Publicado na edição de ontem (24.01.08) do Diário de Aveiro.
Crónicas dos Arcos
À nossa saúde!
Facto: a adversidade bateu à porta de uma família de Anadia, originada pelo falecimento de um bebé de apenas dois meses.
Aqui deveria terminar esta crónica. Nada justifica que se faça aproveitamento da infelicidade dos outros para justificar as nossas posições e convicções.
Ou melhor. Nada… a não ser o desespero, a insegurança, a revolta!
Não sei se, em alguma circunstância, alguém poderá afirmar que a vida daquele bebé poderia ser mantida se a urgência do Hospital de Anadia não tivesse sido encerrada. Mas também não é tolerável querer-se condicionar a legitimidade de sustentar a dúvida do contrário. Até porque, pasme-se, o bebé foi assistido às portas do Hospital de Anadia, perante uma plateia de “curiosos” no exterior e de pessoal do sector da saúde “colado” às janelas, observando de forma impotente ao esforço inglório dos colegas dentro da ambulância.
E isto não é uma questão de aproveitamento político. É uma contestação de factos.
Hoje, em Portugal, nasce-se e morre-se à beira de uma estrada, no interior de uma ambulância.
Esta é a imagem de insegurança e de perda de qualidade de vida que as populações vão sentindo, cada vez mais. Ou pelo menos uma grande parte delas.
Até por uma questão de justiça e equidade.
Não se pode pedir a um cidadão do interior desertificado e desestruturado que se sinta tão português como alguém dos grandes centros urbanos, para as quais basta percorrer meia dúzia de quarteirões para ter acesso a todo e qualquer cuidado de saúde.
O resto do país é paisagem… pelo menos aquela que ainda vale a pena contemplar.
Na saúde, as pessoas (ao contrário de um dos grandes lemas da campanha eleitoral do actual governo) são meros dados estatísticos, são números. No ensino o reflexo é idêntico. Na relação estado - cidadão, idem “aspas, aspas”.
Este também é um aproveitamento político. Deste modo, pelo lado governamental. O não assumir responsabilidades, o não saber reconhecer os erros estratégicos e políticos que sustentam reformas sem estruturação eficiente, apenas assentes numa lógica estatística e economicista.
Para continuar a ler AQUI.
Crónicas dos Arcos
À nossa saúde!
Facto: a adversidade bateu à porta de uma família de Anadia, originada pelo falecimento de um bebé de apenas dois meses.
Aqui deveria terminar esta crónica. Nada justifica que se faça aproveitamento da infelicidade dos outros para justificar as nossas posições e convicções.
Ou melhor. Nada… a não ser o desespero, a insegurança, a revolta!
Não sei se, em alguma circunstância, alguém poderá afirmar que a vida daquele bebé poderia ser mantida se a urgência do Hospital de Anadia não tivesse sido encerrada. Mas também não é tolerável querer-se condicionar a legitimidade de sustentar a dúvida do contrário. Até porque, pasme-se, o bebé foi assistido às portas do Hospital de Anadia, perante uma plateia de “curiosos” no exterior e de pessoal do sector da saúde “colado” às janelas, observando de forma impotente ao esforço inglório dos colegas dentro da ambulância.
E isto não é uma questão de aproveitamento político. É uma contestação de factos.
Hoje, em Portugal, nasce-se e morre-se à beira de uma estrada, no interior de uma ambulância.
Esta é a imagem de insegurança e de perda de qualidade de vida que as populações vão sentindo, cada vez mais. Ou pelo menos uma grande parte delas.
Até por uma questão de justiça e equidade.
Não se pode pedir a um cidadão do interior desertificado e desestruturado que se sinta tão português como alguém dos grandes centros urbanos, para as quais basta percorrer meia dúzia de quarteirões para ter acesso a todo e qualquer cuidado de saúde.
O resto do país é paisagem… pelo menos aquela que ainda vale a pena contemplar.
Na saúde, as pessoas (ao contrário de um dos grandes lemas da campanha eleitoral do actual governo) são meros dados estatísticos, são números. No ensino o reflexo é idêntico. Na relação estado - cidadão, idem “aspas, aspas”.
Este também é um aproveitamento político. Deste modo, pelo lado governamental. O não assumir responsabilidades, o não saber reconhecer os erros estratégicos e políticos que sustentam reformas sem estruturação eficiente, apenas assentes numa lógica estatística e economicista.
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2 comentários:
não li o resto, mas o que li chegou-me para ver que a demagodgia do sr presidente lá do sitio chegou mais longe que anadia.
E para que saibas àquela hora as urgencias do hospital já estavam abertas!
e se não funcionaram é porque não tinham capacidade para tal.
Pois é saltapocinhas.
A questão é mesmo essa.
Se leres até ao fim vais acabar por perceber o meu ponto de vista.
Não defendi, e nunca defenderia, o aproveitamento político da morte de um ser. seja para a contestação, seja para sacudir a água do capote da responsabilidade.
A questão está mesmo na política da reforma em si. É a desertificação e assimetria do país. É a forma desajustada e destruturada (sem planeamento ou previsão de consequências). Se as urgências estavam abertas para quê o INEM?
O país tem já uma rede de assistência preparada e funcionável?! Acredito que não penses que Alijó é caso único por ter sido apenas aquele o relatado nos media.
É que o país é feito de muito "alijós". E mesmo aqui ao nosso lado.
Imagina-te a morar na Torreira ou S.Jacinto e a teres de viajar de urgência até ao hospital de Aveiro. É inconcebível.
E isto é uma reforma economicista, apenas. Para se evitar o investimento, encerra-se com vista à poupança.
Só que a vida humana (uma que seja) não tem preço. Nem se mede em quilómetros de distância.
Cumprimentos
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