“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

27 julho 2006

Aveiro tem potencial


Publicado na edição de hoje (27.07.2006) do Diário de Aveiro.

Pensar Aveiro V
Potencialidades específicas.


Ao concluir estas cinco reflexões pessoais sobre Aveiro e a sua Região, o último diagnóstico teria obrigatoriamente por reflectir as potencialidades que a região de Aveiro tem para solidificar a sua centralidade e a sua estratégia no desenvolvimento do país.
Tornando-a claramente numa região de referência nacional.
Já foi pensada a cidade. Já foi pensado o seu enquadramento com uma regionalização desenquadrada da realidade do país. Já foi pensada a necessidade de Aveiro e a sua Região marcarem um “peso” político consolidado e forte. Já foi pensada a realidade das suas instituições políticas com maior relevo: GAMA – AMRia e Rota da Luz.
É portanto chegado o momento final de referir a sustentabilidade desta região, como um marco importante para o seu desenvolvimento e para o crescimento nacional: as suas potencialidades e o que ela tem para oferecer.
A geoestratégia da Região de Aveiro tem que ser assumida como uma mais valia. Independentemente de não concordar com o desmedido investimento na ligação de alta velocidade (TGV), parece evidente que a mesma, infelizmente, se vai concretizar.
Assim sendo, obrigatoriamente, Aveiro tem que se intrometer “bairristicamente” numa “guerra” que se limita hoje ao confronto Porto-Lisboa.
É demasiado importante que, face à concretização do projecto governamental, Aveiro assuma e pressione o Palácio de S. Bento no sentido de ver concretizada a ligação em alta velocidade de Aveiro a Salamanca. Não no sentido de se estruturar mais uma ligação a Espanha. Mas porque, face à potencialidade económica do Porto de Aveiro e da futura plataforma logística, esta é uma porta privilegiada e fundamental para a entrada na Europa.
Mais ainda… esta ligação será, do ponto de vista financeiro, uma objectiva sustentação do investimento e do previsível fracasso na rentabilização de toda a estrutura TGV que vai ser criada, pela baixa procura e reduzida utilização.
Por outro lado, o posicionamento geográfico da região aveirense, merece uma melhor dinamização das suas potencialidades e estruturas, valorizando deste modo aspectos económicos e turísticos importantes: o eixo rodoviário IP5 Aveiro – Salamanca; a potenciação do Porto de Aveiro como a terceira referência nacional no sector fluvial; a necessidade de se projectar a revitalização da linha do Vouga entre Espinho e Águeda (e porque não, até Sernada) favorecendo a mobilidade e a acessibilidade inter-municipal e dentro deste vector das movimentações de pessoas e bens, a região tem que canalizar um investimento planeado de infra-estruturas viárias que beneficiem da importância de sermos “atravessados” pelo principal eixo viário nacional que é a A1.
Aveiro tem que fixar no contexto nacional o seu tecido empresarial, através da valorização do seu parque industrial em Águeda, Aveiro, Estarreja, Ílhavo e Oliveira de Azeméis. Valorizá-lo fomentando e consolidando o seu investimento e dinamizando e fomentando novos investidores com projectos inovadores e sustentáveis.
Criando um estreita relação de parceria empresarial e com a capacidade de gestão, investigação e inovação que a Universidade de Aveiro já comprovou ter capacidade para assumir e colocar em prática.
Ganharia Aveiro em termos do seu desenvolvimento Ganharia a Universidade no assumir de uma posição de relevo no ensino superior, na investigação e no desenvolvimento tecnológico.
A par da generalidade do tecido industrial e tecnológico, há a particularidade de dois aspectos fundamentais da economia desta região, terem a capacidade de sustentarem a potencialidade de Aveiro: o Sal, essa actividade ancestral que nos últimos anos tem tido um excesso de produção não rentabilizado, e a Região Vinícola da Bairrada.
Por outro lado, Portugal não tem muitos recursos capazes de motivar investimentos e gerar riqueza. Tem, por essa razão, de procurar rentabilizar e explorar os poucos que poderá dinamizar.
Do mesmo modo, a região de Aveiro “sofre” do mesmo mal.
Assim, para além do seu posicionamento geográfico, das infra-estruturas (existentes ou a criar) de suporte de mobilidade e acessibilidade de pessoas ou bens – ferroviárias, rodoviárias ou fluviais, do seu tecido empresarial e industrial e do relevo da universidade, há a necessidade de Aveiro se afirmar como potência regional através da sua maior riqueza: o Mar e a Serra – a Ria e o Rio – o Moliceiro, os Ovos Moles, o Pão de Ló de Ovar, o Vinho. A sintonia turística perfeita entre o interior (como Vale de Cambra e Sever do Vouga) e o litoral (Vagos – Ílhavo e Ovar).
Aveiro precisa de um esforço acrescido no desenvolvimento turístico desta região rica em recursos naturais, históricos e culturais.
Aveiro tem capacidades e recursos que podem colocá-la como a referência duma região centro do país.
Tem capacidades para reviver a sua importância política de outros tempos e histórias e fazer renascer nomes idos e marcantes.
Tem potencialidades para centralizar esta região no “mapa” do desenvolvimento do país.
Como alguém ao comentar o artigo anterior me dizia: para além das vontades, haja competências.
E responsabilidades de todos nós.

6 comentários:

Al Berto disse...

