Publicado na edição de ontem (06.07.07) do Diário de Aveiro.
Crónicas dos Arcos
RIA(lidades)!
O País vai parar durante seis meses. Ou pelo menos vai, apesar do Verão (que teima em não aparecer para a festa), hibernar. Com a presidência europeia sob o “leme” nacional, esquecidas no tempo vão ficar as questões da saúde, do ensino, da Ota, dos atropelos à liberdade de expressão e ao exercício do direito de cidadania, a pequena Madeleine, os processos judiciais mais mediáticos, etc. e tal.
Excluindo as eleições intercalares lisboetas, mais as contratações e “descontratações futeboleiras”, vamos passar a viver vários meses “bombardeados” com uma realidade que a maioria dos cidadãos desconhece, é alheia e, eventualmente, repugna: a senhora Europa. A velha renovada e ampliada Europa. Essa realidade que, para nós portugueses, ainda parece um sonho, uma miragem ou um outro mundo.
Mas o facto é que a presidência até ao final do ano pertencerá a Portugal. E contra factos não há argumentos.
E assim sendo, porque não aproveitar essa factualidade para promover o país e as suas regiões? Porque não a região de Aveiro aproveitar esta situação para pressionar, mostrar e promover as suas muitas potencialidades e condições?
O património colectivo, seja ele histórico, cultural ou natural, para além da sua capacidade de traduzir a identidade da região onde se insere, tem igualmente a potencialidade de criar riqueza, investimento, desenvolvimento e sustentabilidade, desde que promovido, cuidado e projectado.
Ainda não consigo, até hoje, identificar uma melhor representação deste princípio sem ser o maior património que a região tem, que é a Ria de Aveiro: a sua vertente turística e paisagística, o seu ambientalismo e a qualidade de vida, a identidade cultural e histórica das localidades ribeirinhas, o próprio desenvolvimento económico e social.
Acontece porém que, entre burocracias e desprezo político, por mais esforços reconhecidos das autarquias ribeirinhas, da GAMA e da Rota da Luz, a Ria de Aveiro está desinvestida, abandonada, sem uma gestão enquadrada, transformando este património e riqueza incomensurável, num triste destino social, cultural, ambiental e económico: a “morte” lenta.
A falta de uma estratégia comum (dada a diversidade de entidades que a Ria abrange), a sua ausência no plano de turismo nacional, nomeadamente no Programa de Intervenção Turística que deixou a Ria de Aveiro sem qualificação, sem investimento, sem gestão.
É aliás preocupante que o programa turístico nacional defina a Ria de Aveiro e a sua região como pólos turísticos ou uma área estratégica sem relevância.
Esta Ria dá-nos o espaço e o tempo para vivermos muitos momentos de experiências únicas e invulgares.
A sua íntima ligação com o mar criou uma realidade histórica, cultural e social muito própria de gentes ribeirinhas que encontraram na pesca, no sal e no moliço, no comércio, na azulejaria e na cerâmica, numa gastronomia especial e num sistema agrário e rural sustentados nos imensos areais, nas pastagens, no gado e na produção leiteira, a sua verdadeira identidade regional.
E é esta identidade da Região da Ria de Aveiro que merece um melhor olhar. Eventualmente um olhar europeu que quebre esta impaciência e a preocupação da perda de um património capaz de sustentar uma região.
Haja vontades. Haja a coragem de assumir esta riqueza.
Esta Ria de Aveiro é rica em arte, cultura, história, paisagem e potencialidades económicas.
Se quem a envolve não cuidar dela, não a sobrevalorizar, não hão-de ser aqueles que estão longe desta vivência que terão o dever de a estimar e desenvolver.
É urgente amar a Ria. Antes que a Ria “seque” de tanto esperar.
Crónicas dos Arcos
RIA(lidades)!
O País vai parar durante seis meses. Ou pelo menos vai, apesar do Verão (que teima em não aparecer para a festa), hibernar. Com a presidência europeia sob o “leme” nacional, esquecidas no tempo vão ficar as questões da saúde, do ensino, da Ota, dos atropelos à liberdade de expressão e ao exercício do direito de cidadania, a pequena Madeleine, os processos judiciais mais mediáticos, etc. e tal.
Excluindo as eleições intercalares lisboetas, mais as contratações e “descontratações futeboleiras”, vamos passar a viver vários meses “bombardeados” com uma realidade que a maioria dos cidadãos desconhece, é alheia e, eventualmente, repugna: a senhora Europa. A velha renovada e ampliada Europa. Essa realidade que, para nós portugueses, ainda parece um sonho, uma miragem ou um outro mundo.
Mas o facto é que a presidência até ao final do ano pertencerá a Portugal. E contra factos não há argumentos.
E assim sendo, porque não aproveitar essa factualidade para promover o país e as suas regiões? Porque não a região de Aveiro aproveitar esta situação para pressionar, mostrar e promover as suas muitas potencialidades e condições?
O património colectivo, seja ele histórico, cultural ou natural, para além da sua capacidade de traduzir a identidade da região onde se insere, tem igualmente a potencialidade de criar riqueza, investimento, desenvolvimento e sustentabilidade, desde que promovido, cuidado e projectado.
Ainda não consigo, até hoje, identificar uma melhor representação deste princípio sem ser o maior património que a região tem, que é a Ria de Aveiro: a sua vertente turística e paisagística, o seu ambientalismo e a qualidade de vida, a identidade cultural e histórica das localidades ribeirinhas, o próprio desenvolvimento económico e social.
Acontece porém que, entre burocracias e desprezo político, por mais esforços reconhecidos das autarquias ribeirinhas, da GAMA e da Rota da Luz, a Ria de Aveiro está desinvestida, abandonada, sem uma gestão enquadrada, transformando este património e riqueza incomensurável, num triste destino social, cultural, ambiental e económico: a “morte” lenta.
A falta de uma estratégia comum (dada a diversidade de entidades que a Ria abrange), a sua ausência no plano de turismo nacional, nomeadamente no Programa de Intervenção Turística que deixou a Ria de Aveiro sem qualificação, sem investimento, sem gestão.
É aliás preocupante que o programa turístico nacional defina a Ria de Aveiro e a sua região como pólos turísticos ou uma área estratégica sem relevância.
Esta Ria dá-nos o espaço e o tempo para vivermos muitos momentos de experiências únicas e invulgares.
A sua íntima ligação com o mar criou uma realidade histórica, cultural e social muito própria de gentes ribeirinhas que encontraram na pesca, no sal e no moliço, no comércio, na azulejaria e na cerâmica, numa gastronomia especial e num sistema agrário e rural sustentados nos imensos areais, nas pastagens, no gado e na produção leiteira, a sua verdadeira identidade regional.
E é esta identidade da Região da Ria de Aveiro que merece um melhor olhar. Eventualmente um olhar europeu que quebre esta impaciência e a preocupação da perda de um património capaz de sustentar uma região.
Haja vontades. Haja a coragem de assumir esta riqueza.
Esta Ria de Aveiro é rica em arte, cultura, história, paisagem e potencialidades económicas.
Se quem a envolve não cuidar dela, não a sobrevalorizar, não hão-de ser aqueles que estão longe desta vivência que terão o dever de a estimar e desenvolver.
É urgente amar a Ria. Antes que a Ria “seque” de tanto esperar.
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