“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

11 julho 2006

Apanhar as canas!

Inicia-se o processo de "arrefecimento" colectivo da euforia mundialista, na qual tive a opção consciente de me incluir.
O percurso da selecção nacional foi brilhante. Foi notório o esforço demonstrado para ir o mais longe possível e, convictamente, não o fomos porque não pudemos e houve quem não nos deixasse.
A capacidade de motivar um país (ou quase, porque há sempre os "velhos do restelo"), de criar uma esperança (que muitos quiseram transformar em mera ilusão), fez muitos dos adeptos, mais ou menos ferverosos, proferirem publicamente o seu obrigado à selecção portuguesa de futebol. Eu incluído.
Mas e agora?! Na altura de apanhar as canas, como nos sentimos?!
Depois de ouvir, atentamente, as notícias publicadas hoje e após ler os "ilustres companheiros" Carlos Martins, Praça do Peixe, José Mostardinha, Amor e Ócio, nada faria prever que a decepção fosse uma realidade, por me sentir enganado na minha convicação e dedicação.
Aproveitando a giria futebolística: foi um autêntico balde de água fria.
Compreende o senso comum de qualquer normal e anónimo cidadão que a presença e o envergar a camisola da selecção nacional seria, por si só, motivo de um orgulho e honra indescritível. Aliás essa é uma referência usual no discurso (por estes motivos, cada vez menos credível) dos jogadores seleccionados.
Que existam contrapartidas financeiras por tal presença, que, em inúmeros casos, só esse simples facto valoriza a carreira profissional de um atleta, é por si só polémico, embora, do meu ponto de vista, aceitável.
Mas o baile pára aqui.
É aceitável dentro de valores realistas e consistentes com a realidade do país.
Mais do que isso é "crime"!
Isentar esses valores (altíssimos) de uma contribuição que ao mais humilde dos trabalhadores deste país, que com o suor e esforço do dia-a-dia contribuem igualmente para o desenvolvimento colectivo nacional, é-lhe obrigatoriamente devido, é de uma profunda incoerência, injustiça, irracionalidade política e social. É um previlégio que, independetemente do mérito conquistado para o país (por isso já pago), não tem qualquer fundamenteo.
Nem mesmo legal...
Porque não é de todo verdade que a legislação a isso o permita. Porque a fundamentação legal para tal facto resulta na isenção fiscal para atletas não amadores.
E mesmo aqui, são maiores as dúvidas morais que se colocam, do que as certezas.
E apesar das notícias vindas a público, como na Visão On-line, ver para crer.
Mas o país voltou à realidade terrena.

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