Viva Miguel:

Bom artigo:
Só peca por não ter referido a Universidade de Aveiro, o seu enquadramento e prestígio regional, nacional e internacional já alcançados.
E o desenvolvimento de parcerias científicas com a sua congére de Salamanca que seria mais uma razão para a ligação Aveiro-Salamanca.

Um abraço,

Terra e Sal disse...

Caríssimo:

Como já fez os trabalhos de casa deste fim-de-semana, que ele lhe seja proveitoso na Praia da Barra que eu da Costa Nova, não gosto.

Depois daquilo que disse, palavras para quê?
O “José Estêvão” não fazia melhor, e se o “ouvisse” aplaudia.
Ele não era com toda a certeza mais bairrista e apelativo.

Até era capaz de se esquecer de mencionar tudo, e você parece-me que enumerou as coisas mais importantes na vida da região.

E depois ele não ia ter “pachola” para andar por aqui a abanar constantemente os “ossos” dos outros.

É que, já teria chegado à conclusão, que a maioria só serve para arrastar as arrobas de carne que trazem em cima.

Mas como eu não sou o José Estêvão apenas achei que destacou pouco a nossa Universidade…

Quando penso, e à primeira vista até nem parece, mas é ali que está o futuro desta região.
Ela é, ou devia ser a principal esperança de todos, e em todos os domínios.

O prestígio nacional e internacional que já tem mercê dos trabalhos desenvolvidos, é o melhor certificado de garantia que nos pode oferecer.

Assim lhe dê o Governo condições de trabalho e a Autarquia todos os apoios necessários.

É que ali, efectivamente há os verdadeiros "ossos", e são eles a força motriz,para arrastar as arrobas de carne que por aí andam.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Ó meu caro "Migas",
Para não gastar muitos caracteres em vão, só lhe queria deixar uma pergunta:
"OK; e acha que o Élio tem unhas para uma tal guitarra?"
Pois é... falar é fácil mas são precisos ovos para fazer omoletas...
Um abraço amigo.

Migas (miguel araújo) disse...

Caros Amigos
José Mostardinha
e
Terra & Sal
Em primeiro lugar obrigado pelas palavras agradáveis ao ego. Mas também não era preciso exagerar.
O que vale é que a modéstia e humildade sempre foram o meu forte.
Senão ia parecer um sapo todo inchado.
O texto, ou melhor os 5 textos, não foram mais que os meus cinco sentidos de ver a região de Aveiro. Não só a nossa bela ciddae, mas toda a Região (Área Metropolitana de Aveiro).
Isto porque acredto que Aveiro tem todas as potencialidades para ser uma GRANDE região. Mesmo grande.
De facto não me referi alongadamente sobre a UA. Não por qualquer antipatia com a instituição (antes pelo contrário), mas porque fui no texto anterior (pensar Aveiro IV) referindo-me a ela. Desde a sua importância como a necessidae do tecido empresarial e cultural estabelecer uma ligação muito forte com toda a capacidade de investigação, gestão e inovação que a mesma já demonstrou ter capacidade de gerar.
Aliás, disso mesmo faço referência neste texto quando digo:
"Aveiro tem que fixar no contexto nacional o seu tecido empresarial, através da valorização do seu parque industrial em Águeda, Aveiro, Estarreja, Ílhavo e Oliveira de Azeméis. Valorizá-lo fomentando e consolidando o seu investimento e dinamizando e fomentando novos investidores com projectos inovadores e sustentáveis.
Criando um estreita relação de parceria empresarial e com a capacidade de gestão, investigação e inovação que a Universidade de Aveiro já comprovou ter capacidade para assumir e colocar em prática.
Ganharia Aveiro em termos do seu desenvolvimento Ganharia a Universidade no assumir de uma posição de relevo no ensino superior, na investigação e no desenvolvimento tecnológico."

Um forte abraço aos dois
E desculpem meter-vos no mesmo saco. Mas é para poupar teclado.

Migas (miguel araújo) disse...

Ao anónimo
O que é que o Dr. Élio tem, isoladamente a haver com isto?!
Do que falei não foi exclusivamente da cidade de aveiro, mas de toda a região. Do papel que pode desempenhar numa futura regionalização. Batalha essa que temos forçosamente que ganhar.
E não só os políticos e os partidos. Tems de ser todos nós.
Neste campo concreto, muito para além de politiquices ou partidarices.
mas se está assim tão preocupado, digo-lhe que esta câmara ou a anterior ou qualquer outra que venha, tem de facto de se empenhar por este projecto.
De outra forma Aveiro ficará arredada para sempre do mapa do desenvolvimento estruturado do país e sempre sob dependência de Coimbra. Para todo o mal, claro.
Cumprimentos e temos de todos aprender a tocar guitarra com as unhas que tivermos.

O A di or disse...

Parabéns pelas palavras!

O Concelho de Aveiro tem tanto para dar e tão pouca gente para o saber receber...!

O ordenamento do território concelhio, associado a um planeamento racional dos recursos que não se cinja ao curto prazo imediato, constitui um dos pilares fundamentais da questão!

Mas, enquanto a iniciativa privada for o motor orientador do desenvolvimento territorial do nosso Concelho, não iremos longe...

Só um dia em que os políticos oiçam os técnicos (competentes e não corruptos) e decidam em função de soluções que possuam sustentação técnica e científica, se poderá respirar de alívio...

Esperemos por melhores ares e melhores dias...