompa e circunstância” o Governo anunciou, esta semana, que o ensino em Portugal tinha atingido o menor número de reprovações escolares da última década.
Não é algo que espante… aliás, já há algum tempo esperado, face à forma como o Ministério da Educação vem esvaziando a escola na sua principal e fundamental vertente: educar e ensinar… preparar para a vida profissional e comunitária. É o processo avaliativo simplificado e simplista (os últimos exames nacionais são a prova disso mesmo), a pressão junto das escolas e dos docentes para evitar a chamada “retenção” escolar (vulgo antigo - “chumbo”), os incentivos especiais às escolas indexando a sua avaliação às notas atribuídas aos alunos (rankings), o esvaziamento do processo pedagógico e do papel do professor (ou se preferirmos o seu “aperfeiçoamento” administrativo) ou o último Estatuto do Aluno.
É indiscutível, se quisermos ser sérios, que este “sucesso estatístico” está longe de corresponder a uma verdadeira melhoria do ensino, do processo de aprendizagem, na qualificação dos alunos e no seu desempenho escolar.
Aliás, outra coisa não seria de esperar quando são conhecidos os inúmeros e crescentes casos que revelam um aumento da insegurança nas escolas, nas agressões e, embora ainda pouco perceptível e analisado, o aumento das situações de agressão psicológica (como é o caso do “bullyng”).
Outra coisa não seria, igualmente, de esperar, e sustentando esta verdadeira realidade escolar, quando a OCDE classifica Portugal em 22º lugar (num total de 33 países - ou seja, ainda há 11 países piores que “nós”, mesmo que existam 21 melhores) no que respeita ao investimento feito por cada aluno: 4200 euros por cada estudante (como referência, os Estados Unidos, que lideram a classificação, gastam, em média, cerca de 9000 euros por aluno).
Mas este regresso aos bancos da escola (agora bem longe dos tempos da ardósia e do giz) trás ainda uma outra problemática.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os portugueses gastam mais em educação que a média europeia. As famílias lusas com filhos em idade escolar “dispensam” cerca de 600 euros do seu orçamento em cada ano lectivo, sendo que a maior percentagem desse valor se situa logo no início, nomeadamente com a aquisição de material escolar e dos manuais obrigatórios.
Num país onde é conhecida e reconhecida a sua dificuldade financeira, à qual os orçamentos familiares não são alheios (veja-se o constante aumento do endividamento familiar), os cerca de 1,5 milhões de alunos vão “obrigar” o seus Encarregados de Educação a “desembolsarem” cerca de 80 milhões de euros na aquisição de - pasme-se - 10 milhões de manuais que os estabelecimentos de ensino determinaram como “obrigatórios”. Um verdadeiro negócio das arábias, a que não será alheio a actualização dos preços dos manuais que varia entre os 5,4% e os 37% (tendo como referência e exemplo o 1º ano de escolaridade e o 9º ano, respectivamente).
Isto tudo pra reforçar o peso da estatística escolar, já que sabemos que a qualidade de ensino, mormente o digno esforço da maioria dos docentes e gestão escolar, está pelas ruas da amargura…
Ao sabor da pena…
No adeus às férias!
Com o final de mais um verão chega igualmente o fim das férias para muitas crianças, jovens e adultos e o regresso às aulas, em mais um ano lectivo.
Para muitos alunos o “matar saudades”, para outros o regresso à travessia de caminhos nem sempre fáceis de trilhar ou até penosos.
Sem esquecer uma parte importante do processo: os muitos docentes para quem o prazer de ensinar se vai, a espaços, tornando num pesadelo profissional.
Neste regresso às aulas é inevitável a reflexão sobre o ensino em Portugal.
O processo educativo transformou-se numa mera sustentação estatística (dados divulgados que não se aproximam minimamente da realidade), alicerçada no facilitismo e laxismo e não no mérito e na valorização do esforço e da aprendizagem.
Com toda a “pompa e circunstância” o Governo anunciou, esta semana, que o ensino em Portugal tinha atingido o menor número de reprovações escolares da última década.
Não é algo que espante… aliás, já há algum tempo esperado, face à forma como o Ministério da Educação vem esvaziando a escola na sua principal e fundamental vertente: educar e ensinar… preparar para a vida profissional e comunitária. É o processo avaliativo simplificado e simplista (os últimos exames nacionais são a prova disso mesmo), a pressão junto das escolas e dos docentes para evitar a chamada “retenção” escolar (vulgo antigo - “chumbo”), os incentivos especiais às escolas indexando a sua avaliação às notas atribuídas aos alunos (rankings), o esvaziamento do processo pedagógico e do papel do professor (ou se preferirmos o seu “aperfeiçoamento” administrativo) ou o último Estatuto do Aluno.
É indiscutível, se quisermos ser sérios, que este “sucesso estatístico” está longe de corresponder a uma verdadeira melhoria do ensino, do processo de aprendizagem, na qualificação dos alunos e no seu desempenho escolar.
Aliás, outra coisa não seria de esperar quando são conhecidos os inúmeros e crescentes casos que revelam um aumento da insegurança nas escolas, nas agressões e, embora ainda pouco perceptível e analisado, o aumento das situações de agressão psicológica (como é o caso do “bullyng”).
Outra coisa não seria, igualmente, de esperar, e sustentando esta verdadeira realidade escolar, quando a OCDE classifica Portugal em 22º lugar (num total de 33 países - ou seja, ainda há 11 países piores que “nós”, mesmo que existam 21 melhores) no que respeita ao investimento feito por cada aluno: 4200 euros por cada estudante (como referência, os Estados Unidos, que lideram a classificação, gastam, em média, cerca de 9000 euros por aluno).
Mas este regresso aos bancos da escola (agora bem longe dos tempos da ardósia e do giz) trás ainda uma outra problemática.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os portugueses gastam mais em educação que a média europeia. As famílias lusas com filhos em idade escolar “dispensam” cerca de 600 euros do seu orçamento em cada ano lectivo, sendo que a maior percentagem desse valor se situa logo no início, nomeadamente com a aquisição de material escolar e dos manuais obrigatórios.
Num país onde é conhecida e reconhecida a sua dificuldade financeira, à qual os orçamentos familiares não são alheios (veja-se o constante aumento do endividamento familiar), os cerca de 1,5 milhões de alunos vão “obrigar” o seus Encarregados de Educação a “desembolsarem” cerca de 80 milhões de euros na aquisição de - pasme-se - 10 milhões de manuais que os estabelecimentos de ensino determinaram como “obrigatórios”. Um verdadeiro negócio das arábias, a que não será alheio a actualização dos preços dos manuais que varia entre os 5,4% e os 37% (tendo como referência e exemplo o 1º ano de escolaridade e o 9º ano, respectivamente).
Isto tudo pra reforçar o peso da estatística escolar, já que sabemos que a qualidade de ensino, mormente o digno esforço da maioria dos docentes e gestão escolar, está pelas ruas da amargura…
Ao sabor da pena…
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