Olhar uma cidade meia terminada, meia por terminar!
(publicado na edição de hoje - 21.09.2006, do Diário de Aveiro)
Post-its e Retratos
Olhar Aveiro.
Longe dos cifrões dos deficits, do vendido ou não vendido, de pactos partidários mais ou menos justos, Aveiro não pode parar no tempo.
Um tempo passado, não muito distante, mas que teimosamente permanece, no presente, hirto, imóvel.
Teimosamente, também se vai mantendo a velha tradição do “sacudir a água do capote”, responsabilizando-se sempre os mesmos, mantendo o direito intocável de espectadores críticos.
Num período importante para a Região, como é a necessidade de se implementar os PROT (embora a sua percepção esteja muito distante ao comum dos mortais), o exercício do “dever” de cidadania deveria caber a todos. Não só às Câmaras (sejam as passadas, a actual, ou as futuras).
De todos. De todos os sectores que coabitam este Concelho: as câmaras, os cidadãos, o tecido empresarial, intelectual e científico, os serviços.
Todos, através das suas respectivas quotas de responsabilidade.
Só na conjugação de convicções, de vontades expressas é que se conseguirá ter Aveiro como referência do desenvolvimento sustentado e pólo aglutinador de uma região.
É certo que a discussão pública dos planos de ordenamento municipais, tiveram razoável participação. Mas essencialmente, terá sido participação técnica e muito particular.
Os cidadãos e as entidades que fazem “viver” Aveiro não se fizeram ouvir. Pior… não se quiseram fazer ouvir.
Porque, infelizmente, há alguns anos a esta parte, desistiram de lutar por Aveiro. Viraram costas. Desinteressaram-se.
O Associativismo é deficitário. A cidadania é rara e cabe normalmente aos mesmos.
Já não se vive Aveiro por dentro.
E o Concelho tende tornar-se desinteressante. Os cidadãos e as entidades tornam-se demasiadamente passivos. E Aveiro pára no tempo.
Param as freguesias e lugares.
O seu pobre desenvolvimento, a falta de estruturas que cativem e fixem, a falta de investimentos, as más acessibilidades, tornam as zonas não urbanas, despidas, provocando um aumento da aglomeração urbana como alternativa, com graves riscos de rupturas.
Esta é a realidade de Nariz, Requeixo, Horta e Eirol, Mamodeiro, a zona ribeirinha de Esgueira, Taboeira e a zona lagunar de Cacia. Ao longo dos últimos anos, esquecidos no tempo de um futuro melhor que teima em não se concretizar.
E a própria cidade ficou assimétrica. Desordenada por planeamentos desarticulados e não aglutinados.
Já dei conta anteriormente, no Post-its e Retratos denominado Ambientalismos, da lamentável situação caótica do parque da cidade. À parte a nostalgia de muitos anos lá vividos, um espaço que deveria ser um dos ícones da qualidade de vida da malha citadina, já há alguns anos que se tornou num estorvo e num zona repelente.
A juntar à sua envolvente, permanece em início de ruptura o antigo quartel. Imponente, como sempre, dominante naquele espaço, até à sua queda final. Acresce, sem clarificação e futuro a controversa situação do Mário Duarte.
A nova estação nasceu, ergue-se e sustenta uma acessibilidade que deveria ser muito mais explorada.
Mas “abortou” a sua envolvente a nascente.
A antiga zona de exposições e feiras (longe vão os tempos da “Paula Dias”), conhece os seus dias de explosão desordenada do betão.
Mais à frente, na que deverá ser com o tempo, a entrada e saída privilegiadas da cidade, tem já há muitos anos a teimosia de se querer manter agrícola, sem interesse e beleza, sem estruturação que cative a visita à cidade. Resta uma Alameda com acesso à já reconhecida rotunda na variante.
Mas o tempo vai votando à indiferença da transformação zonas como o final do Canal de S. Roque, a antiga Lota, a zona vazia e triste entre o Centro de Congressos e o Fórum Aveiro (na era após lago), a excelente área a nascente do viaduto da Av. 25 de Abril e até à EN 109, terminando na zona envolvente ao Parque de Feiras e Exposições.
Aveiro, apesar de outras obras, parou no tempo.
E parou porque os aveirenses e todo o seu concelho, há algum tempo, também pararam.
Ficaram indiferentes, apáticos, passivos.
E responsabilidades todos temos.
Deixámos de olhar a cidade e o concelho. Há já alguns anos…
Post-its e Retratos
Olhar Aveiro.
Longe dos cifrões dos deficits, do vendido ou não vendido, de pactos partidários mais ou menos justos, Aveiro não pode parar no tempo.
Um tempo passado, não muito distante, mas que teimosamente permanece, no presente, hirto, imóvel.
Teimosamente, também se vai mantendo a velha tradição do “sacudir a água do capote”, responsabilizando-se sempre os mesmos, mantendo o direito intocável de espectadores críticos.
Num período importante para a Região, como é a necessidade de se implementar os PROT (embora a sua percepção esteja muito distante ao comum dos mortais), o exercício do “dever” de cidadania deveria caber a todos. Não só às Câmaras (sejam as passadas, a actual, ou as futuras).
De todos. De todos os sectores que coabitam este Concelho: as câmaras, os cidadãos, o tecido empresarial, intelectual e científico, os serviços.
Todos, através das suas respectivas quotas de responsabilidade.
Só na conjugação de convicções, de vontades expressas é que se conseguirá ter Aveiro como referência do desenvolvimento sustentado e pólo aglutinador de uma região.
É certo que a discussão pública dos planos de ordenamento municipais, tiveram razoável participação. Mas essencialmente, terá sido participação técnica e muito particular.
Os cidadãos e as entidades que fazem “viver” Aveiro não se fizeram ouvir. Pior… não se quiseram fazer ouvir.
Porque, infelizmente, há alguns anos a esta parte, desistiram de lutar por Aveiro. Viraram costas. Desinteressaram-se.
O Associativismo é deficitário. A cidadania é rara e cabe normalmente aos mesmos.
Já não se vive Aveiro por dentro.
E o Concelho tende tornar-se desinteressante. Os cidadãos e as entidades tornam-se demasiadamente passivos. E Aveiro pára no tempo.
Param as freguesias e lugares.
O seu pobre desenvolvimento, a falta de estruturas que cativem e fixem, a falta de investimentos, as más acessibilidades, tornam as zonas não urbanas, despidas, provocando um aumento da aglomeração urbana como alternativa, com graves riscos de rupturas.
Esta é a realidade de Nariz, Requeixo, Horta e Eirol, Mamodeiro, a zona ribeirinha de Esgueira, Taboeira e a zona lagunar de Cacia. Ao longo dos últimos anos, esquecidos no tempo de um futuro melhor que teima em não se concretizar.
E a própria cidade ficou assimétrica. Desordenada por planeamentos desarticulados e não aglutinados.
Já dei conta anteriormente, no Post-its e Retratos denominado Ambientalismos, da lamentável situação caótica do parque da cidade. À parte a nostalgia de muitos anos lá vividos, um espaço que deveria ser um dos ícones da qualidade de vida da malha citadina, já há alguns anos que se tornou num estorvo e num zona repelente.
A juntar à sua envolvente, permanece em início de ruptura o antigo quartel. Imponente, como sempre, dominante naquele espaço, até à sua queda final. Acresce, sem clarificação e futuro a controversa situação do Mário Duarte.
A nova estação nasceu, ergue-se e sustenta uma acessibilidade que deveria ser muito mais explorada.
Mas “abortou” a sua envolvente a nascente.
A antiga zona de exposições e feiras (longe vão os tempos da “Paula Dias”), conhece os seus dias de explosão desordenada do betão.
Mais à frente, na que deverá ser com o tempo, a entrada e saída privilegiadas da cidade, tem já há muitos anos a teimosia de se querer manter agrícola, sem interesse e beleza, sem estruturação que cative a visita à cidade. Resta uma Alameda com acesso à já reconhecida rotunda na variante.
Mas o tempo vai votando à indiferença da transformação zonas como o final do Canal de S. Roque, a antiga Lota, a zona vazia e triste entre o Centro de Congressos e o Fórum Aveiro (na era após lago), a excelente área a nascente do viaduto da Av. 25 de Abril e até à EN 109, terminando na zona envolvente ao Parque de Feiras e Exposições.
Aveiro, apesar de outras obras, parou no tempo.
E parou porque os aveirenses e todo o seu concelho, há algum tempo, também pararam.
Ficaram indiferentes, apáticos, passivos.
E responsabilidades todos temos.
Deixámos de olhar a cidade e o concelho. Há já alguns anos…
1 comentário:
Pois não está fácil. Os cidadãos distanciaram-se das questões que não se prendem com o seu estafado dia-a-dia. Não querem saber da vida pública, do que se passa na casa ao lado, etc.
Delegaram nos políticos e estes não corresponderam às expectativas. Também é certo que o sistema político não ouve os cidadãos e os poucos que vão tentando fazer-se ouvir, acabam por desistir.
Acabamos a ver as pequenas localidades – como é o caso da minha aldeia – estratégica e premeditadamente estranguladas porque economicamente não são interessantes, promovendo-se assim a migração dos mais novos para as zonas urbanas de maior dimensão. Nestas, o afluxo de pessoas, a falta de planeamento e fiscalização, aliados à voracidade dos construtores, possibilita todo o desordenamento que se observa e que o Miguel refere. Ao abandono a que as aldeias periféricas são votadas, contrapõe-se o crescimento desordenado - com todos os problemas enunciados – das cidades.
É a lógica do dinheiro, porque os factores sociais, não são hoje importantes.
Cpts
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